Face a intensa polarização ao longo do mandato do então presidente Bolsonaro (2019-2022), e mesmo durante o recente processo eleitoral, ficou em segundo plano a identificação qualitativa de quem seriam os prováveis e possíveis eleitores e suas razões. Nesse sentido, para identificar e compreender, importa, primeiramente, retornar às eleições de 2018.
Não bastassem as revelações do caso “mensalão” e da Operação Lava-Jato (petrolão), principalmente, também contribuíram para definir o perfil e o voto dos eleitores questões relacionadas a uma agenda de mudanças socioeconômicas de viés liberal. Basicamente, contaram pró-Bolsonaro os programas de privatizações de estatais, de reforma fiscal e administrativa (redução de ministérios, por exemplo), de simplificação de legislação tributária e trabalhista, da agenda do agronegócio exportador, de redução da dívida pública etc. E, óbvio, uma agenda conservadora de costumes sociais (porém, mais retórica do que formal).
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Constituíam e constituem pautas com as quais o lulopetisno nunca se identificou, e que, associadas à repercussão dos citados escândalos, catalisaram o que vulgarmente é denominado de “anti-lulopetismo”.
Nessa divisão vulgar e despolitizante do eleitorado, restou prejudicada a valoração dessas importantes questões de interesse público, bem como o perfil eleitoral desses segmentos. E assim chegamos às eleições de 2022.
Primeiramente, importa destacar que muitos itens dessa agenda de governo foram positivamente atendidos, ainda que parcialmente. Todavia, a gestão foi impactada negativamente pela pandemia, social e economicamente. Inevitável, afinal, o “mundo parou”. No Brasil não seria diferente! Porém, para piorar, seguiu-se um cenário repleto de incongruências comportamentais (algumas administrativas), incompatíveis com o exercício da presidência (e da gestão), e que mesclaram fanfarronices e negacionismos.
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Logo, consagraram-se em modo extremo e negativo os refrões “bolsonarismo e bolsonaristas”, usados legitimamente pela oposição, mas, repito, inconsequente e superficialmente pela grande mídia e por grupos de influência sociocultural. Desde então, mantêm-se predominantes as narrativas que realimentam o divisionismo e que subestimam as pautas, as reivindicações sociais e seus signatários, que, afinal, são muitos, diversos e mais relevantes que os ultrapassados esterótipos “bolsonarismo e lulopetismo”.
Se as narrativas a cargo de torcidas organizadas são compreensíveis, intoleráveis, porém, são as omissões e as tergiversações da grande mídia, que, em exercício de autocensura, deliberada ou não, teme ser lacrada por tribos digitais. Ou punida com redução de anúncios governamentais!
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