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CASO MOTOCROSS

Justiça marca julgamento de advogado que sofreu infarto antes de sessão em abril

Foto: Banco de Imagens/Gazeta do Sul

Renato chegou a ser preso pela Polícia Civil em 2019, mas foi solto após quatro meses

O terceiro e último réu acusado de envolvimento em um dos assassinatos de maior repercussão em Santa Cruz do Sul nos últimos anos já tem data para ir a julgamento. O Poder Judiciário confirmou que o advogado Renato Andrade Ferreira, de 36 anos, sentará no banco dos réus no dia 11 de julho. Ele é apontado pela Polícia Civil e Ministério Público (MP) como o mandante do homicídio de Tiago Aliandro Kohlrausch, de 30 anos, em 23 de setembro de 2019.

A sessão iniciará às 9h30 e será presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse. Sete jurados vão ser sorteados para compor o conselho de sentença. A advogada Tatiana Borsa faz a defesa do réu. Gustavo Burgos de Oliveira, que assumiu como promotor no lugar de Flávio Eduardo de Lima Passos, representará o MP. O advogado da família da vítima, Frederico Eick Martins, deve ocupar parte do tempo destinado ao MP para fazer suas considerações no júri.

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Na sessão, são esperados os depoimentos do delegado Alessandro Zucuni Garcia e do pai da vítima, Dirceu Aliandro Kohlrausch. Os outros dois réus no chamado Caso Motocross já foram condenados anteriormente. Patrícia D’Ávila da Luz, de 24 anos, foi sentenciada em 15 de setembro de 2021 a 16 anos de prisão. Essa pena foi posteriormente revertida para 13 anos e nove meses pelo Tribunal de Justiça do Estado, atendendo a apelo defensivo.

Já Gabriel Nascimento da Luz, de 55 anos, que é tio de Patrícia, foi condenado a 11 anos e oito meses de prisão no dia 18 de abril. Para essa mesma data estava marcado o julgamento de Renato. No entanto, ele teve um infarto por volta das 5h50, enquanto se deslocava para o município, e foi internado no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, não comparecendo à sessão.

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Tiago Aliandro Kohlrausch tinha 30 anos

Conforme a advogada Tatiana Borsa, que faz a defesa de Renato, a situação aconteceu devido à obesidade mórbida do réu. Revelou que ele pesa atualmente 210 quilos e precisa utilizar marca-passo. Em razão disso, atendendo a apelo da defesa, com concordância do MP, o processo foi cindido. Após a paralisação do Judiciário em razão das enchentes, foi designada a data de 11 de julho para o julgamento do advogado.

Imbróglios jurídicos e troca de promotores marcam o caso

O Caso Motocross ficou marcado pelos imbróglios jurídicos e passou por muitas reviravoltas ao longo dos anos, incluindo a troca de promotores. No primeiro júri, em 15 de setembro de 2021, apenas Patrícia D’Ávila da Luz acabou condenada, pois o processo foi cindido para que os outros dois réus fossem julgados posteriormente. Um segundo julgamento, marcado para 13 de abril de 2022, analisaria a conduta dos outros dois acusados.

No entanto, faltando dois dias para a sessão, Gabriel Nascimento da Luz, que seria representado pelo defensor público Arnaldo França Quaresma Júnior, decidiu constituir advogado e nomeou Diego da Silveira Cabral, de Porto Alegre. O novo defensor pediu o adiamento face à complexidade do processo.

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Nos desdobramentos do caso, outro fato chamou a atenção. A advogada Tatiana Borsa, que defende o réu Renato, registrou uma ocorrência. Ela disse que se sentiu intimidada após receber ligação de uma parente de Tiago Kohlrausch. O conteúdo da conversa e quem foi a pessoa não foram revelados, mas o áudio chegou ao conhecimento da Justiça e foi juntado nos autos.

Outro capítulo foi um “debate” entre advogados ocorrido na Rádio Gazeta FM 107,9. Em uma entrevista, Tatiana fez duras críticas aos outros réus no processo. Dois dias depois, o advogado Roberto Weiss Kist pediu direito de resposta em razão de um comentário da advogada, a qual afirmou que Gabriel, Patrícia e a mãe da ré “bolaram e tramaram” o crime.

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“Esse comentário da doutora Tatiana beira a irresponsabilidade”, disparou Kist. Renato respondia ao processo cumprindo prisão preventiva efetivada em 1º de novembro de 2019. Tatiana, que já havia conseguido em 19 de março de 2020 a revogação da preventiva, conseguiu reverter em 7 de julho de 2022 a domiciliar, para que o homem que mora em Porto Alegre aguardasse o júri em liberdade total.

Por fim, remarcado para 31 de agosto de 2023, o júri de Renato e Gabriel teve novamente de ser cancelado. Desta vez, a advogada Tatiana tinha outra sessão marcada. Então, em outubro do ano passado, o Fórum confirmou 18 de abril de 2024 para o júri, quando apenas Gabriel foi julgado em razão do infarto de Renato.

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Promotor que acompanhou o caso desde o início e foi o autor da denúncia, Flávio Eduardo de Lima Passos deixou a atuação no Tribunal do Júri para assumir a vaga na recém-criada Promotoria da Violência Doméstica. Em virtude disso, a vaga destinada ao MP neste julgamento de abril ficou com a promotora substituta Luciane Feiten Wingert, de Porto Alegre. Agora, o júri contará com atuação de Gustavo Burgos de Oliveira, que é o novo promotor de Santa Cruz.

O caso

O crime aconteceu na noite de 23 de setembro de 2019, uma segunda-feira, às 19h45. Tiago Aliandro Kohlrausch, que era mecânico concursado da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, morreu com quatro disparos de pistola calibre 380, efetuados por matadores de aluguel, na garagem da casa dele, na Rua Walder Rude Kipper, no Loteamento Motocross, Bairro Arroio Grande.

Renato e a sua companheira na época, Patrícia D’Ávila da Luz, foram indiciados pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) por homicídio triplamente qualificado. Patrícia é mãe do único filho de Tiago, que tinha 1 ano e 5 meses na época – hoje a criança está com 6 anos. Conforme as conclusões do delegado Alessander Zucuni Garcia, em um inquérito de 350 páginas, a mulher e o padrasto da criança planejaram e coordenaram o assassinato do funcionário público.

O objetivo seria afastar o pai biológico do filho. Gabriel Nascimento da Luz, tio de Patrícia e morador de Santa Cruz, teria levado os matadores contratados até à casa da vítima. Ele foi indiciado por homicídio duplamente qualificado. Os dois executores, que seriam de uma facção criminosa da Região Metropolitana, jamais foram localizados.

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