Santa Cruz do Sul

Levantamento da Prefeitura mostra ruas do Bairro Belvedere com risco elevado; veja

No início de maio, moradores dos bairros Belvedere e Margarida precisaram deixar suas casas em meio ao risco de colapso. A Defesa Civil ordenou a desocupação na área de desabamentos e deslizamentos de terra, afetando 751 imóveis. Passados 21 dias, parte deles voltou para suas moradias. No entanto, conforme o secretário municipal de Segurança, José Joaquim Dias Barbosa, o retorno não é recomendado. Isso porque, no momento, não é possível garantir a segurança no local. “Se o morador acha que está seguro, retorne, mas não é a nossa recomendação”, enfatizou em entrevista ao jornalista Ronaldo Falkenbach, na Rádio Gazeta FM 107,9.

Técnicos da pasta trabalham na elaboração de um estudo para avaliar os danos e verificar quais áreas estão comprometidas. Também estão em busca de orientações com um especialista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e com entidades internacionais, por videoconferência. Os imóveis das áreas de risco estão sendo vistoriados pela Defesa Civil. Um levantamento da Prefeitura mostra que, no Bairro Belvedere, as ruas João Werlang e José Edvino Giehl apresentam risco elevado. Na Antônio Assmann, na Carlos Kolberg e parte da Rua 1, o risco é moderado. Já na Lindolfo Grawunder e nas travessas Um, Dois e Três, é baixo.

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Barbosa afirmou que entende o anseio dos moradores em querer uma solução rápida. No entanto, o levantamento levará um tempo e ainda não há previsão de quando será concluído. “Os estudos não são simples. A equipe de engenheiros tem receio de fornecer dados sem um estudo completo para garantir que a área é segura. Não tem como dizer agora”, reforçou.

Diante da chuva registrada nessa quinta, foi emitido um alerta de risco de novos deslizamentos e cheias. Por isso, a Defesa Civil reforça à população que aguarde para retornar aos lares e também que o número de imóveis afetados pode aumentar, com possibilidade de ocorrências nos bairros Senai e Faxinal Menino Deus.

Levantamento da Defesa Civil mostra pontos de deslizamento no Belvedere e Margarida

Suspensão de intervenções

Enquanto os estudos nos bairros Belvedere e Margarida não são concluídos, os geólogos defendem a suspensão de novos loteamentos e intervenções nas áreas suscetíveis a movimento de massa e alagamentos. A tese também é sustentada pelo secretário de Segurança. “Creio que todas as demarcações que estão sendo levantadas deveriam ser suspensas. Até porque se trata de um investimento alto. O ideal seria aguardar até sair a conclusão do estudo”, enfatiza José Joaquim Dias Barbosa.

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O geólogo Enoir Greiner afirma que o solo é frágil e não é recomendado para ocupação com habitações. Com a chuva, ele fica vulnerável à infiltração de água. Reforça a necessidade de mapear os pontos mais críticos e retirar os moradores. “Não é recomendável a volta das pessoas para as suas residências sem esse mapeamento de risco. Não deveriam estar morando lá.” Já o geólogo da Secretaria de Obras, Edgar do Amaral Santos, sustenta que, do ponto de vista geológico, as encostas íngremes não devem ser ocupadas, visto que podem apresentar riscos de movimentos de massa.

José Wenzel defendeu que o poder público atue de maneira conjunta com os proprietários, de forma transparente, para que eles estejam conscientes da situação. Reforçou que é uma área de risco e a vida das pessoas deve ser a prioridade. “Não pode ser uma decisão unilateral. Seria desrespeitoso não pensar nas pessoas que moram lá, que trabalharam a vida inteira para ter sua moradia.”

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Sem medo de voltar

Parte dos moradores começou a retornar às suas residências. A bancária aposentada Maria Madalena Haeser, de 71 anos, está há pelo menos três semanas na casa da filha, no Bairro Verena. As enxurradas provocaram um deslizamento no barranco atrás de sua moradia, localizada na Rua José Edvino Giehl, no Bairro Margarida. No entanto, não chegou a afetar o imóvel. Maria não esconde a angústia de estar longe do lar. “A cabeça está a mil. Não tenho medo, só quero autorização para voltar à minha casa”, afirmou.

Já Mirdes Tomazi, 56 anos, retornou três dias após a orientação da Defesa Civil. A estrutura da sua moradia – um conjunto de casas geminadas situado na Rua João Werlang, no Bairro Belvedere – não apresentou danos. No entanto, o quintal nos fundos da propriedade foi desnivelado e os muros desabaram cerca de duas semanas após racharem. Uma vez que no interior do imóvel não havia problemas, resolveu permanecer ali. “Se tivesse perigo, teria rachado as paredes. Por isso não estou com medo”, afirma a técnica em enfermagem aposentada. 

Na mesma rua está o Mercado e Açougue Gassen. Conforme o proprietário, Edo Miguel Gassen, a saída dos moradores prejudicou o movimento. Além disso, os caminhões não podem entregar produtos no estabelecimento, que existe há quatro anos. “A preocupação é que se continuarmos perdendo clientes, vamos ter que arrumar outro local.”

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Maria Haeser: três semanas fora de casa
Gassen: impactos da saída de moradores

Saiba mais

Segundo a Defesa Civil, das 2.406 unidades habitacionais atingidas diretamente ou indiretamente em Santa Cruz, 751 (31%) correm risco de deslizamento. A maioria, 466 (62%), está no Bairro Margarida e 153 (20,4%) no Belvedere. Há ainda 111 imóveis afetados no Centro (14,8%). As demais ocorrências foram registradas no Higienópolis (18), Country (2) e João Alves (1).

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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Julian Kober

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