Quando Ederson José de Aquino e Luis Carlos Gonçalves se conheceram, há sete anos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo era proibido no Brasil. Em 2011, no entanto, essa realidade mudou e a união civil para casais homossexuais passou a ser liberada em todo o País. Na próxima quarta-feira, em Estrela, o casal de técnicos em enfermagem vai ser o primeiro a exercer esse direito no município. Juntos há quase uma década e dividindo a mesma casa há cerca de um ano, eles optaram por fazer uma cerimônia simples, no cartório, seguida de uma sessão de fotos para compor o primeiro álbum após a troca de alianças.

A história dos gaúchos começou com a ajuda de uma amiga, que os apresentou por meio de uma foto e, depois, pessoalmente. Desde então, os dois ficaram, namoraram, trabalharam juntos, terminaram, voltaram e hoje estão determinados a construir o futuro lado a lado. Durante todo esse tempo, o preconceito apareceu sob diversas formas, inclusive dentro de casa, já que os pais de ambos não aceitam sua união e orientação sexual.

Hoje, depois de passar por muitas experiências e provações, sempre envolvidos pelo amor, aprenderam a conviver com a intolerância e acreditam que o que realmente importa é estar feliz consigo mesmo. “Não nos magoamos mais, não damos liberdade para as pessoas nos machucarem. Somos muito felizes pelas nossas escolhas e pelo que conquistamos juntos”, contou Luis, de 28 anos. Ederson tem 23.

A oficialização da vida a dois está marcada para quarta-feira, às 9h50, e a roupa a ser usada no cartório já foi definida: ternos pretos e gravatas vermelhas simbolizando o amor. Eles comemoram a mudança de estado civil. “Namorar foi ótimo, morar junto também e casar vai ser melhor ainda”, afirmou Luis. Apesar de não poderem realizar uma cerimônia religiosa, devido à resistência das igrejas, contam que foram muito bem recebidos no cartório. Todo o processo burocrático foi tranquilo e sem complicações. Optando por casar com união de bens, Luis e Ederson estão entusiasmados com a ideia de adquirir a casa própria e conquistar mais conforto para o lar.

Adoção está nos planos

Nos próximos anos, os dois, que hoje são “pais humanos” de três gatos e três cachorros, pretendem realizar o sonho de criarem filhos e, inclusive, já se informaram sobre o processo. “Teremos que realizar um pedido de adoção, procurar o fórum e dar entrada nos papéis”, explicaram. Munidos de coragem e muita cumplicidade, acreditam que serão uma família feliz, capaz de motivar outros tantos casais por aí. “Temos muito amor pra dar e sabemos quantas crianças hoje aguardam uma família. Pai é quem cria, e nós seremos pais excelentes”, afirmou Luis.