Lidar com letras e sons traz um conforto espiritual muito profundo à alma humana. É o que experimento nas leituras e escritos diários e nas músicas e cantos também rotineiramente presentes nesta fase da vida que busco levar de forma mais leve, como sugere a voz da experiência e da maturidade. Na recente edição do Projeto “Autor Presente” no Colégio Monte Alverne, com o professor e escritor Sergius Gonzaga, os alunos lembraram de belas palavras e ensinamentos do nosso grande escritor gaúcho Erico Verissimo, em uma de suas obras-primas – “Olhai Os Lírios do Campo”, o primeiro grande sucesso do autor, abordado por Sergius em livro. Entre tantas mensagens de forte sentido, repercute fundo uma que faz alusão ao próprio título: “…quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiverem deixando cegos, saibamos fazer pausa para olhar os lírios do campo e as aves do céu”.
No encontro de corais realizado há poucos dias em Vera Cruz, voltei a ouvir extasiado uma das músicas mais emocionantes que já assisti em tais eventos: “A vida é assim”, de Maximiliano Ledesma, com arranjo do consagrado Carmo Gregory, e interpretada de forma magnífica por Marco Machado, não por acaso alguém que lida com o limite da vida como gerente hospitalar em Vale do Sol e que está de retorno ao Coral Municipal vera-cruzense, do qual fazem parte inclusive ex-prefeitos (Heitor Petry, fundador, e o atual Gilson Becker, que conseguiu neste ano a façanha de ser candidato único no município, o que diz muito).
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A canção já começa linda na letra: “A vida é assim – Como ela vem, se vai – O que plantas por aqui – Amanhã tua alma colherá”, no refrão, e segue nos versos: “A vida é aqui, breve até demais – O tempo de existir só Deus é que saberá – A vida é uma só (Eis o título de livro de outro ex-prefeito vera-cruzense, Guido Hoff), um corpo, uma alma, um sol – Um universo em ti e um frágil coração. A vida é assim, talvez já foi melhor – Se tem razão para sorrir, agradece sempre a Deus – A vida é em mim, tão mágica e fugaz – Mais frágil que um cristal, mais valiosa que a liberdade”. Precisa dizer algo mais? Acrescente-se apenas o som para ficar sublime.
No mesmo encontro, o Coro Masculino da Afubra também emocionou com belo trabalho, gravado em audiovisual (disponível no YouTube), com a música do compositor e cantor gaúcho Wilson Paim, em arranjo para coral do regente Gustavo Sehnem (que, aliás, tem se revelado também um excelente e versátil intérprete). A canção “Súplica a Deus ao Povo Gaúcho” foi feita por ocasião da tragédia recente das cheias no Estado, representa uma prece cantada com um humilde e respeitoso apelo ao Deus Todo Poderoso e Amoroso para a cessação das chuvas arrasadoras, e no evento teve a magistral interpretação do jovem coralista Tuenzo.
Também o Coral da Afubra, misto, que integro, está preparando vídeo com outra música de lindas mensagens – “Mãos”, de autoria do grupo Chão de Areia, do nosso litoral, com belo arranjo do nosso Gustavo, que traduz o infinito significado que podem ter as mãos, desde afagar a terra até guiar alguém pelo caminho mais seguro. Por pré-exibições já feitas, promete emocionar muito.
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O mesmo tem feito muitas canções alemãs, lembradas neste ano do bicentenário da imigração germânica no Estado e de 175 anos desta saga na região. Cito apenas uma – “Num Ade, mein liebe Heimatland” (Adeus à minha querida pátria), referida em meu recente livro Peter & Lis, e sobre a qual pode ser ouvida no YouTube a boa produção musical do Grupo de Canto e Orquestra da Comunidade Evangélica de Venâncio Aires (Oceva, com direção de Daniel Behm). Assim há muito a ouvir, captar e semear, para tornar melhor a vida “tão mágica e fugaz”, pois certamente “tua alma colherá”.
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