O início da manhã de sexta-feira, 12, transcorria normal na propriedade de Osvino Oscar Wenzel, em Linha Tangerinas, localidade a cerca de 15 quilômetros do Centro de Venâncio Aires. Acostumados a acordar cedo, pelas 6h30, o agricultor de 39 anos e a esposa Lisete Lovane Wenzel, de 36, já se preocupavam em tratar as galinhas, porcos e algumas cabeças de gado que, junto a culturas de hortaliças e frutas, são criados para subsistência. Às 7h30, o casal tomou seu café da manhã com a filha Gabrieli Inês Wenzel, de 17 anos.
Já por volta das 8 horas, os agricultores foram verificar o andamento da produção de tabaco Virgínia, principal fonte de renda da família. Deram de cara, entretanto, com a falta de 58 bandejas com 12 mil mudas, de um dos oito canteiros cultivados a cerca de 50 metros da residência. “A gente trabalha para ter as coisas e eles vêm e pegam de um jeito covarde. Chegar ali e não ver nossa produção foi triste demais. Foi uma decepção ver o trabalho ir para o ralo, furtado na surdina”, comentou Osvino.
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O prejuízo de R$ 2 mil inclui as mudas, as bandejas e todo o material utilizado, como sementes, sacos de substrato e defensivo. Mas o que mais dói, segundo o agricultor, é a mão de obra. “Essas mudas nós mesmos produzimos. Pensamos e as cultivamos já há quase dois meses, na forma como sabemos que dá certo na nossa lavoura. Infelizmente, dessa vez, teremos que buscar uma alternativa de fora.” As mudas furtadas faziam parte de uma primeira produção, quando quatro canteiros foram semeados em 20 de abril pelo casal. Os outros quatro foram semeados em 15 de maio.
A produção do ano prometia superar as anteriores. Os agricultores visavam ampliar os ganhos para a construção de um forno e varandas para a família. “Normalmente plantávamos 60 mil pés de tabaco. Em 2020 plantaríamos 85 mil. Agora vamos ter esse prejuízo e precisarei repor com mudas que irei comprar de um vizinho”, salientou Wenzel.
Ação silenciosa surpreendeu agricultor
A residência da família fica em frente ao Cemitério de Linha Tangerinas, na principal via da localidade que possui cerca de 500 moradores, a maioria plantadores de tabaco. O movimento ao fim da noite é grande, sobretudo porque a estrada liga a RSC287 a outras localidades, como as linhas Sapé, Eugênia, Arlindo, Santa Tecla e Cerro do Baú. Nas imediações da casa dos Wenzel, o movimento acontece principalmente em virtude de um bar e minimercado nas proximidades da propriedade, a qual possui cerca de 8 hectares.
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Com tanto movimento na vizinhança, o agricultor presume que os bandidos agiram no início da madrugada, para não serem vistos. Dentre as hipóteses mais prováveis, Osvino acredita que os ladrões tenham dois objetivos com esse tipo de furto: “Ou querem revender para outro agricultor, ou então pretendem utilizar as mudas em sua própria plantação, talvez porque as empresas tenham deixado de fornecer insumos por causa de dívidas.” As mudas furtadas levariam ainda cerca de 20 dias para estarem ao ponto de serem transplantadas à lavoura.
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Mesmo que os canteiros fiquem a apenas 50 metros da casa, a ação dos invasores passou despercebida até mesmo pela cadelinha Pipoca. “Ela é alerta aos ruídos. Qualquer coisa, se antena e faz um latido alto. Mas nem nós e nem ela ouvimos nada de barulho que nos despertasse.” Osvino acredita que um caminhão de pequeno porte deve ter sido utilizado na ação. As pegadas deixadas pelos ladrões também chamam a atenção. “São bandejas grandes e pesadas. Provavelmente duas a três pessoas agiram. Pelas marcas dos calçados, deixaram o caminhão na estrada e carregaram até ele.”
Um outro custo indireto também será considerado pelo agricultor. Ele pretende substituir a atual cerca, violada pelos bandidos, por uma nova e com altura maior. Após o fato, o agricultor foi até a Delegacia de Polícia de Venâncio Aires para registrar a ocorrência. No entanto, no local foi informado que, em virtude da pandemia do coronavírus, o atendimento para este tipo de caso deve ser realizado online. “Depois, em casa, minha filha fez o registro na internet. Quando a gente menos espera, acontece algo assim. O jeito é levantar a cabeça e seguir o trabalho.”
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