A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) divulgou os dados referentes a abril do Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS). O levantamento aponta trajetória negativa, com recuo de 2,4%. O setor está há cinco meses sem registrar crescimento e acumula retração de 9,3% nos últimos oito meses.
Mesmo com o menor patamar desde maio de 2021, o IDI-RS ainda está 5,2% acima do nível anterior ao da pandemia, em fevereiro de 2020. O economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, explica que os números negativos justificam-se por diferentes fatores, mas que ganham maior relevância no Estado pela característica produtiva. “Primeiro é a dificuldade de investir por conta do crédito mais caro e escasso. Além disso, somos produtores de bens de capital. Com a dificuldade de crédito, outros estados também não conseguem consumir o que produzimos”, ressalta.
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Baggio acrescenta o fato da desacelaração econômica do Brasil e do mundo, o que gera menos demanda do que é produzido no Estado. Isso pode explicar o Rio Grande do Sul estar com 77,8% da capacidade instalada em utilização. A desaceleração não é percebida, porém, em todos os setores. Produtos de metal, químicos, derivados de petróleo e biocombustíveis e máquinas e implementos aparecem com maior queda. Por outro lado, materiais de consumo têm registro positivo, sendo liderados por equipamentos de informática e eletrônicos, seguidos de couros e calçados e alimentos.
A manutenção da taxa Selic em 13,75%, em reunião realizada nesta semana pelo Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom), figura como ponto negativo, na ordem prática, mas aparece como indicador de confiança para os empresários. “Juro alto é muito ruim para a atividade produtiva, mas a inflação alta é problema ainda maior”, explica.
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O economista adianta que, apesar do índice inflacionário apontar redução nesses primeiros meses, a tendência é de elevação do acumulado na sequência, o que justifica a permanência do juro elevado. “O mercado ainda tem incertezas. Viu a aprovação do arcabouço fiscal de forma positiva na Câmara, mas houve preocupação com maior flexibilização que apareceu no Senado”, frisa. A discussão sobre a meta inflacionária de 2026, na semana que vem, também atrai a atenção.
A pesquisa começou em 2006. Os dados daquele ano são considerados base para o cálculo. A partir deles, são registrados os crescimentos e decréscimos. O setor de transformação do tabaco, por exemplo, mantém desde então certa estabilidade nos números, tendo variação mensal, mas preservando a média no primeiro quadrimestre, que é um período de bom desempenho.
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O fato de ser um produto basicamente para a exportação, segundo Baggio, faz com que tenha muita influência do mercado mundial. A redução gradativa de juros no exterior tem feito com que os números, no que tange aos resultados financeiros, sejam melhores. Ele cita que houve um acréscimo de 17%, superando outros segmentos importantes e tradicionais do Estado. “Quando olhamos a composição da receita, que é em dólar, percebemos que a quantidade exportada caiu 22%, mas os preços tiveram 48,5% de aumento desde o início do ano”, compara.
O economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, explica que há um sentimento de insegurança jurídica desde meados do ano passado. “Empresários estão indicando que a insegurança jurídica é um problema, baseados em decisões contrárias às medidas que foram tomadas como forma de aceleração”, diz. Ele refere-se a possíveis alterações em iniciativas como as reformas trabalhista e previdenciária, a lei das estatais, a autonomia do Banco Central e o marco do saneamento.
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Passada a eleição de outubro, os dados apontam que foi gerada incerteza sobre os rumos da economia nacional. “Por conhecer a forma de atuar do governo que assumiu, os empresários têm receio, porque houve medidas no passado que levaram a um perfil econômico de crise”, contextualiza.
No Rio Grande do Sul, as estratégias adotadas pelo governador Eduardo Leite, desde o primeiro mandato, são vistas com bons olhos. O fato de ter conseguido aprovar, na Assembleia Legislativa, reformas estruturantes, como a previdenciária e a administrativa, fazem com que o Estado mostre bom encaminhamento das contas. “São elementos que contam de forma positiva para o Rio Grande do Sul”, reforça.
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Mas, assim como as medidas que passaram no último mandato, outras são apontadas como preocupantes. Uma delas refere-se ao reajuste do salário mínimo regional. No início do ano, o governador apresentou como indicador 10,6%. Mais recentemente, adiantou um novo acréscimo superior a 9%, com validade a partir de maio. “É muito ruim para a atividade produtiva, porque aqueles que já não estão muito bem ficam ainda piores”, justifica.
Segundo Baggio, a discordância dos empresários é ainda maior quando se observa o indicador apresentado como reajuste ao salário dos servidores públicos do Estado (6%). “Vale para a iniciativa privada, mas não para o setor público. Não faz, porque as contas não fecham nos cofres públicos, mas isso também acontece na iniciativa privada. De qualquer forma, não há indicativo de que a manutenção de um mínimo regional gere mais emprego”, destaca.
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O IDI-RS é formado por seis componentes que evoluíram em sentidos opostos na passagem de março para abril. A principal influência na sua queda veio do faturamento real (-8,6%), impactado também pela utilização da capacidade instalada (UCI), que caiu 2,2 pontos percentuais e atingiu 77,8%, e pelas compras industriais (-2,9%). Por outro lado, cresceram as horas trabalhadas na produção, 1,2%; o emprego, 0,4%, o que não ocorria desde setembro do ano passado, e a massa salarial real, 1,1%.
Na comparação anual de 2023 com iguais períodos de 2022, também houve recuos do IDI-RS de 4,7% em abril (o quarto seguido na comparação com o mesmo mês do ano anterior), e de 2,7% no acumulado dos primeiros quatro meses. A queda da atividade industrial até abril deste ano é disseminada, atingindo quatro dos seis componentes do IDI-RS e 11 dos 16 setores analisados.
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