Uma estudante de Salto do Jacuí, na região Centro-Serra, foi a Brasília para participar do programa Jovem Senador. Andriely Camargo de Oliveira, 15 anos, representou o Rio Grande do Sul no projeto, que mostra o funcionamento da atividade legislativa.
A aluna do primeiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Castelo Branco embarcou no início do mês com a professora orientadora Gisele da Rocha. Ela e os 26 jovens selecionados, um de cada estado e do Distrito Federal, participaram da Semana de Vivência Legislativa no período de 5 a 9 de agosto. Já no primeiro dia, elegeram a Mesa Diretora e instalaram as comissões técnicas.
Durante a cerimônia de recepção, Andriely e a professora subiram a rampa do Palácio do Congresso Nacional segurando a bandeira do Rio Grande do Sul. De lá, seguiram para a cerimônia de posse, presidida pelo senador Paulo Paim (PT) no plenário do Senado.
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Ao dar boas-vindas à conterrânea, o parlamentar gaúcho enfatizou que Andriely era a aluna mais jovem a participar do programa. Ela foi chamada para fazer a leitura do nome dos colegas, conforme a formação dos estados.
Ficou emocionada por representar o Rio Grande do Sul, especialmente após a catástrofe climática. “Foi uma forma de mostrar para as pessoas que estão fora do Rio Grande que, mesmo com toda essa tragédia que o nosso estado passou, estamos em busca de recuperação e que tudo vai ficar melhor”, comentou Andriely.
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A professora Gisele afirmou que não tinha ideia da grandiosidade do projeto. Para ela, os jovens teriam apenas uma breve noção do que era o Senado, mas admitiu que estava enganada. Segundo a educadora, os profissionais do parlamento valorizaram os alunos e os trataram como congressistas. “Durante a semana, o Senado todo se voltou para os 27 jovens senadores”, evidenciou.
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Para representar o Estado no programa, Andriely se classificou no concurso de redação que teve como tema Os 200 anos do Senado e os desafios e o futuro da democracia. A estudante disse que decidiu participar com o propósito de treinar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No texto, contou a história do Senado, destacando a participação da mulher na política, a partir da primeira parlamentar brasileira. Também falou sobre os desafios que podem ser enfrentados no futuro, como o uso das redes sociais em ataques à democracia.
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A redação foi escolhida pela escola e encaminhada à Secretaria Estadual da Educação, que enviou seu texto e de outros dois alunos. No Senado, foram avaliados por comissões julgadoras, que classificaram a redação de Andriely como a melhor para representar o Rio Grande do Sul.
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Entre os jovens participantes, há 15 mulheres e 12 homens, com idades entre 15 e 18 anos – sendo a gaúcha a mais jovem. Mais de 80% eram de cidades do interior, incluindo Andriely, e apenas quatro são de capitais.
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Para viajar a Brasília, ela e a professora receberam passagem aérea, hospedagem, alimentação e locomoção, custeados pelo Senado Federal. As duas ainda foram premiadas com notebooks. Saíram da base aérea de Canoas na manhã do dia 2, sábado, às 7h30. De lá, foram para São Paulo. Chegaram à capital brasileira na madrugada de domingo. Para a jovem, foi uma grande experiência, já que nunca viajara em um avião.
De volta a Salto do Jacuí, a filha de Teresinha Aparecida de Camargo Oliveira e Cleonei Veiga de Oliveira avaliou sua experiência. Embora não pretenda seguir na vida política, compreendeu a importância do trabalho exercido no Senado.
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A professora Gisele considera que os participantes voltaram para casa com a autoestima elevada, cientes da capacidade de protagonismo, da potência de sua fala e ações. Defendeu ainda que é a chance de mudar a política por meio do engajamento jovem. “Ele torna-se articulador na escola, porque é uma vivência que certamente traz bastante amadurecimento, traz uma visão do todo”, justificou, ao reforçar que se trata de uma oportunidade que normalmente apenas os adultos eleitos teriam.
