A jornalista e escritora santa-cruzense Claudine Zingler lançou no início de setembro Etnografia Poética do Tabaco: a memória é uma corda bamba. Vencedor do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc nº 14.017/2020, o projeto conta com poemas temáticos tratando do universo da cultura do tabaco no Vale do Rio Pardo, além de uma série de quatro entrevistas com pesquisadores e agricultores. A exposição virtual pode ser acessada gratuitamente desde o dia 6 de setembro no site claudinezingler.com.br.
Claudine tem vivência direta com a cultura do tabaco. A jornalista de 25 anos nasceu em Santa Cruz do Sul e cresceu em Vera Cruz e sua família é ligada à fumicultura. “O tabaco se confunde muito com minha vida, e acho que com a vida de muitas pessoas nascidas na região dos Vales. Meus avós maternos eram agricultores que cultivavam tabaco e meus avós paternos trabalhavam em empresas de tabaco na região.” Quando residia fora da região, ela notou que havia uma ideia estereotipada sobre o local e que sua relação com a cultura do tabaco era naturalizada e sem questionamentos.
LEIA TAMBÉM: Vale do Rio Pardo está com 95% das lavouras plantadas
Crescendo em torno desta cultura, a santa-cruzense frisa que o projeto surgiu de uma curiosidade a respeito de como o tabaco se estabeleceu na região, usando suas vivências como ponte. As lembranças da infância e das impressões de que era um trabalho pesado e que envolvia a família inteira foram duradouras. “Com certeza existem aspectos da cultura do tabaco que necessitam ser ao menos questionados, como, por exemplo, a falta de incentivo à diversificação do plantio, até mesmo para consumo próprio. Para tratar dessas questões, foi muito importante ter conversado com professores e também com pessoas que vivem a realidade no campo”, explica.
Publicidade
Entre junho e julho de 2021, Claudine entrevistou o coordenador de projetos da Cooperfumos, ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores, em Santa Cruz, Fabiano Pisoni; o professor Mateus Silva Skolaude, do curso de História da Unisc; a agricultora e dona de casa Nilsa Machado, e o professor Rogério Leandro Lima da Silveira, da pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Unisc. No mesmo período, a escritora compôs as poesias que fazem parte da exposição. São seis poemas cujo pano de fundo é a fumicultura, seus aspectos históricos, sociais e políticos inspirados por reflexões e pesquisas sobre o tema.
LEIA TAMBÉM: Tabaco lidera as exportações do agronegócio no Estado
O objetivo, segundo ela, é contar histórias e apresentar a cultura do tabaco e seu papel na história local, sem colocá-la como única opção, e evitando vilanizar a planta. Com a equipe de trabalho formada inteiramente por mulheres, Etnografia Poética do Tabaco conta com identidade visual de Carolina Moraes Marchese, desenvolvimento do site pela Idea Contenido de Kika Simone e Olivia Caetano, fotografia de Amanda Mendonça, assessoria de imprensa de Bruna Paulin, consultoria de redes sociais de Caroline Albaini da Bendita Comunicação e brindes criados por Marília Bianchini.
Sobre a autora
Claudine Zingler é formada em jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mediadora do clube de leitura Leia Mulheres e publica textos de sua autoria, tanto em poesia quanto em prosa. Está em processo de mudança para São Paulo, onde atua como assessora de imprensa para festivais, músicos e artistas. Escreve a newsletter Divaganças, na qual faz reflexões acerca da vida cotidiana, compartilha poemas e dá dicas culturais.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: O tabaco, valioso como sempre!