Preso no Rio de Janeiro na quinta-feira, 15, acusado de armazenar fotos e vídeos de pornografia infantil e investigado pela denúncia de pagar por sexo com um adolescente de 12 anos, o ator José Dumont, de 72 anos, também é investigado por supostas relações sexuais com crianças e adolescentes na Paraíba, seu Estado natal. O caso foi denunciado em 2009, mas a investigação, que tramita em sigilo, não avançou. As tentativas de ouvir o ator foram frustradas. Após sua prisão no Rio, essa providência deve ser tentada novamente.
Em 2009, Dumont morava ou passava temporadas em um apartamento em Cabedelo, município da Região Metropolitana de João Pessoa. Uma vizinha, moradora de andar mais alto e com vista para o apartamento do ator, afirmou ao Ministério Público Federal que via Dumont receber crianças e adolescentes e praticar sexo ou atos libidinosos com eles. A denunciante, porém, não apresentou fotos, vídeos nem qualquer outra prova documental, nem indicou quem eram as supostas vítimas.
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A denúncia foi encaminhada à Polícia Civil, para investigações. Chamada a depor, a mulher confirmou as acusações, novamente sem apresentar provas documentais. Outra vizinha de Dumont também prestou depoimento e confirmou a denúncia, igualmente sem apresentar provas.
Um porteiro do prédio foi ouvido. Confirmou que o ator recebia crianças e adolescentes com frequência. Disse, porém, não ter considerado estranho porque, segundo o ator teria lhe dito, os visitantes eram parentes dele. O porteiro afirmou nunca ter flagrado nenhuma conduta suspeita do ator, no sentido de se aproveitar sexualmente dos visitantes.
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Mesmo sem conseguir localizar as vítimas nem ouvir o ator acusado, a Polícia Civil paraibana concluiu o inquérito e o encaminhou à Justiça, à qual cabia acionar o Ministério Público. O processo foi distribuído à 1ª Vara Mista de Cabedelo em 28 de agosto de 2013. Já teve quase 150 movimentações, mas nunca houve denúncia, porque o MP-PB considerou a investigação incompleta.
Até hoje nenhuma vítima foi localizada. As autoridades conhecem apenas o apelido de uma delas. O ator tampouco foi ouvido. Quando procurado, por carta precatória, em São Paulo e no Rio, não foi encontrado. Ao saber da prisão de Dumont, o MP-PB solicitou à polícia que repita a tentativa de ouvi-lo, para dar andamento à investigação.
Dumont atuou em mais de 15 novelas e séries da Globo e da extinta Manchete, além de participar de filmes e peças de teatro. Seu papel mais recente na Globo foi como o coronel Eudoro Mendes em Nos Tempos do Imperador, novela veiculada em 2021. Após saber da investigação, a emissora informou na quinta-feira que excluiu o ator de Todas as Flores, que ainda vai estrear na plataforma de streaming Globoplay.
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A Justiça do Rio de Janeiro converteu na sexta-feira, 16, em prisão preventiva, a captura do ator José Dumont. A decisão foi do juiz Antonio Luiz da Fonsêca Lucchese, que transformou a prisão – de flagrante para preventiva – durante audiência de custódia. O artista é suspeito de adquirir, possuir e armazenar imagens de pornografia infantil.
Na decisão, o magistrado considerou necessária a conversão da prisão em preventiva, devido à gravidade dos crimes praticados. “Policiais civis, ao cumprirem mandado de busca e apreensão em desfavor do indiciado, teriam encontrado em seu celular e no computador imagens e vídeos de crianças e adolescentes em prática de atos libidinosos. Note-se que teriam sido encontrados cerca de 240 arquivos, entre imagens e vídeos, o que indicia reiteração criminosa, além de uma transferência bancária para uma pretensa vítima do procedimento”, escreveu o juiz.
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Segundo o magistrado, a prisão cautelar é necessária para garantia da ordem pública e aplicação da lei penal. “Em razão da gravidade em concreto do crime, considerando que todas as imagens encontradas no celular e computador do indiciado se relacionam a crianças e adolescentes desnudas ou em prática de atos sexuais, considero que nenhuma das medidas cautelares diversas da prisão previstas no Artigo 319 do Código de Processo Penal, aplicadas isoladas ou cumulativamente, são suficientes para garantir a ordem pública, ou a aplicação da lei penal”, escreveu o juiz . O magistrado também decretou segredo de justiça nos autos do processo.
O ator ficará inicialmente na Casa do Albergado Crispim Ventino, dedicado a idosos, no Complexo Penitenciário de Gericinó. Dumont terá que passar por um atendimento médico, uma vez que é hipertenso, tem problemas na tireoide e gastrite. Após receber alta, será encaminhado para uma unidade prisional do Estado.
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*Por: Agência Brasil
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