Antes de Lutzenberger, ele foi José Antonio. O menino, nascido às 17h30 do dia 17 de dezembro de 1926, anunciava o senhor das 10h50 daquele 14 de maio de 2002. O filho de dona Emma e José, como chegou, também retornou, ainda que mais permaneça como “Lutzenberger”, ícone do ambientalismo, reconhecido aqui e lá fora. O sobrenome tomou forma a partir do momento em que José Antonio, aos 44 anos de idade, resolveu largar uma empresa de agroquímica, onde era muito bem remunerado e galgava cargos importantes, para se assumir no cerne que o sustentaria a partir de então: a luta ambiental.
Luta que o próprio Lutzenberger intervalou em quatro períodos: a dos anos 1960, quando da “descoberta” dos problemas ambientais; a dos anos 1970, identificada com os grandes confrontos e brigas; a dos anos 1980, em que se institucionalizaram os órgãos ambientais; e a dos anos 1990, tempo apropriado para a busca de soluções.
Foi nesses anos 1990 que Lutz, nome já consagrado, aceitou o cargo de secretário especial do Meio Ambiente do Brasil. Antes de assumir, José Antonio relutou. Todavia, viu no desafio a imensa oportunidade para disseminar as ideias e proposições. Havendo assumido a pasta em 15 de março de 1990, dela seria despedido em 22 de março de 1992, a menos de três meses do início da grande Conferência da ONU sobre meio ambiente, a ECO-92. Lutzenberger fora demitido, e, junto com ele, o menino José Antonio.
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Quando lhe perguntavam posteriormente, Lutz evitava falar desse tempo. Sentia-se José Antonio, o menino sonhador, recolhido a si mesmo e ao silêncio que, se muitas vezes dolorido, sempre o alavancava para novas lutas. Distanciado das luzes e sombras palacianas, Lutzenberger participaria do Fórum Global no aterro do Flamengo e voltaria a brilhar com vigor. Nos anos seguintes, foi ainda mais ouvido: seguiu na defesa da biodiversidade, dos indígenas, da produção saudável e da energia limpa. Propôs respostas concretas a problemas reais e se entusiasmou com Gaia, a Mãe Terra, que o receberia, encantada, há 20 anos. A mesma Terra que, no Parque Gruta dos Índios, abriga uma placa em homenagem a José Antonio Lutzenberger. A placa, instalada em 2003, pela Afubra, quando do “Encontro Sul-Brasileiro Verde é Vida”, exala o chamamento coletivo pelo conhecimento e ação ambiental protetiva. À semelhança das águas primeiras do Cinturão Verde, José Antonio verte saberes ambientais.
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