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ENTREVISTA

João Pedro defende que o voto seja pela coragem e fala em “Uber” público para Santa Cruz

Foto: Tuanny Giovanella

Candidato João Pedro detalhou iniciativas que planeja implantar em caso de vitória

O segundo candidato à Prefeitura de Santa Cruz do Sul a participar da última rodada de entrevistas entre os prefeituráveis na Rádio Gazeta FM 107,9 foi João Pedro Schmidt (PT). Em conversa de 40 minutos com o jornalista Ronaldo Falkenback, ele reforçou propostas apresentadas durante a propaganda eleitoral e a necessidade de a comunidade santa-cruzense votar com coragem, tentando fugir da ideia do “voto útil” (processo de migração de apoio para candidatos com suposta possibilidade de vitória na eleição).

Schmidt explicou algumas iniciativas que devem ser implementadas caso vença a eleição, em especial na área de mobilidade. Uma de suas bandeiras é a passagem gratuita no transporte coletivo, que é apresentada como uma forma de diminuir o número de veículos, sobretudo na área central, além de influenciar positivamente na questão ambiental. A medida, reforça o petista, funciona em mais de cem municípios.

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Adiantou que para isso não é necessário o rompimento do contrato com o consórcio que detém a concessão do transporte coletivo urbano, a TCS. Na mesma área, apresentou a ideia de implantação do projeto TáxiGov, que já funciona no governo federal e está em fase inicial no Estado. Por meio dele, o poder público contrata taxistas para o deslocamento de servidores.

A possibilidade de privatização do autódromo e municipalização do sistema de estacionamento rotativo também foi pauta do encontro. Não faltaram alfinetadas sobre as propostas de adversários, como a criação de centros de atendimento na área da saúde que consta nos planos de Helena Hermany (PP) e Sérgio Moraes (PL). Também apontou ser um erro o que chama de “voto contra os outros”, em uma referência à disputa entre as famílias Hermany e Moraes.

