Um episódio de grande repercussão nacional no meio esportivo em 2021 ganhará seu desfecho nesta sexta-feira, 25, em Venâncio Aires. O jogador de futebol William Cavalheiro Ribeiro, de 31 anos, será julgado em sessão do Tribunal do Júri por tentativa de homicídio qualificado contra o árbitro Rodrigo Crivellaro. A qualificadora – dispositivo que pode ampliar a pena – foi elencada pelo motivo fútil.
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A sessão será presidida pelo juiz João Francisco Goulart Borges e começará às 9 horas, no Fórum da Capital do Chimarrão. O crime pelo qual ele será julgado aconteceu na noite de 4 de outubro de 2021. William atuava pelo São Paulo de Rio Grande em partida contra o Guarani, no Estádio Edmundo Feix, válida pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Gauchão. Aos 14 minutos do segundo tempo, a equipe de Venâncio Aires vencia por 1 a 0.
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Após ser advertido com um cartão amarelo, William desferiu um soco no rosto de Crivellaro, que apitava a partida. Com a vítima caída no chão, ele ainda chutou a cabeça dela. Crivellaro sofreu fratura nas vértebras e teve de usar colete cervical, fazer fisioterapia e ficar 90 dias afastado das atividades profissionais. Só voltou a apitar em 20 de abril deste ano.
William, que fez a base pelo Internacional e atuou em 2017 pelo Avenida, tem histórico de agressividade. Em 2021, antes do episódio em Venâncio, dois relatos de desavenças já o envolviam. Em jogo do São Paulo contra o Lajeadense, mesmo sem estar relacionado para a partida, agrediu um torcedor. Em outro caso, também teria brigado com um sócio.
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Em entrevista à Gazeta do Sul, o promotor de Justiça Pedro Rui da Fontoura Porto, autor da denúncia contra o agora ex-jogador, detalhou um pouco do que irá explicar aos jurados nesta sexta-feira. “A acusação é de dolo eventual, ou seja, quando o agente assume o risco de matar. Nossa tese é de que até o momento em que ele deu um soco e derrubou o árbitro, era só lesão corporal. Porém, quando chutou a vítima prostrada ao solo, ele assumiu o risco de matar, pois sabia a força de seu chute e visou a região letal do corpo da vítima”, disse o promotor.
“A área da nuca não é protegida pela calota craniana e o bico de uma chuteira pode provocar tetraplegia ou morte. Ademais, em nenhum esporte, mesmo nos esportes de luta, se permite agredir um adversário na cabeça quando este já está prostrado ao solo. E o árbitro nem sequer era um adversário”, complementou Porto. As imagens da gravação da partida, feitas pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), circularam pelo País.
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William foi preso em flagrante pela Brigada Militar ainda no Estádio Edmundo Feix, mas foi solto no dia seguinte pela Justiça. Desde então, o Ministério Público de Venâncio Aires vem pleiteando a prisão preventiva, principalmente porque nove meses depois do fato em Venâncio, em 24 de julho deste ano, o acusado reincidiu no mesmo delito. Em um jogo de futebol sete em sua cidade natal, Pelotas, após levar um cartão amarelo, agrediu com um soco o árbitro Jones Belém.
Mesmo diante do histórico prévio e da reincidência após o fato em Venâncio, o Poder Judiciário negou todos os pedidos de prisão preventiva feitos pelo MP, e ele irá responder em liberdade amanhã pela tentativa de homicídio contra Crivellaro. O defensor de William será o advogado Fábio Gonçalves. A pena para homicídio qualificado, prevista no Código Penal, é de 12 a 30 anos de reclusão. Quando o crime é tentado, poderá haver diminuição de um a dois terços em caso de condenação.
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