Com seu trabalho como deputado estadual reconhecido e apreciado por eleitores, políticos, jornalistas e representantes de diversos segmentos da sociedade, santa-cruzense ganhou notoriedade sem perder a sua essência, que provém da educação recebida em uma grande família do meio rural.
Kistão, como ficou conhecido Silvérius Kist, conseguiu estar em meio a personalidades, como presidentes da República, assim como estava reunido com as pessoas que viram seu crescimento pessoal e profissional, sem deixar de ser uma pessoa presente e carinhosa para a família.
É essa pessoa, que foi da enxada à caneta da Assembleia Legislativa, que passa a dar nome ao Centro Administrativo I de Santa Cruz do Sul. A homenagem, aprovada na Câmara de Vereadores, será na próxima quarta-feira, em solenidade dentro da programação da Semana do Município.
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Um deputado disciplinado, que tinha muito orgulho de ser de Santa Cruz do Sul. Assim o jornalista Rogério Mendelski resumiu a atuação política e a personalidade de Silvérius Kist. O menino de Alto Trombudo, filho de João e Ana Kist, que começou a trabalhar no meio rural na época em que a plantação dependia da habilidade com a enxada, transformou-se em um influente parlamentar com portas abertas na Assembleia Legislativa, no Palácio Piratini e no Planalto.
Agora, terá reconhecida essa dedicação pelo Vale do Rio Pardo. Por iniciativa do vereador Henrique Hermany, o Centro Administrativo I passará a se chamar Silvérius Kist. A solenidade será às 9 horas da próxima quarta-feira, na Rua Coronel Oscar Jost, 1.551.
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Kistão, como ficou conhecido por sua estrutura corporal e pelo espírito bonachão, fez o primário e os primeiros anos do ginasial em Santa Cruz do Sul. Completou seu período estudantil em Guaporé, onde fez curso para atuação como professor rural e, em seguida, técnico em contabilidade. Foi no esporte, porém, que atraiu a atenção dos políticos da época.
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Formado em 1950, veio para o município, onde participou do evento de inauguração da Praça Augusto Emmel, em Trombudo. A sua habilidade encantou o prefeito Alfredo Kliemann, que o convidou para trabalhar na administração municipal e jogar vôlei pelo Corinthians.
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Não demorou muito para perceberem que Kistão tinha condições de ingressar na vida político-partidária. Nomeado assessor administrativo em 1960, assumiu a Secretaria da Administração, acumulando com Fazenda, Educação e Agricultura. Três anos após, preparava-se para a candidatura ao Legislativo municipal. A mudança de Orlando Baumhardt, do PTB para a ADP (coligação do PSD, PRP e UDN) – que atualmente é o Progressistas –, representou mudanças.
Baumhardt condicionou a candidatura à Prefeitura ao aceite de Kistão para ser vice. Na época, os eleitores votavam para prefeito e para vice separadamente. Ambos foram eleitos em 1966. Não chegou a ficar os quatro anos no Executivo local. A convite de Ildo Meneghetti, participou de curso de Administração Pública na Alemanha, com duração de cinco meses.
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No retorno ao Brasil, foi lançado como candidato a deputado estadual. Não era tarefa fácil, pois concorria, somente em Santa Cruz, com Emiliano Limberger e Lauro Hagemann, que tinha votos por todo o Rio Grande do Sul.
A campanha foi exitosa, com reeleição em 1970, 74, 78 e 82, formando reduto em Santa Cruz, Candelária, Agudo, Arroio do Tigre, Sobradinho, Encruzilhada do Sul e Nova Petrópolis. Sucesso explicado pela viúva, Sônia Marli Kessler Kist: “Impressiona o que ele fez por Santa Cruz e região. Fez isso em uma época que amassava barro e comia pó. Entre as conquistas, obteve os recursos para escolas, para estudantes cursarem a universidade, além da verba que permitiu a aquisição da área onde hoje é o campus da Unisc.”
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Foram cinco mandatos consecutivos até que, soldado do partido, atendeu a outra condição política. Estava formando-se a coligação do PDT, de Aldo Pinto, com o PDS (atual Progressistas), para o governo do Rio Grande do Sul. Os trabalhistas exigiram o nome de Kistão. A dupla foi vencida por Pedro Simon (MDB), que fez parte de uma onda de vitórias do MDB.
