Laços de poder

Conversa vai, conversa vem, sempre ressurge o debate em torno das transformações políticas, sociais e comportamentais que vivenciamos. Mudanças nos modos de vida e na convivência social. E entre as indagações e afirmações, apresenta-se sempre a questão da ética pública e da solidariedade comunitária.

Possivelmente, perguntas que decorrem dos evidentes sinais que revelam a preponderância do individualismo, do egoísmo, do cinismo e do sexismo. Em suma, em análise à moda antiga (ainda que de duvidosa veracidade), seria “a decadência dos bons costumes e valores em geral”.

Aos afeitos ao discurso, prática e militância religiosa, soa consensual que a suposta degradação é consequência do crescimento do ateísmo, do consumismo e da hierarquia do dinheiro. Coincidência ou não, a influência das igrejas e dos líderes religiosos diminuiu bastante.

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Porém, “as coisas” não parecem ser exatamente assim. Paradoxalmente, proliferam os movimentos sociais em defesa de uma ética pública, notadamente relacionada aos direitos humanos, aos negócios públicos e privados, e à política.

E entre tais, destaque aos ativistas das causas ambientais, das relações equilibradas de consumo, de ações humanitárias e filantrópicas, e de vigilância dos dinheiros públicos.

Então, na suposição de que realmente estejamos mais individualistas, preocupados com (a beleza de) nosso corpo e o prazer, ou ocupados em ganhar dinheiro e consumir, não significa necessariamente que sejamos omissos e insensíveis às questões gerais de interesse da sociedade.

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Possivelmente, a resposta para essa hipotética contradição esteja no fato de que o que realmente mudou foi o modo de agir, as formas de atuar, reivindicar e protestar. E a decadência da cansativa e infrutífera retórica.

Por exemplo, salvo alguns extremos, já não há mais o culto ao mártir, ao herói, ao solitário líder que a tudo e todos enfrentará, mas uma consciência de que a força e o avançar residem nos grupos sociais.

E, sem dúvida, sob a influência dos meios de comunicação e informação, a exemplo de redes sociais, que viabilizam as novas formas de mobilização e ação. Principalmente porque são movimentos horizontais, não hierárquicos.

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Em resumo, se essas tendências comportamentais e sociais ainda não estão muito claras, atuantes e devidamente enraizadas e comprometidas socialmente, é porque ainda vivemos e agimos sob o estigma e a influência dos velhos laços de poder.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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Marcio Souza

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