O sonho de ter asfalto na frente de casa tem sido alimentado pelos moradores e usuários da ERS-410, entre Candelária e Bexiga – Rio Pardo, há mais de 30 anos. Agora, novos entraves adiam mais uma vez a concretização do projeto que contemplará cerca de 400 famílias, além da comunidade e motoristas que trafegam pela região, principalmente realizando o escoamento da produção. Dos 19 quilômetros a serem pavimentados, apenas em um trecho de cinco quilômetros foram iniciados os trabalhos com demarcação e terraplanagem. No entanto, nem nessa parte os serviços têm evoluído.
Conforme relatos de usuários, o ritmo das intervenções no local diminuiu após 12 de março, quando máquinas e caminhões de uma prestadora terceirizada pela RGS Engenharia, de Vera Cruz, vencedora da licitação, encerraram as atividades no local. A empresa de terraplanagem Schiefelbein, de Agudo, não estaria recebendo pagamentos pelo serviço.
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Comerciante na localidade de Pinheiro, Vera Fagundes, 49 anos, lamenta a situação e destaca as dificuldades enfrentadas. “Moro há dois anos aqui e meu carro está destruído. Os prejuízos são enormes. Em dias de chuva, a estrada vira um atoleiro, caminhões, ônibus escolares e carros ficam trancados, precisam ser rebocados”, conta.

A moradora destaca a importância da rodovia que, segundo ela, é muito utilizada e seria ainda mais se estivesse em condições. “É uma estrada crucial para o escoamento da produção. Aqui é uma região de grande produção de soja, então precisaria ao menos ter uma manutenção, mas nem isso é feito. Estamos totalmente esquecidos pelo Daer aqui.”
Vera integra um grupo de moradores lindeiros da ERS-410, criado há cerca de dois anos, no qual são discutidos fatos que acontecem quase diariamente. “Na época da enchente foi o período que mais se notou a importância desse trecho, pois as rodovias da região estavam bloqueadas. Todo mundo que precisava ir a Cachoeira, Rio Pardo, entre outras cidades, passavam por aqui.”
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O trecho inicial da ERS-410, com oito quilômetros de asfalto, também é alvo de queixas. A vegetação nas margens invade a pista, cuja sinalização também já não está mais visível na maior parte do caminho. O asfalto também já está se deteriorando e dá sinais de que precisa de reparos.
Motorista usa rota alternativa para escapar dos buracos
O caminhoneiro Jairo Airton Steil, 66 anos, morador de Rincão do Taquaruçu, em Candelária, diariamente vai de sua casa até Cachoeira do Sul e retorna a Candelária, onde entrega a carga de grãos em uma cooperativa.
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O trajeto que percorre pelas RSC-287 aumenta a distância em mais de 25 quilômetros, já que precisa optar pela rota alternativa em virtude do estado da ERS-410. Dos 28 quilômetros, 19 são de chão batido e estão cheios de buracos e pedras, colocando em risco a segurança e a integridade do veículo.
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“Se furar ou estragar um pneu terei um prejuízo de uma semana de trabalho, posso contabilizar uma perda de praticamente R$ 3 mil. É impossível passar por dentro, é um trajeto muito ruim pela 410, por isso me obrigo a fazer toda a volta”, afirma. Jairo, que é morador lindeiro da ERS-410, ainda conta que para se deslocar pelos 13 quilômetros, de sua casa até Capão do Valo, na RS-403, leva cerca de uma hora.
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Deputados cobram providências do Estado
Procurado pela Gazeta do Sul, desde segunda-feira, 31 de março, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) não havia retornado até o fechamento desta edição. Segundo a assessoria de imprensa, o assunto precisaria de informações do diretor-geral, Luciano Faustino, que não conseguiu dar atenção ao caso por conta de agendas externas. A empresa RGS, de Vera Cruz, executora da obra, foi contatada na tarde de dessa quinta-feira, 3, e também não retornou.

Conforme a assessoria do deputado estadual Adolfo Brito, no início da segunda quinzena de março, em reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, o parlamentar sobradinhense teria sido informado de que obras rodoviárias que demandam aporte de recursos estariam com o ritmo reduzido. Mesmo tendo disponibilidade, o Estado não consegue efetuar os pagamentos devido ao teto de gastos.
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“O secretário Artur Lemos declarou que estão sendo feitas tratativas junto ao governo federal, que, segundo ele, alterou a interpretação da legislação, dificultando a flexibilização do uso dos recursos adicionais do orçamento de 2024. O secretário espera que, nos próximos dias, haja um entendimento com o governo federal para a retomada das obras, pois as empresas estão enfrentando dificuldades para cumprir os contratos”, informa a nota publicada pelo deputado.
Já o deputado Elton Weber se reuniu com Luciano Faustino no dia 13 de março e solicitou explicações. Segundo ele, Faustino teria informado que será estudada a possibilidade de utilizar recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) – fundo público especial de natureza orçamentária, financeira e contábil, que é composto principalmente pelas parcelas e juros da dívida do Rio Grande do Sul com a União.
Relembre
Em 16 de setembro do ano passado, uma solenidade com representantes do governo estadual, entre eles o vice-governador, Gabriel Souza, marcou o início da obra. A expectativa era de conclusão em até dois anos, ou seja, até setembro de 2026. Na ocasião, quando foi assinado o contrato com a empresa RGS, Souza garantiu que a verba, na casa dos R$ 60 milhões, estava reservada. Até o fim do ano, seriam destinados R$ 1 milhão por mês para o asfaltamento; e a partir deste ano, R$ 2 milhões por mês.
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