Neusa Maria Elias Henn, de 78 anos, é professora aposentada. Viúva há cerca de três anos, mora com a filha e o genro e mantém uma rotina bem mais tranquila do que em outros tempos. Não abre mão, porém, de um hábito que já dura 66 anos. Ela lê diariamente todas as páginas da Gazeta do Sul, um jornal que, pela idade idêntica, chama de irmão.
A assinatura foi feita pelo pai dela, em 4 de março de 1966. “Era o meio de comunicação, a forma que as pessoas tinham de saber o que estava acontecendo, além do rádio”, recorda. Dona Neusa lembra de uma situação triste na família, pouco tempo depois de passarem a receber o jornal. “Infelizmente, meses depois, com 17 anos, meu irmão faleceu. Tivemos que nos servir da Gazeta para comunicar o falecimento dele.”
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Com muita gente com baixo poder aquisitivo, os jornais faziam parte das famílias de quem tinha um pouco mais de recursos. Isso não quer dizer que os demais ficavam sem ler. Dona Neusa conta que, após o assinante ficar informado, havia uma fila de vizinhos que pegaria o exemplar. Depois de passar por toda a rua, voltava para a casa e era guardado como documento histórico. “Era colecionado. Daqui a um tempo, se alguém precisasse saber de uma notícia, era só folhear a Gazeta e sabíamos direitinho o que tinha acontecido na época”, diz.
Com essa peculiaridade de contador de histórias, o veículo de comunicação faz a assinante lembrar da primeira edição da Festa Nacional do Fumo (Fenaf), recordando das meninas que foram candidatas e eleitas como soberanas. A Fenaf deu início à realização de grandes festividades, o que resultou na criação e no crescimento da Oktoberfest.
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A relação com a Gazeta do Sul, que antes chegava à coleção, hoje é de companheirismo diário. Ainda na cama, ela recebe o exemplar para que possa ficar atualizada. “Já fico sabendo das novidades e conto para minha filha, que sai cedinho de casa sabendo das novidades da Gazeta. O primeiro é ler o Ike”, admite.
Mas não para por aí. Passa por todas as editorias, porque confia no que é publicado pela equipe de reportagens do jornal. “É um jornal fidedigno. As notícias que a Gazeta nos transmite são histórias verdadeiras”, acrescenta. E isso faz com que tenha o veículo como um parceiro, especialmente em momentos mais complicados como, diz, foi o período do governo militar no Brasil, entre 1964 e 1985. “Quem passou a ditadura sabe que foi uma época difícil, e a Gazeta sempre transmitindo tudo. Ficávamos por dentro pela Gazeta”, acrescenta.
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Dona Neusa lamenta o excesso de violência na sociedade. Entre as notícias que gostaria de ver estampadas no jornal, cita a necessidade da redução da violência. “Fico estarrecida com o mundo violento que está ao nosso redor e ninguém faz nada. Não entrando na área política, mas com tantos planos que fazem, nenhum a gente vê ser realizado. Isso me dói bastante”, considera.
Como gostaria de ver noticiado o fim da violência, também tem esperança de ver publicada uma matéria que evidencie o fim do racismo. “Gostaria de ver publicada a diminuição da violência, da pobreza, do fato de que crianças passam fome. Como fui professora, tenho na alma o sentimento profundo por crianças. Quando vejo uma criança na rua, passando dificuldade, isso me dói”, lamenta Neusa Maria Henn.
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A Gazeta do Sul chega aos 78 anos e faz parte da história de muitas famílias da região. Assim como novas assinaturas são feitas diariamente, outras tantas estão no cadastro da empresa há décadas. Em alguns casos, elas passam de geração em geração, sempre com a responsabilidade de manter informados os avós, os filhos e também os netos.
Um dos exemplos é a assinatura de Pietra Salminger, de 60 anos. O avô dela, Reinaldo Kuentzer, foi um dos primeiros a receber o jornal em casa. Com o tempo, Francisco Salminger, filho de Reinaldo, assumiu e foi o titular até 1995, quando faleceu. A filha dele, neta de Reinaldo, deu continuidade. “É um jornal completo, que aborda assuntos locais, regionais, estaduais, nacionais e até internacionais”, destaca Pietra.
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Conta que lembra, entre as matérias publicadas, da divulgação da eleição do presidente Fernando Collor de Mello, em 1989. “Foi a primeira vez que votei para presidente da República”, justifica. Atualmente, mantém uma rotina com a Gazeta do Sul. Costuma ler diariamente, por volta das 6 horas, demonstrando interesse pelas matérias mais diversas. Destaca uma em especial, por ser torcedora do Galo. Lembra com carinho da publicação do acesso do Futebol Clube Santa Cruz, em 1983, para a divisão especial do futebol gaúcho.
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