Se há algo do qual o ser humano jamais conseguirá se esquivar é o tempo. Entre um começo e um fim, entre a irrefreável e irremediável passagem dos ciclos, cumpre-se a vida. E como se preenche ou se ocupa esse meio determinará a biografia de cada um. Próximo de completar seis décadas de existência, o jornalista Gilberto Jasper, colunista da Gazeta do Sul, na qual assina a seção “Ideias e Bate-papo”, nas edições das sextas-feiras, sentiu-se impelido a realizar um sonho acalentado: reunir parcela de seus textos em livro. E é esse volume, sob o sugestivo título de O tempo é o senhor da razão e outras crônicas, que apresenta ao público regional neste sábado, 7.

A sessão de autógrafos acontecerá a partir das 10 horas na Livraria e Cafeteria Iluminura (Borges de Medeiros, esquina com Marechal Floriano), com exemplares à venda no local por R$ 50,00. Na obra, de 150 páginas, editada pela Pubblicato, de Porto Alegre, reúne 120 crônicas de diferentes épocas de sua atuação. A maioria, salienta, é dos últimos dois a três anos, mas há algumas de bem antes, e que inclusive abordam situações relacionadas a Santa Cruz. Traduzem sua já longa trajetória no jornalismo, que envolve duas passagens pela Zero Hora, uma delas de quase uma década e outra na condição de subeditor, além da experiência em assessoria política, desde o fim da década de 1980. Integrou as equipes de dois ex-governadores (Antônio Britto e Germano Rigotto) e de deputados na Assembleia Legislativa, bem como teve passagem de sete anos pelo Tribunal de Justiça.

A partir das áreas de atuação, as crônicas, distribuídas em sete capítulos, abarcam três grandes eixos: a atuação em assessoria de imprensa, a condição de repórter e as lembranças de alguém que nasceu no interior. Esse interior, no caso, é o do Bairro Bela Vista, em Arroio do Meio, a cerca de dois quilômetros da cidade, no Vale do Taquari. Lembra que defronte à residência dos seus pais ficava a sede da Fruki, empresa inclusive fundada pelo seu avô Bruno Kirst – o termo Fruki é a sigla formada a partir das iniciais de “Frutas Kirst”. Por volta dos 15 anos foi morar em Arroio do Meio para continuar os estudos, e depois transferiu-se para Porto Alegre, onde cursou jornalismo.

Atuou em veículos do interior do Estado, a começar pelo jornal O Alto Taquari, de Arroio do Meio, depois pelo jornal O Informativo do Vale e pela Rádio Independente, de Lajeado. Entre 1983 e 1985 integrou a equipe de redação da Gazeta do Sul e das rádios Gazeta AM 1.180, hoje Gazeta FM 107,9, e Gazeta FM 101,7. “Foi um período de grande aprendizagem. Lembro que estava hospedado na pensão do seu Normindo Wojahn, próximo da Gazeta, de maneira que podia viver intensamente a rotina no jornal”, frisa. Hoje é coordenador de comunicação do gabinete do deputado estadual Tenente-Coronel Zucco e em paralelo colabora com artigos e crônicas em diversos veículos da capital e do interior, bem como no site Coletiva.net.

“Para conformar o livro, fizemos pesquisa das crônicas de minha autoria dispersas nesses locais todos”, comenta. “Chegamos a cerca de 580 textos. Destes, selecionamos 200, depois 150, e por fim fechamos em 120, que são os incluídos no volume.” Contemplam temas como futebol, política, jornalismo, sociedade, família, amizade, sempre tão caros a cada pessoa. Amanhã, leitores, amigos e conhecidos de Santa Cruz e da região poderão conferir esse olhar retroativo de Jasper sobre sua própria caminhada, lembranças de sua passagem pela cidade e pela região, e as reflexões que lhe ficaram da condição de jornalista que sempre esteve próximo (por vezes bem próximo) do poder. No livro está aquilo que o tempo sugeriu para ele que era mais importante – e que devia ficar registrado.

Serviço

O que: lançamento do livro O tempo é o senhor da razão e outras crônicas, do jornalista Gilberto Jasper, com sessão de autógrafos.
Quando: amanhã, a partir das 10 horas.
Onde: na Livraria e Cafeteria Iluminura (Borges de Medeiros, esquina com a Marechal Floriano, no centro de Santa Cruz do Sul).
Quanto: exemplares estarão à venda por R$ 50,00.
Repare: algumas das crônicas estão relacionadas com Santa Cruz, onde Jasper atuou como repórter na Gazeta do Sul, junto à qual ainda assina coluna semanal às sextas-feiras.

“Uma das coisas mais fascinantes nos meus primeiros tempos de jovem repórter de jornal era a facilidade dos editores para elaborar manchetes agregadas às notícias e fotos. Um maluco gritava:
– Preciso de duas linhas de 12 toques pro caso do cara que matou o vizinho!
Em segundos as linhas simétricas brotavam da máquina de escrever com o resumo do texto, fruto de uma agilidade mental que me deixava boquiaberto.
No penúltimo semestre da faculdade pude finalmente exercer esta habilidade na Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul. Morei numa pensão de madeira e o verão inclemente do Vale do Rio Pardo me mantinha na redação até o final da noite. Isso permitiu conhecer toda a empresa que tinha, ainda, emissoras de rádio AM e FM.
O jornal circulava às terças-feiras, quintas-feiras e sábados. Na véspera eu ficava na redação até o fechamento da edição na companhia do diagramador e editor de Esportes, Ari Resch, um grande amigo que me acolheu ao chegar à cidade. Frequentemente mudávamos a manchete de capa minutos antes de as rotativas entrarem em ação.”

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