Categories: Francisco Teloeken

Isolamento social escancara problemas de relacionamento

Como já fechamos quatro meses de pandemia do coronavírus, as pessoas começam a ficar ansiosas, revoltadas, convencidas de que o isolamento social e as restrições impostas por governadores e prefeitos não adiantaram de nada. Como disse o prefeito de uma cidade do interior da Bahia, ao liberar o comércio e outras atividades, “morra quem tiver que morrer”.

Dentre os muitos problemas provocados pela pandemia do coronavírus, disparou a violência doméstica. Números de pesquisas revelam que a taxa de rompimento entre casais tem crescido nos últimos meses que coincidem com o isolamento social aplicado em todo o Brasil. O mesmo fenômeno acontece em outros países, tendo sido observado, primeiramente, na China, considerada o epicentro inicial da pandemia do coronavírus, em que o número de pedidos de divórcio cresceu 60%.

Antes de chegar à formalização do divórcio ou até serem mortas, muitas mulheres relatam abusos e violências domésticas de companheiros, na quarentena. Uma paulistana de 34 anos queixou-se da simples falta de divisão de tarefas, mesmo estando o casal em casa. “O marido simplesmente não ajuda em casa e me trata como uma empregada. Lavo, passo, cozinho, cuido do filho, do cachorro. Quando reclamo, descontrolado, fica com raiva e me ameaça”, denuncia ela.

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O assunto é tão sério que a Câmara de Deputados aprovou, no dia 10 de junho, medidas de combate e prevenção à violência doméstica, durante o estado de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus, já sancionadas pelo presidente da República.

As ameaças e a manipulação psicológica que já eram comuns antes da pandemia – ofender a mulher e dizer que ninguém mais ficaria com ela, por exemplo – se intensificaram, durante o isolamento. O afastamento da mulher de sua rede de apoio original, não podendo aproximar-se da família e dos amigos, são motivos para que as violências de sempre se intensifiquem.

A verdade é que o isolamento mostra o quanto algumas relações já estavam corrompidas e instáveis muito antes da pandemia. Os motivos para esse crescimento são muitos: instabilidade e estresse altos, incerteza profissional e financeira, aumento do consumo de álcool, convivência extrema e, principalmente, o caráter violento do agressor.

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Uma pesquisa realizada pela firma Slater e Gordon com mais de 2 mil adultos no Reino Unido descobriu que as preocupações com o dinheiro estão no topo da lista de razões pelas quais os casais se separaram. Mais de um terço das pessoas disseram que as pressões financeiras eram o maior desafio para o casamento, enquanto um quinto afirmou que a maioria das discussões era sobre dinheiro. Alguns cônjuges mentem, trapaceiam, gastam demais, comprometendo a confiança do relacionamento. Praticam o que se chama de infidelidade financeira.

Numa família, a gestão do dinheiro pode e deve ser uma forma muito gratificante de as pessoas se relacionarem. Mesmo em relacionamentos de mais tempo, em que aquela chama do amor de início de namoro esteja fraca ou apagada, sempre é tempo de retomar conversas sobre todos os assuntos, inclusive o financeiro.

Aproveitando que as pessoas estão mais tempo em casa, juntas, seria importante observar algumas recomendações:
1ª) falar – não discutir, muito menos apontar o dedo para o outro e acusar-se mutuamente – sobre as finanças: ver o que está bom, o que não está; quais os sonhos de cada um e os da família; na metodologia da DSOP Educação Financeira, um dos pilares é sonhar, considerado o agente motivador que mantém vivos uma pessoa ou família (os outros três são diagnosticar, orçar e poupar);
2ª) transformar sonhos em objetivos e metas – responder às 5 perguntas fundamentais: qual é o sonho? Quanto ele custa? Quanto é necessário poupar para realizá-lo? De onde tirar o dinheiro (poupar, sacrificar algum alguma diversão, etc)? Quando realizá-lo?
3ª) elaborar e acompanhar o orçamento: inicialmente, fazer um diagnóstico da situação financeira (durante 30 dias – se a renda for fixa – ou 90 dias – se a renda for variável – anotar todas as receitas e desembolsos efetuados); com base nos números apurados, já é possível reduzir, substituir ou eliminar despesas, sem perda do padrão de vida;
4ª) substituir a forma tradicional dos orçamentos – ganhos (-) despesas = sobra/falta – pela inovadora fórmula da DSOP – Educação Financeira: ganhos (-) longevidade (-) sonhos (-) prestações/dividas (-) reserva estratégica = gastos (padrão de vida).

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Existem outras questões que precisam ser definidas, como a manutenção de contas conjuntas ou individuais, a forma de educar os filhos, a distribuição de tarefas, etc. O fundamental é o diálogo, isto é, o casal estar disposto a sentar e conversar sobre dinheiro. Geralmente, não é fácil. Mas, ao conversar franca e abertamente sobre os planos para a realização de sonhos é possível que os dois voltem-se ao centro e caminhem juntos para alcançar uma meta, qualquer que seja. Como diz a consultora de finanças pessoais americana, Liz Pulliam Weston, “é preciso esquecer a ideia romântica de que o amor vence tudo e passar a usar a calculadora”.

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