A fábrica de cigarros da Japan Tobacco Internacional (JTI) em Santa Cruz do Sul vai suspender a produção a partir da próxima segunda-feira, 2, antes mesmo da inauguração oficial. O motivo é a falta de uma licença de comercialização, que deve ser emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A empresa só tem autorização para comercializar no Brasil as marcas Camel e Winston importadas. Para que o tabaco produzido no País seja usado, é necessário que a Anvisa altere a licença da JTI. No entanto, o processo que deveria durar 30 dias já está com cerca de dois meses de atraso.
A fábrica, primeira da empresa no Brasil, já atingia níveis recordes de produtividade, inclusive para padrões internacionais. Com a produção acelerada, o estoque ficou acumulado e não pôde ser escoado e, por isso, vai ser necessário paralisar a produção.
“É uma situação inusitada. Começamos a operação da nossa fábrica em abril, após a permissão da Receita Federal. A produção começou a todo vapor na primeira linha. Serão quatro linhas até setembro. Mas o que já está sendo produzido, para poder ser comercializado, precisa ter uma extensão de licença que a Anvisa dá para as nossas duas marcas aqui no Brasil”, explicou o diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação, Flávio Goulart, em entrevista à Rádio Gazeta na tarde desta sexta-feira, 29.
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De acordo com ele, somente são comercializadas as marcas importadas da Alemanha. “O que é produzido aqui no Brasil precisa dessa licença adicional. A Anvisa está há 70 dias analisando o caso e, infelizmente, ainda não liberou a licença. Por conta disso, a fábrica que estava batendo recorde de produtividade vai ter que parar as atividades por, pelo menos, 60 dias a partir de segunda-feira”, afirmou. Segundo Goulart, a Anvisa teria informado que a demora tem ocorrido em função do excesso de processos que estão para análise do órgão. Ele ainda comenta que mesmo que a liberação ocorresse nesta sexta, as atividades teriam que ser interrompidas devido ao estoque alto. “Calculamos dois meses de parada para permitir escoamento do estoque.”
Dentre os prejuízos que a JTI terá em razão da medida, conforme Flávio, está o envio de funcionários para uma fábrica da empresa na Polônia, a liberação de outros trabalhadores e o atraso para a contratação de 20 novos colaboradores. A unidade da JTI para produção de cigarros, em Santa Cruz, é fruto de um investimento de R$ 80 milhões. Operando com apenas uma das linhas montadas, a unidade já se preparava para colocar a segunda para funcionar. A unidade tem inauguração marcada para o dia 26 de setembro.
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