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Jair Bolsonaro: Economia e combate à corrupção à prova

Eleito com o compromisso de estancar a corrupção endêmica e colocar a economia em ordem após cinco anos de recessão, o presidente Jair Bolsonaro encerra o primeiro ano com um saldo controverso. De um lado, indicativos econômicos positivos e vitórias importantes no Congresso Nacional (sobretudo a reforma da aposentadoria e o pacote anticrime, embora desidratado em relação à versão original). De outro, uma sucessão de desgastes causados por trapalhadas e excessos verbais, a incerteza sobre o futuro de outras reformas estruturantes prometidas (como a tributária), o encolhimento de sua base aliada e o fato de ainda não haver uma melhora econômica que seja sentida pela população.

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A aprovação da nova Previdência é, de longe, a maior conquista de Bolsonaro até agora, já que vai representar uma economia de R$ 800 bilhões em dez anos e, com isso, reduzir o déficit fiscal da União. Embora o País ainda conte com 11,9 milhões de desempregados, o governo encerrará o ano com números que indicam uma leve melhora: a taxa de desemprego caiu 0,4 pontos em novembro em comparação ao mesmo período do ano passado, ficando em 11,2%. Somam-se a isso as projeções otimistas da maioria dos setores produtivos para o próximo ciclo.

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Bolsonaro, porém, também viu a agenda pública ser dominada durante boa parte do ano por polêmicas. O presidente foi acusado de despreparo após declarações explosivas suas e de seus filhos, manteve-se em conflito permanente com a maior parte da classe artística e intelectual, enfrentou duras críticas por sua política ambiental e pauta de costumes e trocou farpas com líderes mundiais, como o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. No Congresso, viu se tornarem inimigos alguns de seus principais fiadores (como os deputados Joice Hasselman e Alexandre Frota), deixou o PSL e iniciou mobilização para criar um novo partido, o Aliança pelo Brasil. Durante todo o ano, perseguiram o governo as denúncias contra seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, alvo de investigação por irregularidades na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Fisiologismo no caminho

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Embora mantenha o apoio de um terço da população brasileira, de acordo com pesquisas, Bolsonaro precisará, em 2020, apresentar resultados concretos na economia e, sobretudo, avançar em medidas anticorrupção e seguir enfrentando o tema da segurança pública. Essa é a visão da socióloga, cientista política e diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), Elis Radmann. “Um outro tema muito caro para a população é a saúde pública, que está em primeiro lugar na fila de anseios dos brasileiros, e que o presidente terá que dedicar atenção em algum momento do próximo ano”, ressalta.

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Conforme a pesquisadora, a eleição de Bolsonaro foi motivada principalmente pela expectativa por moralidade na política e pelo combate à corrupção. Seu apoio hoje, segundo Elis, é dividido em três grupos: os ideológicos (que acreditam em princípios de liberalismo político, consideram-se mais à direita e, eminentemente, são anti-PT), os racionais (que acreditam que apoiar o presidente é o melhor “custo-benefício”) e os que se conectam com Bolsonaro por sua narrativa e vão seguilo independente do partido.

Para a analista, um dos principais desafios do governo em 2020 será lidar com o fisiologismo do Congresso para aprovar pautas como a da reforma tributária. Com a proximidade das eleições municipais, a pressão por cargos e emendas – que já foi grande durante a discussão da Previdência – tende a se acentuar. “Em ano eleitoral, as negociações literalmente se ampliam. Tal cenário entra em choque com o perfil do presidente, que é avesso às articulações e negociações que fazem parte da política brasileira. Teremos uma conjuntura de muitas emoções políticas”, complementa Elis.

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O filho

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Já para o cientista político e professor de Relações Internacionais e Jornalismo da Unisinos, Bruno Lima Rocha, que discorda das afirmações de que há sinais de melhora na economia, o maior desafio de Bolsonaro hoje é permanecer no cargo. Na sua opinião, o aprofundamento da polarização ideológica e fatores como o clima de enfrentamento com a grande imprensa podem ameaçar a estabilidade da gestão.

Um dos fatores que contribuíram para esse risco, segundo ele, é justamente a situação envolvendo seu filho. “Com a exposição de Flávio Bolsonaro e o papel permanente de Carlos Bolsonaro como operador das redes sociais do presidente, as possibilidades de que sua imagem fique ainda mais frágil só aumentam”, entende.

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