Silvérius Kist faleceu, aos 83 anos, no dia 9 de julho de 2012. Deixou enlutados a viúva, Sônia Marli Kessler Kist, com quem teve o filho Sérgio Alexandre; e o filho do primeiro casamento (com Noêmia Lori), Silvérius Júnior, o qual lhe proporcionou a oportunidade de ser avô de suas netas.
Com a vida dedicada à política, que encarou como profissão, é descrito por Sônia como um companheiro, um parceiro tranquilo, compreensivo, educado e dono de um coração gigante. “Foi um ser humano de fácil convívio. Pai amoroso e dedicado, sempre preocupado em ver todos bem”, resume.
Ela reforça características que o mostram como alguém além do seu tempo, com preocupações com temas que são atuais, como o meio ambiente e a necessidade de qualificação, sobretudo a partir do ensino profissionalizante. “Muitas foram suas lutas em prol de melhorias nos mais diferentes segmentos. Era um político de visão”, acrescenta.
O sucesso da carreira política de Silvérius Kist foi evidenciado em diferentes momentos de sua trajetória. E não por se tratar de alguém vaidoso, que se via como um predestinado a tais distinções, mas pelo reconhecimento de eleitores, administradores públicos e entidades.
Era uma forma de evidenciar trabalhos como o desempenhado na Comissão da Agricultura e Pecuária da Assembleia Legislativa, em 1973, que resultou na análise de toda a estrutura da soja, desde o plantio até a comercialização, industrialização e exportação. Antecipou o que viria a ser a grande cadeia produtiva brasileira, cerca de 50 anos depois.
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Com conhecimento de causa na agricultura, defendeu outras bandeiras, como a educação, onde também conseguiu feito exitoso. Quando estava na comissão especial da área, os deputados depararam-se com a crise dos colégios particulares. Os encaminhamentos fizeram com que vagas fossem compradas nessas instituições pelo Estado, reduzindo custo ao poder público, criando oportunidades e dando sustentabilidade econômica. O modelo foi copiado pelo País inteiro.
Chegou, por tanta representatividade no Parlamento gaúcho, a ser cotado para buscar uma vaga na Câmara dos Deputados. O nome do partido seria Norberto Schmidt, que declinou; Telmo Kirst tinha se apresentado como opção; Kistão, então, conversou com suas bases, o que fazia parte das decisões de seu rumo político, e organizou a campanha para reeleição em 1978.
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No dia 15 de agosto de 1986, viveu um momento que marcou a sua vida. Com outros dois parlamentares, recebeu o Prêmio Springer por um Rio Grande do Sul Maior – Especial. A distinção, que lhe rendeu homenagem pelo coral do Colégio Mauá, que vestia uniformes conseguidos por Kistão, foi considerada um marco inesquecível.
“Foi a oportunidade de poder repartir os sentimentos de alegria e satisfação com todos aqueles que estiveram ao meu lado ao longo dos anos que representaram a minha caminhada na Assembleia”, destacou em reportagem publicada na época da premiação. Entendeu ser esse troféu uma consagração pela dedicação à tarefa de servir ao público com seriedade e comprometimento. Em suas palavras: atendendo, especialmente, os mais frágeis, os explorados, os esquecidos.
Silvérius Kist é um nome que se impõe na história de Santa Cruz do Sul, tal a abrangência de sua atuação! Ele sempre esteve à disposição da população para as demandas coletivas, bem como individuais! Ele esteve ao meu lado como diretor do Colégio Mauá, quando eu estive empenhado em benefício dos alunos mais carentes. Sua grande atuação foi como deputado estadual, quando abraçou toda a comunidade. Na época, o Coral de Adultos homenageou o deputado Silvérius na Assembleia Legislativa, quando recebeu o Prêmio Springer pela excelência de sua atuação.
É com prazer que falo sobre o deputado. Conheci em 1970, ele já era deputado, na gestão do governador Euclides Triches, até 1986, quando encerrou seu mandato no governo de Jair Soares – concorreu com o Aldo Pinto e não se reelegeu, em uma coligação entre o PDT e o PDS. Conheci na Arena. Tempos difíceis: era Arena e MDB. Toda a imprensa do Rio Grande do Sul, com raras exceções, tinha um certo preconceito com os deputados da Arena. Não era o meu caso. Me relacionava com todos.
