A farmacêutica Merck, responsável pelo desenvolvimento do medicamento ivermectina, informou em comunicado nessa quinta-feira, 4, que não há dados que sustentem o uso do remédio contra a Covid-19. A indicação do medicamento é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e a substância é recomendada também em um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde com orientações de tratamento contra o novo coronavírus.
No comunicado, a Merck, que deteve a patente da ivermectina até 1996, disse que não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra a Covid-19 em estudos pré-clínicos. A empresa acrescentou também que não há evidência significativa de eficácia clínica em pacientes com a doença. A farmacêutica ainda pontuou que há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância nesse contexto na maior parte dos estudos.
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“Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”, declarou a Merck, que destacou que seus cientistas continuam a examinar cuidadosamente os achados de todos os estudos disponíveis.
A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. No Brasil, ao longo da pandemia ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19. Em agosto do ano passado, Bolsonaro anunciou que a Anvisa facilitaria o acesso ao remédio para uso contra a Covid-19 ao não cobrar mais retenção de receita.
Em julho a Anvisa já havia se pronunciado sustentando que não existiam estudos conclusivos sobre o uso do medicamento nesse contexto. “As indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento”, reforçou a agência de vigilância sanitária.
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O aplicativo TrateCOV, lançado em 20 de janeiro pelo Ministério da Saúde para orientar o enfrentamento da Covid-19, recomendava o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada como cloroquina. O Ministério da Saúde afirma que o TrateCOV sugere o diagnóstico por meio de sistema de pontos que obedece “rigorosos critérios clínicos”. No dia seguinte, a plataforma foi retirada do ar.
Leia trecho da nota divulgada pela Merck
A Merck (NYSE: MRK), conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá, afirma hoje sua posição em relação ao uso de ivermectina durante a pandemia de Covid-19. Os cientistas da empresa continuam a examinar cuidadosamente as descobertas de todos os estudos disponíveis e emergentes de ivermectina para o tratamento de Covid-19 para evidências de eficácia e segurança. É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou:
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– Nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos;
– Nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e;
– A preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos.
Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora.
Leia a nota completa (em inglês) aqui.
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