Polícia

Jovem foi morto em Santa Cruz por ter dormido ao invés de traficar

Ainda era escuro, pouco depois das 6h30 dessa quarta-feira, 10, quando oito viaturas da Polícia Civil deixaram a Delegacia Regional, no centro de Santa Cruz do Sul. Na base, minutos antes, cerca de 30 agentes foram orientados pelo delegado Alessander Zucuni Garcia sobre a série de mandados de busca e apreensão que seriam cumpridos em residências de pessoas subordinadas a um dos principais líderes da facção Os Manos no município. Ele é conhecido no submundo do crime pelo apelido de Toquinho.

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Conforme a investigação traçada no último mês pela 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP), esse homem de 43 anos, que cumpre pena na terceira galeria do pavilhão C da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, é o mandante do último homicídio registrado em Santa Cruz. Em 2 de julho, Bruno Machado de Moraes, de 21 anos, foi assassinado a tiros.

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Seu corpo foi encontrado próximo à escada de acesso a uma residência na Rua Presidente João Goulart, no Faxinal Menino Deus. Um morador encontrou o cadáver e acionou o Instituto-Geral de Perícias (IGP). O jovem não possuía documentos e populares informaram que não o conheciam. Familiares o identificaram somente na manhã seguinte. Os policiais civis cumpriram a maioria dos mandados no mesmo bairro onde o corpo foi localizado.

Outras ordens judiciais foram efetuadas em um apartamento do Bairro Independência e em residências do Loteamento Berçário Mãe de Deus, no Bairro Santuário. A reportagem da Gazeta do Sul acompanhou com exclusividade a operação da 2ª DP, que contou com apoio da 1ª DP, Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e DP de Vera Cruz.

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Um jovem de 21 anos foi preso e uma grande quantidade de drogas foi apreendida, além de outros elementos que darão subsídios à investigação, como a motocicleta que teria sido usada no homicídio. Conforme o delegado Alessander Garcia, ao longo das últimas semanas, foi levantado um panorama das pessoas que possuíam relação com Toquinho, incluindo o jovem preso, que figurava como possível associado do líder da facção.

“Objetivamos inicialmente nesta operação apreender armas de fogo e provas que substanciem a investigação. Mapeamos quem eram os indivíduos que podiam estar com as armas e eram ligados ao traficante que a investigação aponta como sendo o mandante do homicídio, para depois cumprirmos os mandados de busca. Como o assassinato teve como pano de fundo o tráfico de drogas, terminamos por encontrar entorpecentes em alguns locais”, comentou Alessander.

Dormiu em vez de traficar

A investigação do homicídio de Bruno Machado de Moraes segue em curso. Embora já tenha sido confirmado que o crime foi cometido a mando de Toquinho, o objetivo agora é identificar o autor dos disparos que vitimaram o jovem. Em entrevista à Gazeta, o delegado titular da 2ª DP revelou os bastidores do caso, que foi apurado ao longo das últimas semanas pelos agentes.

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“Estamos trabalhando para chegar no executor. Temos elementos importantes de identificação do mandante. A vítima trabalhava na venda de drogas para esse apenado e não trabalhou direito. Ele fazia telentrega de drogas. No turno dele, acabou dormindo e não foi trabalhar, o que ocasionou o homicídio”, revelou Alessander Zucuni Garcia.

Toquinho foi preso em 2013 pela Brigada Militar: longa ficha

Toquinho é conhecido pela sua frieza, demonstrada também pelo grande número de ocorrências que tem em sua ficha. São sete registros por homicídio, além de outros crimes. Mesmo dentro do presídio, continua comandando, atuando no comércio de entorpecentes em alguns bairros de Santa Cruz, Vera Cruz e Cachoeira do Sul. Permanece um integrante de renome dentro da organização criminosa que é voltada para o narcotráfico e homicídios e domina o comércio de drogas no Vale do Rio Pardo.

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Sua escalada no mundo do crime foi meteórica. Da primeira ocorrência, em 1998, por um furto de máquina de lavar roupas em uma residência, Toquinho passou a assaltos a estabelecimentos comerciais, violência doméstica, porte ilegal de arma de fogo e tráfico.

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Em fevereiro passado, ele foi o alvo principal de uma megaoperação chamada Armaggedon, deflagrada pela Polícia Civil de Vera Cruz. Na ocasião, 35 mandados foram cumpridos em cidades da região por 111 agentes.

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Guilherme Bica

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