Trabalhava no Estado de São Paulo, depois fui para a Folha da Manhã e fazia a cobertura diária. Tinha uma relação muito amistosa com o deputado, porque era bonachão, estava sempre rindo, atendia os jornalistas, descia na sala de imprensa, que era no subsolo da AL, e ficávamos conversando um grupo de jornalistas: João Carlos Telera, que já nos deixou, o Tarta, o Cegatto, o Barrionuevo, o Valduga, era um grupo pequeno, o Cecílio Pereira. E acabou aquele preconceito que tinham com os deputados da Arena.
Fez um grande trabalho na AL, um deputado disciplinado, que votava sempre com o partido e tinha muito orgulho de ser de Santa Cruz. Brincávamos com ele sobre as cucas, e ele dizia que iria trazer. Era extremamente simpático. Foi um bom deputado, que honrou a Arena defendendo a região da grande Santa Cruz. Fiquei muito triste com o falecimento dele, aos 83 anos, em julho de 2012. Senti muito. Conheci a esposa dele, a dona Sônia Kist. Acho muito interessante essa homenagem que fazem a ele.
É com muita gratidão que relembro os relevantes serviços prestados pelo deputado a mim como prefeito e à comunidade vera-cruzense. Sempre esteve ao meu lado como prefeito, presente e atuante, marcando sua passagem em Vera Cruz de maneira forte e indelével. A nossa administração, reconhecendo o extraordinário trabalho do Kistão, deu nome à escola infantil Silvérius Kist, em um modelo novo, como a primeira PPP construída para uma creche no município. Esse marco vai eternizar o trabalho do deputado para a comunidade de Vera Cruz e, por que não dizer, toda a região. Somos testemunhas sobre o quão relevante e benéfica foi a atuação desse deputado.
A destacada atuação parlamentar do deputado Silvérius Kist foi fundamental para que Santa Cruz do Sul e a região se desenvolvessem. Seu compromisso com a educação e com todos os demais segmentos é digno de destaque, o que resulta em merecida homenagem. Ele está entre os grandes homens que aqui nasceram e dedicaram sua vida para o crescimento do município, com importante atuação como servidor público, secretário municipal e vice-prefeito.
O nome Silvérius Kist já me era familiar na infância, possuía terras vizinhas às de meus pais e era muito benquisto na Alte Pikade. Quando criança eu me deliciava com as nêsperas de uma frondosa árvore existente em seu potreiro, cujos galhos pendiam para o nosso lado. Pessoalmente, o conheci bem mais tarde, depois de voltar a morar nas terras legadas a mim por meus pais. Naquele tempo, Silvérius passou também a morar em sua terra.
Aos poucos foi se estabelecendo uma sincera amizade entre nós. Em nossas muitas conversas, conheci um grande amigo e um político efetivamente voltado para as causas públicas. Em sua voz transmitia serenidade; em suas ideias, o diplomata que era. Sabia, como poucos, contemporizar com tranquilidade em questões polêmicas, ou defender pontos de vista, sem agredir verbalmente ninguém, nem menosprezar ideias de outros. Silvérius Kist era um homem do mundo, sem se desgarrar de suas raízes, de sua terra.
Foi uma figura ímpar. Com ele, aprendi que, quando eleitos, temos que basicamente servir à nossa comunidade e à nossa gente. Hoje, verificamos que isso não é mais uma realidade. Hoje é o contrário. Foi uma pessoa que serviu de exemplo e que nos deixou muitos ensinamentos. A mim, particularmente, quando do exercício da minha atividade administrativa no Executivo de Sobradinho, tive um orientador, uma pessoa que me ensinou como planejar uma administração, cumprir as metas estabelecidas em campanha política para corresponder aos anseios do povo que nos elegeu.
Então, tenho na figura do saudoso Silvérius Kist alguém que marcou época em nossa região e que, mesmo passados anos, sentimos presente, porque graças aos exemplos e ensinamentos, conseguimos realizar administrações que fossem aquelas que a população entendia necessárias. Foi quem nos ajudou, e muito, na implantação daquela que era a maior aspiração da nossa região Centro-Serra, a RS-10, hoje RS-400. Foi graças ao esforço, abnegação e trabalho dele que essa obra tão importante e decisiva foi realizada. Trabalhava constantemente pelas melhorias indispensáveis às comunidades que representava.
O deputado Silvérius Kist exerceu uma importante liderança em Santa Cruz do Sul e região, sendo um grande interlocutor para obras importantes. Além de todas as funções, cargos, representações e outras ações, não podemos esquecer a sua importante e decisiva participação na aquisição do local que viabilizou a instalação de toda a estrutura da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde hoje ela exerce as suas atividades.
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