Categories: Regional

Justiça dá 30 dias para que cigarreiras se manifestem sobre indenização à Saúde

Cerca de nove meses após ser ajuizada uma ação que tem como alvo duas das maiores empresas de tabaco do Brasil, a Souza Cruz e a Philip Morris, a Justiça deu um ultimato para que as empresas se manifestem por meio de um despacho da 1ª Vara Federal de Porto Alegre. No documento, a juíza federal substituta, Graziela Cristine Bündchen, estipulou o prazo máximo de 30 dias para a manifestação.

A ação foi ajuizada pela Advocacia-Geral da União (AGU), que quer que as companhias sejam condenadas a ressarcir as despesas da rede pública de saúde com tratamento de doenças associadas ao consumo de cigarros. Além das cigarreiras, também vão responder as suas controladoras internacionais – a Philip Morris International (PMI) e a British American Tobacco (BAT). 

LEIA MAIS: Advocacia-Geral da União move ação contra cigarreiras

Publicidade

É justamente este âmbito internacional que fez com que o processo de contestação por parte das empresas se estendesse até agora. Conforme o despacho, as empresas receberam as correspondências referentes à manifestação ainda em agosto do ano passado. O problema é que tanto a Souza Cruz quanto a Philip Morris alegaram ser apenas “filiais” das empresas estrangeiras e, portanto, as matrizes é que deveriam ser notificadas para se manifestar.

A juíza entendeu, no entanto, que as representantes brasileiras precisam se comunicar com as estrangeiras para que seja feita a notificação, e que não serão enviadas correspondências internacionais, porque as cigarreiras instaladas no Brasil são, sim, representantes das mantenedoras.

Na decisão, a juíza ainda ressalta que, na prática, as empresas dispuseram “de prazo muito superior ao deferido nos autos para a análise do feito e formulação adequada da defesa”, considerando o impasse e adiamento na decisão. A partir de agora, as empresas têm o prazo de 30 dias para apresentarem a contestação, ou a sentença será deferida sem o posicionamento das rés.

Publicidade

O que é a indenização

A AGU quer que as empresas paguem à União o equivalente ao que foi aplicado nos últimos cinco anos no atendimento de pacientes com 26 doenças cuja relação com o consumo ou simples contato com a fumaça dos cigarros é cientificamente comprovada.

A lista inclui mais de 10 tipos de cânceres, além de enfisema pulmonar e problemas cardiovasculares. O órgão alega, por exemplo, que 90% dos casos de câncer de pulmão estão ligados ao tabagismo, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O valor só será calculado se as empresas forem, de fato, condenadas. Conforme estudo divulgado em 2017 pelo Inca e pelo Ministério da Saúde, porém, as despesas médicas diretas e indiretas geradas pelo tabagismo no Brasil chegariam a R$ 56,9 bilhões por ano. A AGU também quer a cobrança dos custos proporcionais que a União terá nos próximos anos, além de indenização por danos morais coletivos.

Publicidade

Em nota, a AGU disse que o objetivo não é proibir a fabricação de cigarros ou a produção de tabaco no País. A Philip Morris mantém uma fábrica de cigarros em Santa Cruz do Sul, enquanto a Souza Cruz possui uma cigarreira no município mineiro de Uberlândia. Além delas, apenas a Japan Tobacco International (JTI) produz cigarros em território brasileiro.

LEIA MAIS: “O tabaco é uma joia que precisa ser cuidada”, diz diretor da Souza Cruz

Nos EUA, processo entrou para a história

Publicidade

O Brasil não é o primeiro país a colocar em julgamento a responsabilidade de cigarreiras por danos causados à saúde de fumantes. Ações semelhantes à movida pela AGU foram ajuizadas no Canadá, na Coreia do Sul e na Nigéria. O caso mais emblemático, porém, é o dos Estados Unidos. Em 2006, após seis anos de litígio e um julgamento que durou nove meses, 11 empresas foram condenadas no processo histórico que ficou conhecido como Estados Unidos x Philip Morris.

LEIA MAIS: Decisões vêm sendo favoráveis às empresas no caso das cigarreiras

Publicidade

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

Share
Published by
Naiara Silveira

This website uses cookies.