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DIA DA JUVENTUDE RURAL

Jovem casal sinimbuense aposta na produção orgânica para se manter no campo

Foto: Alencar da Rosa

Mateus e Taís sabem da importância de procurar alternativas que gerem renda e assegurem educação e cuidados para o filho de 6 anos

No passado, os imigrantes desbravaram na base do facão, puxados pela carroça de bois, os campos do interior gaúcho. Eles semeavam a terra, e junto com a semente jogada no solo estavam sonhos e objetivos. Do árduo trabalho dos antepassados nasceu a atual sociedade, que vai se adaptando às novas realidades. Atualmente, os desbravadores são os jovens que levam o trabalho e a coragem para o campo, apostando em um futuro melhor. Esse tipo de iniciativa conquista visibilidade em datas como essa sexta-feira, 15, quando é celebrado o Dia Estadual da Juventude Rural, instituído em 1999 como forma de valorizar a categoria.

O casal Mateus Rodrigues da Silva e Taís de Oliveira Moura, ambos de 25 anos, serve de exemplo de como as novas práticas na agricultura familiar camponesa podem auxiliar na manutenção da população no campo. Em Linha Branca, interior de Sinimbu, eles produzem tabaco agroecológico, sem utilização de agrotóxicos, além de hortaliças, leguminosas e frutas. Através do apoio de cooperativas e entidades privadas, conseguem vender toda a produção para uma empresa de São Paulo ligada à Rede Sul, uma cooperativa de alimentos que atua no Sul do País. A intermediação que permitiu o processo deu-se a partir do auxílio da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (Efasc).

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“Vivemos na realidade do tabaco. A proposta da empresa é de acompanhar por três anos a gente produzindo o tabaco sem agrotóxico, mas a ideia é que dentro de três anos consigamos sair do tabaco para cultivar só alimentos orgânicos para a venda”, aponta Taís. O jovem casal conseguiu apoio para iniciar a vida no campo, mesmo com dificuldades. Mas a realidade da maioria não é essa, admite Taís.
“Tem pouco apoio. É difícil tu ver jovens que querem ficar no campo. Não existem políticas públicas de incentivo, nem diversificação. O jovem não vê saída. E a acessibilidade também é muito importante. O jovem quer estar conectado. A distância, a questão de internet e acessibilidade fazem com que ele queira migrar. Existe uma construção cultural de que não é legal tu viver no interior”, explica.

Talento e visão empreendedora

Taís e Mateus estudam juntos em Santa Cruz do Sul, na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). Eles frequentam o curso de bacharel em Agroecologia. Foi em 2019, ao entrar na faculdade, que Taís viu a oportunidade de usar os conhecimentos adquiridos na academia em prol da família. Mateus ainda complementa a renda familiar fazendo bicos trabalhando em restaurantes no Centro de Santa Cruz. Aos 25 anos, o rapaz demonstra confiança no trabalho. Para ele, a vida no interior deve seguir a busca da harmonia com o meio ambiente, empregando práticas corretas na produção de alimentos.

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Um dos objetivos é, em breve, produzir no sistema agroflorestal, com o plantio de árvores em conjunto com as culturas agrícolas. “A gente produz e está amparado. Mas vemos dificuldades grandes na própria comunidade, que está toda vinculada ao tabaco. A partir do momento que tu opta por deixar de plantar o tabaco para produzir o alimento, vai vender para quem? Está muito enraizado”, diz. Para um casal jovem, ele salienta que começar a produzir tabaco convencional do zero é inviável, pois o custo costuma desafiar os planos. “O preço dos insumos é muito alto, plantar se torna muito caro. Quem já está no sistema tem dificuldade para sair, pois já está vinculado. E para quem quer plantar outra coisa que não seja tabaco, se torna difícil por não ter amparo”, reforça.

O pequeno Rafael, que mesmo com 6 anos já demonstra grande conhecimento sobre o campo e as culturas, diz gostar mais da vida na cidade. Quando questionado sobre o motivo, a resposta é certeira: “Porque eu gosto de pizza e aqui não tem pizzaria!” Mas com exemplos de jovens como os pais, Taís e Mateus, novos horizontes podem se abrir para as próximas gerações, bem como fizeram os primeiros imigrantes. “Quem sabe ele não abre uma pizzaria por aqui mesmo?”, brinca Taís.

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