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Johnny Hooker e Liniker fazem show mais político do Rock in Rio

“Deixa eu bagunçar você?”, pergunta Liniker acompanhada de sua banda Caramelows? E aí, deixa? O público, que se reuniu em grande número em frente ao Palco Sunset, respondeu de forma clara. Em coro, cantava. Em uníssono, vibrava. Em casais, beijou. Em comunhão, celebrou. 

Celebrou o atual momento da cultura nacional. Uma cena vibrante, representada por três artistas que se revezaram ao microfone (e, por vezes juntos) para cantar a igualdade. Antes de Zero, a “canção da bagunça”, Liniker avisou: “Essa música é dedicada a todas as afetividades. A todas as formas de amor”.

Um momento que ferve as convenções, uma geração que promove um diálogo (ou seria evolução) a respeito de uma sociedade em transformação – e que seja para melhor. Porque um beijo entre Hooker e Liniker, ao final do belo dueto de Flutua não deveria ser uma contravenção. Deveria ser o que é. Um beijo. 

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E acabou por se tornar, o show de Johnny Hooker com os convidados Liniker e Almério, também o mais político do festival. Na atitude dos três no palco, na mensagem, na postura. Como já fizeram artistas no passado, quando o posicionamento político estava explícito e implícito nas suas canções, os três expressam o que sentem e pensam. Escancaram a insatisfação, como quando Liniker cantou um “fora Temer” em meio aos versos desesperadamente românticos de Zero. 

O público respondeu com gritos de aprovação, com o coro da mesma frase, entre uma canção e outra. Quando o telão ao fundo do palco exibiu a frase “amar sem temer”, cuja interpretação é livre àquele que a lê, mais palmas de aprovação. A comunicação entre artistas e público estava em sintonia ali. 

Era um show de Hooker com convidados, então o artista do Recife brilhou, todo coberto de lantejoulas douradas, prontas para refletir o sol do fim de tarde de domingo, 17. Alma Sebosa, cantada no início da performance, é um amor raivoso, daqueles que quer se arrancar do peito à força. 

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É daí que vem a arte de Hooker, da intensidade que se ama. Para o bem ou para o mal, ama-se como se fosse o último romance, a ponto de colocar fim na existência. Impiedoso, esse amor machuca e sangra, tal qual cantado em Amor Marginal, outra cantada a pleno pulmões, no palco e no lado de cá, do público. Com Almério, Hooker canta a saudade ardida de Volta – sozinho, o também pernambucano Almério executou Respeita Januário, de Luiz Gonzaga. 

Juntos, os três executaram Não Recomendado, canção de Caio Prado, uma pedrada das mais políticas. Ao final, os três cantores exibiram uma bandeira com a frase: “Acreditamos em um mundo melhor #amazonialivre”. E assim, no tom politizado, chegou ao fim um show sobre o amor. 

Afinal, o amor também é político. Em tempos de ódio, o amor é remédio. É a solução.

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