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“Aqui tenho tudo”, diz jovem paranaense que voltou ao campo para investir na agricultura

Um jovem filho de agricultores de Rebouças, no Paraná, decidiu voltar ao meio rural após ter feito a experiência de trabalhar na cidade. Matheus Lopes, de 25 anos, reside com seus pais, Sebastião e Maria Judite, e o irmão Gustavo, de 12 anos, na localidade de Barra dos Andrades, a 15 quilômetros da sede do município. Em 2016, após concluir o Ensino Médio, ele se mudou para a cidade próxima de Irati, a 30 quilômetros, para trabalhar numa fábrica de chicotes. Imaginou que era uma alternativa de obter dinheiro fora da agricultura.

Nesta terça-feira, 18, quando recebeu a equipe da expedição Os Caminhos do Tabaco 2020 na propriedade, comentou que, na ocasião, entendeu que valia a pena fazer a tentativa de experimentar uma carreira profissional na cidade. “A gente havia terminado de colher o tabaco na época. Já era março. E eu falei para meus pais que gostaria de tentar uma vida na cidade”, ressaltou. “Então meu pai disse que eu devia sim fazer isso, se era o que eu queria, até para ter uma ideia se ia gostar ou não. E então fui.” A remuneração mensal ficava entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil por mês.

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Apenas nove meses bastaram para que ele desistisse da experiência e voltasse para casa, a tempo inclusive de ajudar nos preparativos para o começo da colheita na safra seguinte. Desde esse momento, determinado a construir sua vida junto a seus pais e ao irmão mais novo no interior, auxilia no cultivo de tabaco e das demais culturas mantidas na propriedade de 10 hectares.

Na safra 2019/20, a família plantou 65 mil pés de tabaco, dos quais ele terá a receita de 25 mil a 30 mil pés, como sua participação. Isso lhe garantirá cerca de R$ 40 mil brutos, calcula. A colheita é realizada em parceria com as famílias de dois tios, Antônio e Vilmar, auxiliando-se mutuamente, e eles fazem a secagem em uma estufa de folhas soltas.

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Conseguem realizar a cura em uma única unidade, pois programam o plantio em duas parcelas, em épocas distintas. Além do tabaco, ainda arrendam uma área de soja, que resulta em colheita de 400 sacos, complementando a renda familiar, e cultivam os mais diversos produtos de subsistência. Criam ainda gado de corte e de leite, ovelhas, aves e suínos para seu consumo e para venda de excedente. “Diante da estrutura que temos hoje, está claro para mim que é isso o que quero para o meu futuro”, frisou. Já informou isso inclusive à namorada Sara Siuta, de 22 anos, natural do município vizinho de Mallet. “Aqui tenho tudo, e penso que posso ser feliz e me realizar no campo, plantando tabaco”, enfatizou.

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Entre os ucranianos

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Uma das características da produção de tabaco no Paraná é que ela envolve famílias de ucranianos. Os primeiros imigrantes chegaram à região de Ivaí, Rio Azul, Imbituva, Ipiranga e arredores no início do século 20. Hoje, municípios como Prudentópolis possuem cerca de 70% de sua população formada por ucranianos.

Uma das famílias de descendentes desse grupo é a de Anderson Rebinski, 25 anos, residente em Linha Dr. Silvino Farias, a 23 quilômetros da sede de Ivaí. Ao lado dos irmãos Pedro Ostrovski Rebinski, 40, e Sergio Rebinski, 37, cultiva 140 mil pés de tabaco.

Ele diz que em décadas passadas os agricultores apostavam em milho e especialmente feijão, cultura tradicional entre os ucranianos, mas que as famílias raramente obtinham algum lucro mais significativo. Segundo ele, foi com a adoção do tabaco em toda a região que finalmente a renda permitiu realizar investimentos mais arrojados em infraestrutura, tecnologia e construções, com qualidade de vida para todos. E com isso as prefeituras também passaram a ter mais receita para oferecer serviços à coletividade.

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O projeto

A Expedição Caminhos do Tabaco está na quinta edição e é uma iniciativa da Gazeta Grupo de Comunicações. O patrocínio é da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, Sinditabaco, Unisc, Afubra e Philip Morris Brasil, e o apoio é de City Car Aluguel de Veículos.

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Ronaldo

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Ronaldo

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