Quando João Suplicy mal havia abandonado as fraldas, isso no início da década de 1980, o garoto de olhos azuis tinha Supla, seu irmão mais velho, como maior ídolo. O adolescente, que ainda não sonhava em descolorir os cabelos, arrastava o pequeno João por todos os cantos da cidade de São Paulo, incluindo uma infinidade de shows de rock. Supla, inconscientemente, acabou moldando a personalidade musical de João. “Ele me levava escondido para algumas apresentações. Meus pais não sabiam que eu estava com ele. Isso me motivou a aprender a tocar um instrumento. Minha paixão pelo violão começou justamente nessa época. As bandas do Supla ensaiavam na casa dos meus pais. Via sempre aquela infinidade de coisas ali jogadas. Era a verdadeira Disney para mim”, afirma João Suplicy
Muitos e muitos anos depois, os irmãos cresceram e seguiram caminhos bem diferentes. João, hoje com 43 anos, se apaixonou pela música popular brasileira, decidiu estudar em Los Angeles, nos Estados Unidos, e lançou alguns discos durante sua carreira solo. Supla? Bom, Supla aprimorou ainda mais aquele seu jeitinho peculiar que todos conhecem tão bem. Explodiu com o Tokyo, sua ex-banda, foi parar no reality show Casa dos Artistas, do SBT de Silvio Santos, e ganhou popularidade com o boom do álbum Charada Brasileiro, em 2001. Faltava, no entanto, uma parceria sanguínea E ela veio. O Brothers of Brazil fez barulho. Foram, ao todo 5 trabalhos de estúdio. Juntos, Supla e João comandaram um programa de televisão e excursionaram mundo afora com uma extensa turnê internacional que passou por lugares emblemáticos da Europa e da América.
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Após um período de 8 anos na estrada com o irmão Supla no Brothers of Brazil, João decidiu alçar voos mais altos. Para ele, o som dos Brothers estava um tanto quanto desgastado. Coisas de família. “Nesse momento há, sim, um rompimento. O Supla tem agora a carreira solo dele e eu tenho a minha. Fizemos muitas coisas juntos, mas foi tudo muito desgastante. Até achei que pudéssemos conciliar, mas hoje vejo que não é possível. Paramos totalmente. Não fazemos mais show e cada um está focado em sua carreira solo. Se um dia vai voltar, isso só deus sabe”, declara ele.
Para retomar sua empolgação pela música, João lançou em julho o disco homônimo João. As 14 faixas do novo trabalho mostram uma paixão exacerbada pelo violão de nylon distorcido. João, inclusive, já havia lançado Um Abraço e Um Olhar (com participação de Zeca Baleiro), Dicionário do Amor e Tsunami do Amor, marchinha para o carnaval. “Eu não sei se é exatamente um disco de rock. Acho difícil dizer isso. Penso que é mais voltado para a MPB e o pop. É interessante que as pessoas tenham essa percepção devido à minha imagem no Brothers of Brazil. Jamais tive a pretensão de fazer um disco de rock. Não pensei nisso, na verdade. Eu tenho essa ligação forte com a MPB. Um dos discos da minha vida, por exemplo, é Olho de Peixe (1993), do Lenine.
A capa, que é inspirada no álbum American Recordings II, de Johnny Cash, foi sugestão do amigo e fotógrafo Edu Pimenta. A imagem em preto e branco sintetiza a essência do disco, que tem várias composições autobiográficas sobre a complexidade do amor. A “cara do João”, como ele mesmo afirma. Magia e Sedução externa a essência de uma paixão genuína e a plenitude de um sentimento mais profundo. Era Feliz coloca em xeque os dramas de uma separação e Enquanto Isso aborda os dilemas de um relacionamento proibido. “Há amor em tudo. Ele é fundamental para a essência de qualquer ser humano. Penso que, por intermédio dele, todos podem construir muitas coisas, independentemente do estado de espírito de cada um”, conclui ele.
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Todas as segundas-feiras, sempre às 20h30, João se apresenta ao vivo em sua página oficial no Facebook. A cada semana, ele bola um repertório diferente. As homenagens já foram feitas a Gilberto Gil, Elvis Presley e Tim Maia. O João ao Vivo do Quarto também já recebeu muitos convidados. Zeca Baleiro, Criolo, Kiko Zambianchi, Mestrinho e Nasi são alguns dos nomes de peso. Para João, o projeto abriu ainda mais seu leque musical na hora de compor. “Naveguei por vários estilos diferentes. As barreiras musicais foram feitas para serem quebradas. Eu já fui cobrado justamente por ter de aderir a um estilo, sabe? Tem blues na minha bossa e rock no meu baião. É assim que deve ser”, acrescenta João.
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