A escrita sempre foi uma atração irresistível para mim, uma verdadeira paixão. Desde as primeiras aulas de caligrafia, recebidas na Escola Luterana de São Paulo, em Arroio do Meio, onde nasci. Ao contrário de muitos colegas, eu gostava de repetir à exaustão os rabiscos de palavras cujo significado desconhecia. E que pacientemente a dona Dorotéa Suhre explicava o significado.

Com o passar dos anos, tomei gosto pela redação, talvez consequência da arte de caprichar na escrita. Mais tarde, no Colégio São Miguel, administrado por freiras, venci diversos concursos. Preciso admitir que já naquela época eu lia poucas obras literárias. Essa é uma falha da qual me penitencio e que faz muita falta no cotidiano de escrever.

O tempo passou, a “juventude” se foi, a velhice e os cabelos ralos e grisalhos chegaram e continuo sendo um péssimo leitor. Aos livros prefiro jornais, revistas e noticiários de televisão, mas principalmente de rádio.

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Os gênios da escrita têm um dom incrível. Muitos aperfeiçoam esse talento natural através de exercícios realizados com critério e disciplina. Isso é agregado a ótimas leituras e autocrítica ferrenha, arma de grande potencial de eficácia, devo reconhecer.

Já outros, metidos a cronistas – como este que vos digita –, escrevem à exaustão e como tudo, com o passar do tempo, conseguem lograr êxito em alguns avanços. Mesmo que seja apenas um pouco, o hábito frequente de escrever permite evitar erros, apesar dos vícios que podem ser facilmente detectados mediante uma leitura mais apurada.

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Na “escrita”, tenho alguns ídolos, todos jornalistas. Uns poucos tive o privilégio de ter como colegas de redação. É o caso do meu guru: Nilson Cézar Mariano. É um jornalista de grande humildade, embora multipremiado, aposentado das redações, mas emprestando seu talento em outras áreas. O talento dele é tão incrível e único que basta seu texto ler em voz alta para imaginar com exatidão as características dos personagens, do ambiente ou do episódio.

Hoje em dia é cada vez mais difícil admirar um profissional de imprensa. A paixão por políticos, partidos e ideologias ofuscou grande parte de colegas que foram meus ídolos por décadas. Eram figuras inspiradoras, mas esqueceram dos compromissos básicos para a função: isenção e imparcialidade, exigências dispensáveis apenas a colunistas e comentaristas. Estes, sim, são remunerados para realizar análises e ter posicionamentos, ao contrário de apresentadores e repórteres que devem apresentar os fatos mostrando ponto e contraponto para que o público faça o julgamento. Atualmente proliferam opiniões tendenciosas, sobram absurdos e carecemos de ética, coerência e respeito com leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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