Por ocasião do 3º Congresso Estadual das Academias de Letras, realizado em novembro de 2022, tivemos a oportunidade de conhecer a “Porta Alta” do prédio que abriga a Academia Passo-Fundense de Letras. Porta aberta, referencial de exitosos eventos literários.
Todavia, confreiras e confrades, quantos acontecimentos neste entremeio… Dois anos que parecem não ter fim, tal a magnitude dos eventos intercorrentes. E não estamos falando apenas da catástrofe climática de maio, que abalou tragicamente nosso Estado. Também expressões, conceitos e paradigmas submergiram nas águas das instabilidades.
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Termos, até há pouco quase ignorados, se fazem emergentes, a exemplo de resiliência, regeneração, retomada e reconstrução; conceitos basilares se liquefazem frente à fluidez das modelagens, da imprevisibilidade e da pós-verdade; metodologias consagradas já não se sustentam em seus pedestais. Os acontecimentos extremos, emoldurados pelo pórtico do “novo normal”, abalam nossa capacidade resolutiva. Até os rios voadores carregam fuligem, ao tempo em que mísseis disseminam crueldades. Além do que, evidencia-se que nosso alfabeto tem mais letras do que apenas o “x.”
Leitoras (es) e escritoras (es), o conjunto das dissonâncias busca síntese no maior dos desencontros: não é a natureza que está nos instabilizando; somos nós, incautos humanos, que seguimos instigando desastres ainda maiores e mais frequentes. Se o registro dos acontecimentos se faz em novos termos, concepções e proposições, há uma mudança maior a ser impulsionada: a aproximação dialogada com a natureza. A par da mobilização colaborativa, sinais, em profética linguagem, apontam para além da “Inteligência artificial” e das receitas distanciadas da natureza.
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Eis um dos acertos na escolha da temática do 4º Congresso Estadual das Academias de Letras, de Santa Cruz do Sul, em promoção conjunta com a Academia Rio-Grandense de Letras: “Construindo Memórias e Aproximando Distâncias.”
Que as memórias, as recentemente experienciadas, aliadas às das trajetórias literárias das Academias, nos impulsionem proativamente; que as aproximações aconteçam entre nós e por nós enquanto humanos conviventes com a natureza, da qual não apenas fazemos parte, mas nela nos essencializamos multilateralmente, até porque natureza não é recurso, mas fluxo coexistencial.
Assim, ao invés de conjugarmos o verbo intervir, possamos exercitar a cooperação ampliada. Como diz o confrade Rossyr Berny: …salva-nos o milagre da solidariedade.” (Arco-íris noturno: rios e florestas respiram por aparelhos. POA: Alcance, 2024, p.65)
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Acadêmicas(os) de todas as Academias e Movimentos Literários, atuais e futuras (os) escritoras(es) e leitoras(es), adensa-se a aproximação ressignificadora que as letras podem mobilizar. Sim, mudamos nestes dois anos, como mudamos ao longo da História.
Todavia, ainda somos Heráclitos, que, inquietos, observam as sempre novas águas, até porque escrever mobiliza renovações, incertezas e críticas, lacunas e vagas evidências, inventividades e transgressões, localidades e universalidades, mas também promissoras perspectivas, múltiplas vertências e cultivada liberdade criativa.
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Congressistas, a exemplo de Porto Alegre, Santa Maria e Passo Fundo, que sediaram os três primeiros Congressos Estaduais das Academias de Letras, Santa Cruz do Sul, a terra de Lya Luft, também vos acolhe de portas abertas e asas nas mãos.
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