A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou sua tradicional pesquisa sobre a qualidade das rodovias brasileiras, levando em consideração a pavimentação, a sinalização e a geometria. O levantamento indica que 67,5% das vias nacionais estão com conceito regular, ruim ou péssimo. No Vale do Rio Pardo, apenas a RSC-287, que é concedida à Rota de Santa Maria, é considerada boa.
O conceito “péssimo” é visto em dois dos critérios de avaliação: pavimento da RSC-471 e geometria da RSC-481. Um dos grandes problemas viários da região, a RSC-153 teve também na geometria a principal dificuldade. Duas das seis vias verificadas no Vale, a RSC-453, que liga Venâncio Aires a Lajeado, e a BR-290, que está em processo de duplicação em Pantano Grande, foram apontadas como regulares em todos quesitos.
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Sobre a 287, a Rota de Santa Maria, por meio de nota, ressalta que as condições climáticas dos últimos meses, influenciadas pelo fenômeno El Niño, têm provocado chuvas muito acima da média na região. “Essas condições adversas têm gerado impactos expressivos na rodovia, pois por um lado contribuem para a deterioração do asfalto, e de outro lado prejudicam o avanço das obras de recuperação de pavimento em campo, obrigando a adoção de soluções emergenciais pela concessionária, mas que infelizmente não resolvem os problemas de maneira definitiva”, frisa.
A Rota acrescenta que assumiu contrato com cronograma de obrigações a serem atendidas, como a recuperação do pavimento, que ocorrerá gradativamente até o prazo máximo de 2026. “Lembrando que essa rodovia, durante décadas, recebeu investimentos insuficientes para uma manutenção adequada, gerando prejuízos aos usuários e à economia regional. Nos primeiros dois anos de concessão, a Rota de Santa Maria destinou mais de R$ 350 milhões para a rodovia. Certamente o maior nível de investimento de sua história”, afirma.
A fase de recuperação está em andamento e continuará até o quinto ano da concessão (agosto/2026). “Reconhecemos que o trecho de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz ainda não atende ao padrão ideal e que por ora é objeto de problemas pontuais onde, em breve, serão realizadas obras de recuperação do pavimento com o objetivo de entregar boas condições de trafegabilidade e atendendo os parâmetros de qualidade do contrato de concessão”, reforça, citando o trecho que teve problemas apontados pela CNT. O Daer foi contatado, mas não respondeu às questões da Gazeta do Sul.
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A rodovia em condições ruins representa, além do risco com segurança, o aumento dos custos operacionais daqueles que trabalham com logística e transporte. No Rio Grande do Sul esse reflexo é ainda maior, haja vista que 90% das riquezas do Estado são transportados por meio das rodovias. Vice-presidente de transportes do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Diego Tomasi frisa que a condição da malha viária é determinante para o custo logístico. “Tem impacto na formação dos preços dos fretes, porque o transportador avalia a distância e as condições da rodovia para o cálculo”, explica. Tomasi reforça que o custo é maior em rodovias simples e com más condições. “Se é duplicada ou está em bom estado, não tem elevação, porque não há surpresas, como estourar pneus”, exemplifica.
Como ponto positivo, no Rio Grande do Sul, Tomasi cita projetos de duplicação como das BRs 386 e 116, além da malha da Região Metropolitana, que é bem estruturada; e a Free Way e a 101, que levam a Santa Catarina. Sobre os demais estados, observa que os vizinhos da região Sul estão melhores do que os gaúchos, mas ainda bem abaixo de outros, como São Paulo. “Lá, praticamente, todas as vias são duplicadas, o que diminui o custo logístico. Serve de lição para o Rio Grande, mostrando que o investimento é maior na hora de fazer, mas depois o custo é menor”, enaltece.
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O empreendedor acrescenta que o setor entende que, para o Brasil, o melhor modelo é o de concessão à iniciativa privada, com a instalação de pedágios. “Mesmo com o custo do pedágio, hoje, é melhor pagar do que ter rodovia sem segurança nenhuma, com buracos e altos índices de acidentes, mas os preços têm de ser justos.”
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