Categories: Geral

Jane Berwanger: tem certeza?

Eu sempre fico imaginando como se sente o médico quando o paciente chega dizendo que já consultou no Google sobre a doença e a medicação. Então, o médico estuda por seis anos até fazer a faculdade, faz uma especialização, residência médica e o paciente consultou o Google. É a segunda opinião para muitas pessoas. A do médico. A do Google foi a primeira. E o médico tem que se esforçar para desfazer a “consulta ao Google”.

Isso acontece em várias áreas. Pessoas que consultam no Google, que perguntam ao vizinho, que conversam com o atendente da farmácia, sobre os seus direitos. Do mais simples ao complexo. Ou tem um sobrinho que estuda Direito, está no primeiro semestre, mas já entende de tudo, inclusive previdenciário, que se estuda no último semestre ou nem tem no curso dele (nem todas as faculdades têm essa disciplina no currículo). Esse ser iluminado, por sua vez, também pesquisou no Google e já sabe tudo.

Isso me lembra uma situação em que minha enteada, a Manuela, tinha uns 6 anos e foi “acusada” de estar chateada por determinado assunto, ao que respondeu: “Não sabe, não fala”. Expressão muito sábia. Talvez no gauchês se pudesse dizer “não se meta a facão sem cabo”.

Publicidade

Fiz a comparação entre a Medicina e o Direito justamente porque são duas áreas que demandam muito estudo e têm várias especialidades. Até me lembrei de uma palestra do Clóvis de Barros Filho em que ele fala que os cientistas ficam mudando de ideia sobre o ovo, se faz bem ou não pra saúde. E aí ele observa: “Se eles estudam o ovo a vida toda, quem é você para saber se o ovo faz mal”.

O que quero dizer com todas essas metáforas é que se deve valorizar a pessoa que estuda para entender de problemas cardíacos, assim como é preciso valorizar quem entende de determinada área do Direito. Que sobrinhos, netos, filhos, etc. queiram ajudar é compreensível, é até louvável. Mas cada um deve saber o limite de seu conhecimento. Ou o filho vai dizer para o pai que está com doença do coração qual remédio tomar, correndo o risco de causar problemas mais graves? No mesmo sentido é o Direito.

Quem se forma em Direito sabe que se quiser advogar, ou mesmo ser juiz, promotor, ou exercer outras funções precisa estudar para sempre. Todo dia são publicadas novas leis, são proferidas decisões judiciais que alteram entendimentos sobre determinado assunto, mudam os procedimentos… Existem centenas de pós-graduações em Direito, nas mais variadas áreas. Eu leciono em 30 instituições diferentes, em pós-graduação em Direito Previdenciário, ou seja, há muitos advogados procurando se qualificar. Então, se você está na situação de querer ajudar alguém da família, em qualquer área do Direito, procure um advogado que entenda do assunto e não o Google, porque assim como um remédio errado, uma decisão incorreta pode trazer grandes aborrecimentos.

Publicidade

LEIA MAIS: Jane Berwanger: como é a preparação para a aposentadoria

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.