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ideias e bate-papo

Jovens há mais tempo

Ir ao banco soa como um exercício quase medieval. Comum há alguns anos, o hábito foi gradativamente sendo desativado Primeiro eram os cartões de crédito/débito. Depois vieram as operações através do uso do computador. Posteriormente as operações migraram para o telefone celular e agora estão nos relógios de pulso. Tudo está concentrado nesses dispositivos com o objetivo de ganhar tempo, evitar demoras e cumprir rotinas sem sair de casa ou do trabalho.

Recebi um vídeo com o título “A facilidade afasta as pessoas” que trata com sabedoria este verdadeiro fenômeno da vida moderna. Em pouco mais de 30 segundos, uma bela mulher, de olhos claros, conta que levara o pai até uma agência bancária. Ela conta que isso levou um tempo, causou certa irritação nela, tudo isso em decorrência das filas.

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Mesmo conhecendo o pai, a moça indagou por que ele não permitia baixar o aplicativo do banco no celular para evitar os aborrecimentos sofridos na fila. Com paciência e falando pausadamente – conta ela – o homem respondeu:

– Lá no banco, falei longamente com quatro pessoas desconhecidas. E quer saber? Eu adoro este “contato físico” que permite trocar ideias, dialogar e conhecer gente nova, coisas que usando o celular não é possível a gente fazer – justificou.

A intromissão da tecnologia em praticamente todas as nossas rotinas tem como objetivo “oficial” facilitar a vida, agilizar procedimentos, evitar perda de tempo. Paradoxalmente vivemos uma era sem precedentes em relação aos avanços de ferramentas e plataformas modernas. Mas ao mesmo tempo, e por incrível que pareça, nunca antes tivemos índices tão elevados de casos de solidão, depressão e suicídios.

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A comparação remete a um meme que circulou bastante há tempos atrás através do WhatsApp. O desenho mostrava um velório, dezenas de cadeiras vazias e apenas quatro pessoas rezando. A mulher, que deveria ser a viúva, olha em volta com desânimo e desabafa:

– Puxa vida… tem tão pouca gente aqui, mas ele tinha tantos amigos no Facebook! – diz a mulher.

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A modernidade do século 21 criou um contingente de pessoas que estão atualizadas de todas as novidades. Além disso, conhecem um sem-número de dispositivos tecnológicos, mas não conseguem sair de casa. É gente que raramente vai a um bar para tomar um chope, jogar conversa fora, recordar os bons tempos e dar boas risadas.

Há dois anos me reúno semanalmente com um pequeno grupo de amigos em botecos. São parceiros de 20, 30, 40 anos de amizade. Quase sempre alguém falta, coisas da vida. Mas os encontros são marcados por sonoras gargalhadas e imitação dos ausentes. O bar é nosso divã e a cerveja os medicamentos, companheiros inseparáveis para nós, sessentões, jovens há mais tempo.

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