A diretora da Escola Estadual Castelo Branco, Daiane Trevisan, frisou que é a primeira vez que uma aluna é selecionada. Para ela, o fato de uma estudante do interior participar de uma atividade em Brasília mostra que os jovens podem sonhar e construir o seu caminho pela educação. “É um exemplo de protagonismo e dedicação.”
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Entre terça e quarta-feira, percorreram as instalações e conheceram as atividades parlamentares. Também puderam visitar os gabinetes dos senadores e entender um pouco mais a rotina dos congressistas. Caminharam ainda pela Praça dos Três Poderes e foram ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal.
Já na quinta-feira, marcaram presença na audiência pública da comissão de Direitos Humanos sobre educação midiática. Lá, puderam fazer perguntas e sugestões aos convidados. Para Andriely, foi uma oportunidade única poder conhecer os senadores e entender o papel que exercem. “Há uma grande movimentação dentro do Senado Federal, eles trabalham 24 horas por dia. Foi uma semana de bastante trabalho, uma semana muito cansativa, mas que valeu muito a pena”, afirmou.
Os professores orientadores tiveram atividades paralelas, incluindo momentos com assessores legislativos e profissionais da Comunicação do Senado. “Nós aprendemos muito, desde maneiras para melhorar nossa comunicação até o entendimento de como se dão os meandros do Senado Federal”, afirmou a docente.
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Os trabalhos foram encerrados na última sexta-feira, com aprovação das propostas apresentadas pelas comissões formadas pelos 27 jovens senadores. Entre elas, havia as de saúde e meio ambiente (denominada Nísia Floresta), ciência e saúde (Sobral Pinto) e educação (Cecília Meireles) – da qual Andriely Oliveira participou.
Seu grupo propôs que o Exame Nacional de Avaliação Seriada (Enas) fosse utilizado em processos seletivos de acesso a instituições de educação superior. Os demais sugeriram a proibição de aplicação aérea de agrotóxicos em localidades específicas e a proibição do anonimato nas redes sociais.
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As propostas foram encaminhadas à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, como Sugestões Legislativas (SUGs). Posteriormente, serão apresentadas aos senadores. Caso sejam aprovadas pela CDH, tramitarão normalmente pelo Congresso Nacional e poderão, futuramente, se tornar projetos de lei.
Para Andriely, elaborar uma proposta de lei foi uma missão desafiadora. E exigiu que os nove integrantes da comissão debatessem as ideias para chegar a um único propósito. “Essa experiência nos ensinou como a sociedade deve ser democrática. É necessário que a gente aprenda a respeitar a opinião do outro, mesmo que não seja a mesma que a nossa”, enfatizou.
A professora orientadora frisou que as atividades estimulam os jovens a pensar sobre as vivências políticas. “Não a política partidária, mas a política no real, no sentido da palavra, da formulação das leis, as leis que são necessárias para resolver problemas sociais, essa análise social mesmo”, observou Gisele.
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Em audiência com os estudantes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, enfatizou a importância dos projetos de lei que apresentaram. O político frisou que uma lei pode mudar destinos, por isso exige tanta responsabilidade.
Já o presidente do Conselho do Projeto Jovem Senador, senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de resolução que criou o programa, enalteceu a capacidade dos alunos. Afirmou que, como presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), fará o possível para que as sugestões se tornem projetos de lei. “Vou indicar os relatores que tenham um compromisso com a pauta da juventude. Essas propostas deles poderão ser aprovadas não só no Senado, mas também na Câmara e sancionadas pelo presidente da República”, afirmou Paim à Agência Senado.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que participou das atividades, frisou que o Jovem Senador é uma iniciativa “frutífera”, que ajuda a gerar novas gerações de políticos no País. “Nos ajudem a unir esta nação, que é tão espetacular e tão incrível”, ressaltou.
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