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Estelionato

Já são 132 golpes investigados pela 1ª Delegacia de Polícia em 2022

Foto: Cristiano Silva

Delegado Schirrmann mostra pilha de ocorrências de estelionato a serem investigadas

A quantidade de santa-cruzenses que vêm caindo em golpes preocupa as forças de segurança do município. Desde o início da pandemia, os casos de estelionato dispararam. Das versões mais antigas dos crimes, como o conto do bilhete, até as mais atualizadas, como o do falso depósito e a clonagem de WhatsApp, os golpistas mexem com o emocional e com a cobiça das vítimas para obter pertences ou valores.

Enquanto nos três primeiros meses de 2020 foram registradas 94 ocorrências em todo o município, no mesmo período de 2021 os números chegaram a 299 – um aumento de 218%. Atualmente, só na área da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), que abrange as zonas Central e Norte de Santa Cruz, já foram registrados 132 casos em menos de dois meses.

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“As pessoas estão caindo em golpes muito ingênuos. O bandido que hoje faz furtos, roubos, utiliza arma, está ficando para trás, pois um criminoso com um pouco mais de sofisticação já viu que é muito fácil agir no mundo virtual para tirar dinheiro das vítimas”, comentou o delegado Paulo César Schirrmann, que responde de forma interina pela 1ª DP.

“Esses criminosos têm esperteza, buscam conhecimento, estrutura, e os cadastros e dados estão disponíveis na internet. As pessoas se expõem muito nas redes sociais, onde existe uma facilidade enorme de conseguir informações”, complementou o delegado, que é responsável também pela DP de Vera Cruz. Segundo ele, as investigações de casos assim são complicadas e, na maioria das vezes, exigem burocracia, como quebras de sigilo bancário.

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“É um crime difícil de apurar, em investigações complexas. Existem dificuldades para recuperar o dinheiro, que muitas vezes é distribuído após ser transferido pelas vítimas. Muitas das que caem vêm até a polícia posteriormente e revelam que leram sobre os golpes e que não acreditam em como caíram.” A orientação é que as pessoas sejam cautelosas com qualquer tipo de abordagem suspeita. Ao perceber que se trata de um golpe, a vítima deve fazer o registro de ocorrência.

Vítima acreditou estar namorando oficial da ONU

Um dos casos mais emblemáticos dentre os estelionatos registrados em 2022 que estão sob investigação da 1ª DP de Santa Cruz, revelado com exclusividade à Gazeta do Sul, foi um golpe aplicado em uma mulher de 64 anos. Ela registrou o crime na segunda-feira da semana passada, dia 14. No entanto, desde 1º de agosto de 2021 vem sendo enganada por um golpista, com quem acreditava estar namorando. As conversas iniciaram via Facebook.

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O homem se apresentou pelo nome de Abel Alonso, funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), residente em Dallas, Texas, nos Estados Unidos. Nas conversas, o homem relatou que prestava serviço na Síria em virtude de um contrato de trabalho com duração de cinco anos. Ao longo dos meses, o golpista e a vítima passaram a conversar via WhatsApp.

Após sofrer o golpe, a mulher de 64 anos, viúva, disse aos policiais que acreditava estar namorando, motivo pelo qual não desconfiou quando o homem lhe falou que, para que ele pudesse tirar férias, uma pessoa da família teria de fazer a solicitação para a ONU. Desde então, ela vinha efetuando depósitos e transferências via Pix para contas indicadas por “Abel Alonso”. Ao todo, foram mais de R$ 100 mil depositados em diversas contas e beneficiários diferentes até o dia 4 de fevereiro de 2022, quando a santa-cruzense parou com os pagamentos e se deu conta que estava sendo enganada.

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“Regra é sempre desconfiar”

Em outro caso recente a cargo da 1ª DP, uma mulher de 78 anos, moradora do Centro, foi vítima do chamado falso sequestro e perdeu R$ 9 mil. Na última quarta-feira, ela recebeu um telefonema de criminosos que afirmaram ter sequestrado sua filha.

Ainda em 26 de janeiro, uma mulher de 70 anos perdeu R$ 255 mil no golpe do bilhete premiado, após ser abordada no Centro por um casal e acreditar que receberia parte (R$ 3,2 milhões) de um prêmio de R$ 4 milhões que a golpista dizia ter ganho. A vítima depositou suas economias em contas dos criminosos como garantia e, posteriormente, perdeu o contato com os estelionatários.

Outra mulher, de 64 anos, moradora do Bairro Goiás, foi vítima do mesmo crime cinco dias depois, quando perdeu R$ 100 mil. Neste caso, a 1ª DP conseguiu identificar a conta para a qual foi transferido o dinheiro e bloquear R$ 42 mil. Os nomes de todas as vítimas são mantidos em sigilo pela polícia.

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“Em alguns casos, como no conto do bilhete, existe a questão da ganância da pessoa. O estelionatário também age no emocional, como no falso sequestro ou mesmo nesse caso, no qual a vítima, carente e solitária, acreditava no amor de alguém que ela nunca viu, que se identificava como oficial da ONU, uma pessoa de prestígio. As pessoas têm uma tendência psicológica em acreditar no que lhe dizem, mas deviam ser mais cautelosas antes de destinarem um dinheiro para alguém, sobretudo quantias altas. A regra é sempre desconfiar”, salientou o delegado Paulo César Schirrmann.

É bom demais para ser verdade?

Devido ao aumento de casos em todo o País, Alesandro Gonçalves Barreto e Natália Siqueira da Silva, que são policiais civis nos Estados do Piauí e São Paulo, respectivamente, produziram um e-book, chamado É bom demais para ser verdade?. É um guia sobre como evitar e o que fazer caso seja abordado por um golpista.

A obra descreve 50 tipos de crimes diferentes e suas respectivas variações em situações envolvendo aplicativos como WhatsApp e Instagram; ou em fraudes bancárias como emissão de boletos, criptomoedas, golpes por e-mail e outras estratégias usadas pelos criminosos. O e-book está disponível para download gratuito neste link.

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