O Junho Violeta busca a conscientização e a dedicação ao combate à violência contra a pessoa idosa, com um mês dedicado à ações que visam à prevenção e reflexão sobre o assunto. Em entrevista ao programa Giro Regional da Gazeta FM 98.1, na última terça-feira, 15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, a presidente do Conselho Municipal do Idoso de Arroio do Tigre, Laíse Kunz, destacou a importância dessa campanha.
Conforme ela, o Junho Violeta é uma iniciativa de nível nacional que nos convida a um período de reflexão, para que juntos seja possível enfrentar essa questão que atinge a sociedade. Laíse salientou que essa violência são ações que prejudicam a integridade física e emocional da pessoa idosa, interferindo no seu papel social. “A gente percebe também que essa violência deixa marcas, sequelas, de uma relação muito desigual entre a vítima e o agressor, acontecendo como uma quebra da expectativa positiva. No caso, os idosos acabam muitas vezes se sentindo ameaçados pelos próprios familiares, filhos, cônjuge, parentes, cuidadores e a comunidade em geral”, ressalta.
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A presidente do Conselho afirmou que essa campanha é uma maneira de alertar sobre esse problema. De acordo com ela, o Estatuto do Idoso descreve a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão, que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Laíse explicou que os idosos têm dificuldades para denunciar a prática da violência, em virtude da sua própria mobilidade, e além disso muitos possuem comorbidades, dependem de alguém, o que acaba dificultando a denúncia.
De acordo com Laíse, existem três tipos de violência: a estrutural, que é a parte da miséria, das desigualdades sociais, que representa 8% da violência; a violência institucional ou pela omissão da gestão administrativa dos municípios, dos estados, do governo, em não proporcionar políticas públicas sociais para os idosos, que representa 12%; e a violência interpessoal, entre as pessoas, que representa 80% das denúncias.
Segundo a presidente do Conselho, através da denúncia, que pode ser sigilosa e feita através do telefone (51) 3747-1300 em horário comercial, membros do Conselho vão até a casa do idoso, visitam a família, esclarecem a situação e estabelecem as medidas. Contudo, quando a situação foge do controle da entidade, é encaminhada ao Ministério Público, para a Brigada Militar ou Defensoria Pública. “Tem toda uma rede de apoio”, disse. Também é possível denunciar através do Disque 100.
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Alerta
O Disque 100, ou Disque Direitos Humanos, é um canal de atendimento 24 horas, disponibilizado pelo governo federal, que recebe, analisa e encaminha denúncias de violação dos direitos humanos para os órgãos responsáveis. Conforme dados publicados nesta semana pela Agência Brasil, as denúncias de violência contra pessoas idosas representavam, em 2019, 30% do total de denúncias de violações de direitos humanos recebidas pelo canal telefônico, o que somava em torno de 48,5 mil registros. Em 2018, o serviço recebeu 37,4 mil denúncias de crimes contra idosos.
Já no fim do ano passado, com o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, o número observado em 2019 aumentou 53%, passando para 77,18 mil denúncias. No primeiro semestre de 2021, o Disque 100 já registra mais de 33,6 mil casos de violações de direitos humanos contra o idoso no Brasil.
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Segundo a Agência Brasil, muitos idosos, porém, não denunciam a violência sofrida por medo ou por vergonha, uma vez que, na maioria das vezes, as agressões ocorrem já há bastante tempo e dentro do próprio domicílio. Por isso, o número de denúncias feitas por meio do Disque 100 não corresponde inteiramente à verdade – é subnotificado.
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