O que ele disse

  • “UBER” PÚBLICO
    “A gestão do PT de Araraquara, São Paulo, colocou em prática o que já se falava há tempo: ao invés de ser uma empresa privada, o transporte por aplicativo poderia ser gerenciado ou orientado pelo Município. Aqui no Rio Grande do Sul já tem exemplo com uma cooperativa. Quem presta o serviço são os motoristas organizados em cooperativa ou associação. A Prefeitura organiza, podemos contar com suporte técnico da Unisc. Isso exige um certo tempo, porque nós temos mais de 700 motoristas por aplicativo.
    Até que eles consigam organizar uma cooperativa, demora um tempo. Não é que a Prefeitura vai contratar mais funcionários para um aplicativo. Os trabalhadores prestam serviço com ele, garantindo segurança, carros em boas condições, os direitos trabalhistas assegurados. O Município não tem como proibir os serviços privados, mas ao oferecer um serviço de qualidade, a ideia é atrair o máximo de motoristas.
  • SISTEMA DE TÁXI
    “A presença de clandestinos é evitada por meio de fiscalização. Os clandestinos, muitas vezes, são trabalhadores precarizados, que se ‘lascam’ quando o carro estraga ou tem um acidente. Eles serão convidados a integrar a cooperativa. Os taxistas sugeriram que a gente olhasse o TaxiGov, quando a Prefeitura, ao invés de contratar empresas privadas para deslocamento de servidor, contrata os taxistas. Nos comprometemos com eles e gostaram da ideia. ‘O táxi é tradicional, o mais antigo do mundo, e ninguém pensa em nós’, me falaram. Essa experiência funciona no governo federal, vem sendo adotada no governo estadual e creio que tenha espaço para todos. O que precisamos é organizar bem.”
  • PASSAGEM GRATUITA
    É sustentável porque já está em funcionamento. Além dos recursos da Prefeitura, tem o vale-transporte dos trabalhadores da Prefeitura e das empresas, isso corresponde a R$ 11 milhões por ano. É o principal. A publicidade em ônibus é secundária. Há municípios que converteram o vale-transporte em uma taxa. Alguns reduziram o valor do vale-transporte por pessoa, mas ampliaram o leque. Diversas prefeituras optaram por esse modelo e está em estudo em Porto Alegre. Não vamos começar de uma vez. Será, inicialmente, pelo fim de semana. Conseguindo a adesão das pessoas, com a privatização do autódromo, podemos renovar a frota e aderir aos veículos elétricos. São mais de cem cidades com isso e nenhuma entrou em crise por causa do transporte público.
    A ideia tem que ser levada adiante, tanto no ponto de vista econômico quanto ambiental. Ao invés de fazer grandes obras como viadutos, túneis, estacionamento subterrâneo, que é uma ideia esdrúxula, nós vamos partir pelo que é mais óbvio: ter transporte coletivo de boa qualidade.”
  • CONTRATO DE CONCESSÃO
    “Na maioria dos municípios que implantaram o sistema, houve convênio com as empresas. Em primeiro momento, não há motivo para encampar e romper contrato. Creio que vamos chegar a um acordo com a TCS e levar adiante. Será bom, porque o consórcio terá garantia não por passageiro, mas por quilometragem. Será bom para empresas e para os usuários, que devem aumentar.”
  • ESTACIONAMENTO ROTATIVO “A ideia de municipalizar parece a mais interessante, mas não temos aprofundado sobre isso. A maioria dos motoristas não gosta do estacionamento pago, mas não há possibilidade nas grandes cidades sem essa cobrança. Com o transporte público gratuito, vamos reduzir essa pressão sobre o estacionamento. A ideia da municipalização é interessante.”
  • TRÂNSITO
    “Acompanho essa discussão desde que era vereador. Quem melhor projeta isso são os técnicos da área, não os políticos. Muita coisa melhorou a partir das duas últimas décadas por conta das recomendações técnicas. Não pretendemos trazer um pacote pronto de alternativas, mas as diretrizes são mais transporte coletivo, possibilitando a redução de transporte particular; tirar do Centro o que pressiona, mas não o coletivo; e criação de radiais, que deve ser discutida com quem é do ramo. Não sou especialista em tudo, nem pretendo ser. Vamos nos reunir com pessoas da área.”
  • PARQUE DE EVENTOS
    Uma coisa é o autódromo, outra é o Parque de Eventos, que está com a estrutura deteriorada em alguns aspectos. Temos demandas sobre a realização de eventos do movimento tradicionalista e outros. Teremos que cercar para ter segurança. O autódromo passando à iniciativa privada estará ao lado, mas o parque será gerenciado em parceria com o movimento. Melhorando a infraestrutura, seremos capazes de torná-lo um espaço de lazer importante em nível regional e estadual.”
  • ENTIDADE
    Darci Bencke, do Conselho Municipal de Saúde, perguntou: o que fará para cuidar da saúde de Santa Cruz? “Essa história de ficar empilhando centros integrados e entidades hospitalares é poço sem fundo. Nunca vai ter recursos suficientes. Não se trata de criar novos centros. Tem que atender no início, na UBS, em Boa Vista, Monte Alverne, Paredão, Viver Bem. Por que não está funcionando? Hoje, não pode ir no dia sem hora marcada. Se não tem a hora marcada e não consegue atendimento, vai para o PA ou para a UPA. Se não cuidarmos da UBS, não vamos cuidar bem. Ouço o ex-prefeito e a atual prefeita falando de centros integrados, ótimo, mas isso não vai impedir que as pessoas adoeçam mais. A ideia de grandes hospitais para resolver problema de saúde é da década de 1940, 50.”
  • CINTURÃO VERDE
    “Precisa de acompanhamento, fiscalização e integração com a universidade. Tem que ser algo atraente, pesquisado e utilizado de maneira adequada. Não podemos emagrecer o Cinturão Verde. Passa por mobilização, o que a atual gestão está incentivando nós vamos continuar e a presença do ex-prefeito Wenzel é bem-vinda. A fiscalização terá que atuar. Dentro do que a lei permite, teremos que ser mais rigorosos, o Cinturão não pode ser esfacelado.”
  • VOTO ÚTIL
    “Vamos parar de pensar no voto envergonhado. Hoje, com a pressão climática, com pancadaria nas redes e até em debates eleitorais, você está sendo convidado para o voto consciente. Santa Cruz vive há 30 anos com alternância de duas famílias. Não podemos cometer o erro de votar contra os outros. Vamos votar a favor de nós. Venho pedir para quem vai decidir, não para quem responde pesquisa. Vamos votar com coragem, não podemos ficar na velha lenga-lenga de voto contra aquele ou outro. Tem que ser o voto de coragem.”

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