Desembarco às 6h50 no Centro de Porto Alegre. É segunda-feira, faz 7 graus, o tempo é seco. Os primeiros raios de sol espreitam entre os edifícios encobertos pela escuridão. Aos primeiros passos o peso da idade se manifesta. Foi um final de semana digno de um prontuário médico: tive gengivite, problemas estomacais, enxaqueca e dores pelo corpo. E o pior: não se trata de gripe ou resfriado.
Os hábitos sedentários, somados à alimentação pouco saudável, cobram o preço junto a este jornalista de 56 anos. Resultado: as idas à farmácia são cada vez mais frequentes. As despesas disparam. O preço dos medicamentos, mesmo os genéricos, estão nas nuvens. O rigor do inverso transformou o Rio Grande do Sul na meca das farmácias. A proliferação desses estabelecimentos chama a atenção, em todas as cidades, não importa o tamanho.
Antigamente, minhas idas às farmácias envolviam a compra de preservativos e antiácidos para curar a ressaca e os efeitos das noitadas – cotizou-se um amigo que padece dos mesmos males.
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O avanço da Medicina trouxe inúmeras melhorias na qualidade de vida. O desenvolvimento dos laboratórios – que forjaram a miserável frase “melhor idade” – prolongou nossa expectativa de vida.
As modernas drogas, no entanto, precisam vir acompanhadas de um novo estilo de vida que inclui exercícios físicos, consumo de alimentos naturais, cuidados psicológicos e espirituais. Do contrário, de nada adiantam os remédios milagrosos, as cirurgias plásticas rejuvenescedoras ou os esforços absurdos que tanta gente dispende em busca de eterna juventude.
Os especialistas recomendam que uma velhice saudável se inicia muito antes dos primeiros sintomas, antes dos 30 anos, para que o organismo ao longo dos anos sofra menos. Mas quem, em sã consciência, vai se preocupar com a velhice quando está no auge da vida?
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As dores do mundo, amplificadas a partir dos 50 anos, forjam o ser humano. Muitos defendem a necessidade de viver intensamente esta etapa, numa espécie de rito de passagem para a terceira idade. O que dói, além dos esforços físicos, é a falta de respeito aos idosos em nosso País.
Ao contrário dos países orientais, em especial no Japão, onde os velhos são festejados como sábios, no Brasil são tratados como estorvo. Muitos vagam pela casa dos filhos ou são internados em asilos. Assistindo a tanto descaso, a chegada da velhice me fez mais compreensivo com aqueles que acumularam uma respeitável “quilometragem”. Teremos, ainda, um mês de frio, umidade e vento. Que venha logo a primavera, para a alegria dos velhos. Aliás, para os jovens há mais tempo!
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