Cultura e Lazer

Lélia Almeida lança obra de crônicas “A consulente sou eu”

Consulente, por definição consagrada, é aquela pessoa que consulta, que pede um conselho, que vai em busca de resposta para alguma inquietação pessoal ou existencial. No Tarô, é quem se dirige à cartomante, a qual, diante da pergunta ou da dúvida formulada, consultará as cartas a fim de, nelas, identificar alguma sinalização de retorno para o questionamento feito.

E é estabelecendo um intertexto com o universo do Tarô que a professora de Literatura e escritora Lélia Almeida elaborou as crônicas que conformam seu novo livro. A consulente sou eu sai pela editora carioca Confraria do Vento, em 184 páginas, a R$ 51,00.

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Lélia é, ela própria, em paralelo à condição de mestre de gerações de alunos em salas de aula de graduação e pós-graduação e de romancista premiada, uma cartomante. Como revela nas crônicas, essa experiência única, de acolher e receber pessoas conhecidas para, a seu pedido, consultar as cartas do Tarô, estabelece vínculo num grau único.

Afinal, o que as consulentes buscam, ao recorrer à cartomante, são algumas informações que permitam iluminar o futuro, a tomada de decisão, nas mais diversas questões pessoais, familiares, sentimentais ou existenciais.

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Mas e se, como sugere o próprio título, de repente a consulente for a própria cartomante? Afinal, em sua condição humana, ela deseja e busca as mesmas respostas, os mesmos indícios ou indicativos que todos os demais procuram e perseguem.

E, nesse momento, a literatura, o exercício da crônica, de certo modo torna-se também um jogo de cartas que a escritora joga consigo mesma. É na escrita, terreno por excelência no qual Lélia se movimenta com desenvoltura e ternura há décadas, que ela busca elementos para compreender o mundo, o seu mundo. A cada livro, uma nova consulta ao seu íntimo.

As respostas ou indicações que recebe ou encontra, como ocorre na arte, ela compartilha com seus leitores, que assim podem refletir sobre suas próprias indagações existenciais.

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A romancista premiada que lecionou em Santa Cruz

Nascida em Santa Maria, em 1962, Lélia Couto Almeida é professora, escritora e tradutora. Mestre em Literatura Brasileira pela Ufrgs, com dissertação sobre a presença feminina em O tempo e o vento, a obra-prima de Erico Verissimo, fez doutorado em Literatura da América Latina, na Argentina. Ela lecionou em Santa Cruz do Sul por mais de uma década, entre o final dos anos 80 e a chegada aos anos 2000.

Também, na mesma época em que iniciava a sua caminhada no ensino, estreou na literatura com a novela Antônia, em 1987. A este título seguiram-se os romances Senhora Sant’Ana (uma alusão à fronteira, ou a Santana do Livramento, onde também morou), de 1995, e Querido Artur, de 1999, publicadas na época em que residia em Santa Cruz.

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Em simultâneo lançou volumes de crônicas e ensaios, até chegar a 2013, quando lançou O amante alemão, agraciado com o Prêmio Açorianos de Melhor Livro de Narrativa de Ficção daquele ano.
Mais recentemente, tem publicado pela Confraria do Vento, do Rio de Janeiro, mesma editora de A consulente sou eu. Pela casa editorial carioca já lançou Este outro mundo que esquecemos todos os dias, na coleção Os Contemporâneos, a mesma de seu novo livro.

Saiba mais:

A consulente sou eu, de Lélia Almeida. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2021.
184 p., R$ 51,00

“Sobre o pano preto bordado com flores delicadas, que era um velho xale espanhol da minha avó, na verdade, escuto as consulentes e ouço as suas histórias. Algumas conheço de toda a vida. Acompanho seus primeiros namoros, seus casamentos, suas primeiras e outras gravidezes, os filhos que não vingaram, os abortos, as dolorosas separações, o vestibular, a formatura, vejo-as transformarem-se em mulheres maravilhosas, umas falam dos netos, das saudades de si, do tempo, da maturidade, da perda dos pais, dos grandes amores, suas doenças e curas e seus rituais de passagem pela vida. Ouço-as. Rimos, choramos, extasiamo-nos com grandes insights. Algumas trazem os filhos pequenos e amamentam durante a consulta, outras trazem os maridos, fotos de quem querem saber e perguntar. Ouço-as. As cartas espalhadas sobre a mesa são um pretexto para a criação deste espaço mágico de escuta”.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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