De repente, um único juiz decide que estão anulados processos por corrupção do ex-presidente Lula, porque estariam na vara errada. Vale dizer, anuladas as condenações que haviam passado pelo tribunal revisor, o da 4ª Região, em Porto Alegre e por uma terceira instância no STJ. Ao mesmo tempo, se lança a versão de que seria para isentar Sérgio Moro de suspeição. Se assim fosse, bastaria anular o do triplex, pois a condenação do caso de Atibaia é da juíza Gabriela Hardt.

A decisão de Fachin ainda carece de muitas explicações, sobre como julgou. Fico me perguntando se a 13ª Vara não era a apropriada, por que tudo continuou, por cinco anos? A LavaJato, símbolo da reação do País contra uma gigantesca corrupção institucionalizada, foi sendo desmontada quando o Supremo decidiu separar a Petrobras de outros casos.

Fachin criou uma hora da verdade para Lula. Ele deixa de ser o impedido, o condenado, a vítima, para ser o beneficiado por um ministro escolhido por Dilma, exadvogado do MST, próximo à CUT; suscita mais debate sobre o uso da Petrobras, já que o assunto se atualizou, mas, além de tudo, terá que enfrentar Bolsonaro, que já ocupou o lugar que era dele, Lula – o de ser uma espécie de esperança do povo, e que o povo chama de mito. Lula parece não ter como recusar o desafio que Fachin lhe joga no colo.

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O PT já não precisa repetir o candidato que chamavam de poste. Agora o próprio Lula deixou de ser inelegível e pode disputar a eleição presidencial do ano que vem, se ele quiser. A esquerda pode continuar fracionada, com Ciro e Boulos, ou juntar-se a Lula, criando uma frente para evitar a reeleição de Bolsonaro.

Outros personagens da corrida presidencial devem estar desolados, como Sérgio Moro e João Dória. Mas sobretudo fico imaginando o que pensa o cidadão comum sobre Justiça, quando a decisão de um juiz do Supremo se junta ao auge de uma pandemia que tira vidas, emprego e renda.

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