O Banco Central surpreendeu os especialistas ao divulgar, nessa quarta-feira, a redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. De 13,75% o índice passou a 13% ao ano, ultrapassando o 0,50 ponto percentual no qual apostavam os economistas. Apesar do clima de otimismo com a notícia, a diferença sentida pelo consumidor deve ser pequena. Para o economista e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Sílvio Arend, o impacto deve ser mais psicológico do que, de fato, no bolso. Segundo ele, os juros de cartão de crédito e cheque especial, por exemplo, hoje os mais altos do mercado, quase não sofrerão o efeito da mudança.
“A redução facilita para as empresas, pois reduz os juros lá na ponta, mas, no custo de um financiamento ou prestação, não vai fazer tanta diferença a ponto de estimular as compras a prazo”, explica. Para as empresas, que utilizam um grande volume de crédito, os 0,75 trazem uma economia importante. Já para as famílias, em uma conta a prazo de R$ 2 mil ou R$ 3 mil, a redução é muito sutil. Arend salienta que, para uma retomada consistente do crescimento, é preciso diminuir os juros reais – a diferença entre os juros cobrados e a taxa de inflação. Hoje o Brasil lidera o ranking de países com as maiores taxas de juros reais do mundo.
“Lá por 2013 a taxa esteve um pouco acima de 7%, o que é bom para o mercado real, mas não para o mercado financeiro. O governo fica se equilibrando no fio da navalha e o privilégio acaba sendo para os títulos públicos. O setor de produção, que é o que gera empregos, vai continuar em segundo plano”, observa o economista. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), João Goercke, é mais otimista quanto aos benefícios que a redução da Selic pode trazer. Embora entenda que o impacto não será imediato, ele mantém boas expectativas. “Não será da noite para o dia, mas em algumas semanas começaremos a sentir os efeitos. Acredito que o consumidor terá um poder de compra maior e o empresário vai encontrar preços melhores nas fábricas”, comenta. Esse preço menor na hora da compra na fábrica, segundo Goerke, pode resultar em produtos mais baratos no comércio.
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Para o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), Ario Sabbi, a medida serve apenas como um sinalizador de que haverá um incentivo à produção por parte do governo federal. “Essa redução é só o começo, ela precisa ser ainda maior”, comentou. Sabbi também frisou a posição do País entre as taxas de juros mais altas do mundo. De acordo com ele, é necessário aguardar pelos próximos meses para avaliar efetivamente os benefícios reais para o comércio e a indústria.
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