A colheita do trigo no Vale do Rio Pardo deve ter início dentro de duas semanas. As lavouras da região estão em sua última etapa de desenvolvimento e apresentam bom aspecto até o momento, resultado das condições climáticas favoráveis ao longo do ciclo da cultura. O trigo precisa de tempo seco e sol para proporcionar um bom retorno aos agricultores, que esperam por boa produtividade e por grãos de boa qualidade.
Conforme o engenheiro agrônomo Josemar Parise, da Emater/RS-Ascar, este é o terceiro inverno consecutivo com clima amplamente favorável para os cereais da estação. O fenômeno La Niña provoca chuvas com menor volume, ideais para essas espécies. Tanto no período da semeadura como durante o ciclo, as precipitações foram regulares e de baixa intensidade, suficientes para o bom andamento das lavouras. Além disso, os intervalos de tempo seco permitiram a realização adequada dos manejos de adubação e fitossanitários.
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Os dois pontos mais sensíveis do desenvolvimento das plantas são durante o florescimento, em que as temperaturas não podem ser muito baixas, e durante a colheita, quando não pode haver chuva excessiva. A maior parte da área plantada na região está no estágio de maturação fisiológica, com algumas ainda em fase de enchimento de grãos. Em alguns locais onde o grão já foi colhido, a produtividade alcançada foi de 60 sacas por hectare e com excelente qualidade. “Viemos de anos muito favoráveis para os cereais de inverno e esse está sendo um dos melhores”, completa Parise.
Em Santa Cruz do Sul, muitos produtores apostaram no trigo para rotação de culturas e cobertura de solo durante o inverno. Um deles é Arcenio Dupont, de Linha João Alves. Ele iniciou o plantio há quatro anos e, em 2022, semeou 10 hectares em uma área localizada na Travessa Stolben, cuja colheita deve começar em cerca de 15 dias. Para ele, o clima neste ano é considerado “perfeito” e deve proporcionar uma safra muito satisfatória. Ao comentar sobre os preços, Dupont recorda que a área cultivada é pequena e a remuneração depende da classificação do grão, mas ainda deve conseguir obter alguma renda.
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Em toda a área de responsabilidade do escritório regional da Emater de Soledade, que inclui o Vale do Rio Pardo, as áreas plantadas saltaram de 30 mil hectares em 2019 para 78 mil hectares em 2022, um incremento de 160%. Somente no Vale do Rio Pardo, são cerca de 17,5 mil hectares. O valor pago aos produtores varia conforme a qualidade, mas pode chegar a R$ 100,00 por saca de 60 quilos. Um dos motivos que levam a esse aumento de áreas é a guerra na Ucrânia (o quinto maior produtor mundial), que obrigou muitos compradores a buscarem outros mercados, entre eles o Brasil.
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