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Cicloturismo

Lagoa dos Patos é a nova aventura de Demétrio Soster

Foto: Arquivo Pessoal

Novo percurso do cicloturista Demétrio Soster vai se transformar em livro, documentário, circuito de palestras e exposição de fotos

Foram dez dias de estrada sobre duas rodas para percorrer todo o entorno da Lagoa dos Patos, somando mais de 900 quilômetros de distância. Todos os detalhes e histórias dessa aventura serão contados nas novas produções do professor, escritor e cicloturista Demétrio de Azeredo Soster, já reconhecido por suas viagens a diversos locais do Rio Grande do Sul e também países da América do Sul como Uruguai, Argentina e Chile, nas chamadas narrativas de bicicleta, como ele mesmo denomina.

O livro Operação Mar de Dentro já está sendo escrito e deve ser lançado no segundo semestre deste ano. Ainda estão previstos um documentário, um circuito de palestras e uma exposição de fotos, conforme as restrições da pandemia permitirem.


A aventura começou no dia 14 de janeiro, quando Demétrio partiu de Santa Cruz do Sul em direção a Porto Alegre. “Atravessei o Guaíba de catamarã e fui até Barra do Ribeiro, um trecho curto de aproximadamente 50 quilômetros. Depois rumei a Tapes, onde começa a Lagoa dos Patos e, na sequência, Arambaré e São Lourenço do Sul”, conta. Apesar de existir a opção pela BR-116, que corta o Estado no sentido Sul até Pelotas, Demétrio preferiu as estradas paralelas, muitas delas de chão batido, para percorrer o trecho sempre o mais perto possível da lagoa.

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A viagem a bordo da bicicleta La Negra Dos seguiu rumo a Pelotas e Rio Grande, onde a Lagoa dos Patos desagua no Oceano Atlântico e onde, também, começava o caminho de volta, por São José do Norte. Pelo outro lado, em alguns trechos a faixa de terra que separa a lagoa do oceano é de apenas 10 quilômetros, e a infraestrutura muito mais precária em relação ao caminho de ida. Após passar por diversos vilarejos e estradas cobertas de areia, Demétrio encerrou o pedal em Osório, no dia 24, onde encontrou a namorada. Após uma passada por Torres, retornaram a Santa Cruz.

Ao percorrer todo o entorno da Lagoa dos Patos, a diferença entre as duas margens chamou a atenção. “A margem esquerda, que pega Tapes, Arambaré e São Lourenço do Sul, é muito turística, e já se deu conta disso. São praias maravilhosas, com estrutura, e o único porém é que às vezes a lagoa é doce e às vezes é salgada”, conta Demétrio. “Do outro lado, é o oposto. Até tem algumas coisas como o farol de Mostardas e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, mas é praticamente impossível andar de bicicleta, porque não existe nenhuma estrutura e as estradas são cheias de areia”, afirma. “A margem direita da lagoa é selvagem, o Rio Grande do Sul ainda não a descobriu.”

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Cicloturismo exige preparação e autossuficiência

Apesar de ser um grande incentivador do uso da bicicleta e da prática do cicloturismo, Demétrio alerta que a atividade não se trata apenas de pedalar, ela exige preparação e conhecimento técnico. “Existem algumas condições, e uma delas é a autossuficiência. Você precisa ser capaz trocar um pneu, de arrumar uma corrente que quebra e resolver algum problema mecânico que não seja muito complexo”, afirma. Além disso, é necessário material de camping, comida e, principalmente, saber e ter como preparar os alimentos.


“Parece bobagem, mas quando cheguei a São José do Norte, fui no mercado e comprei pão, bolachas, frutas e água, porque eu sabia que ia percorrer um longo trecho. Você sempre tem que pensar à frente”, salienta. Além dessas questões, Demétrio ressalta que sempre mantém em dia a manutenção da bicicleta, para que não ocorram surpresas desagradáveis. Totalmente carregada, ela pesa mais de 50 quilos.

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Para quem pretende começar, ele reforça a ideia de que andar de bicicleta é apenas andar de bicicleta. “A indústria e o comércio, e falo isso sem fazer juízos de valor, são muito cruéis. Eles dizem que precisa ter bicicleta especial, roupa especial, diversos equipamentos, alta performance. Tudo isso é bom, mas no final das contas o que você precisa realmente é pedalar.”

Para iniciar no cicloturismo, Demétrio indica que a pessoa já consiga pedalar pelo menos 60 quilômetros. “Começa devagar, vai fazendo dez, 15 ou 20 quilômetros até adquirir resistência… Mas para quem está a fim, grosso modo, precisa de uma bicicleta e vontade de pedalar”, completa.

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