Os gêiseres do Vale de Haukadalur, sobre as terras altas da Islândia, fazem a água, perto da temperatura de ebulição, jorrar a até 70 metros de altura, em intervalos regulares de cerca de 5 minutos. Os maiores são o Strokkur e o Geysir, que, por sinal, deu origem à palavra gêiser.
No caminho até lá, visitei as enormes crateras de dois vulcões extintos, que servem para dar a dimensão do potencial criador e destruidor da atividade geotérmica parcialmente contida sob a crosta do país. A próxima parada é nas cataratas escalonadas de Gullfoss, com suas imponentes e velozes quedas que, felizmente, foram protegidas pelo estado para que não virassem mais uma usina hidroelétrica.
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Fechei o chamado círculo de ouro do roteiro no Parque Nacional Thingvellir (campo da assembleia, em islandês), onde se caminha pelo cânion formado pelas placas tectônicas que separam os continentes americano e europeu. No parlamento que ali foi fundado há mais de mil anos, chefes de todos os assentamentos da ilha se reuniam regularmente, com alguns levando até 17 dias de jornada para fazer parte das decisões coletivas. A sede da assembleia (Althing) só foi transferida para a capital em 1881.
De volta ao centro de Reykjavík, visitei a Igreja de Hallgrimur (Hallgrimskirkja) que, apesar de ter sido projetada há mais de 80 anos, impressiona pelo conceito contemporâneo e expressionista, inspirado nas rochas e geleiras da Islândia. A arquitetura escandinava, sofisticada em sua simplicidade, está presente também no prédio da Sala de Concertos e Centro de Conferências Harpa, emoldurada pelo porto antigo da cidade e pelas águas gélidas do Oceano Ártico.
A maior parte dos islandeses acredita ou, pelo menos, não nega acreditar, na existência dos chamados trolls, ou elfos, que seriam criaturas que se escondem na natureza e só aparecem para roubar comida, causando balbúrdia por onde andam. Não vi nenhum desses seres ocultos na Islândia; porém, lendo certos comentários em redes sociais e até algumas opiniões em publicações sérias, eu diria que os trolls, ao menos os cibernéticos, nunca estiveram tão ativos como nos dias atuais.
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Como no relevo harmonioso do país, humores e tensões, naturais nos humanos, parecem ser também abrandados pelo frio e pela ameaça dos sempre presentes terremotos e vulcões. As pessoas são calmas, ponderadas e, pela necessidade de sobreviver em grupo, muito focadas no coletivo e no meio ambiente. A Islândia sofreu um baque econômico, em 2008, que colocou o país de joelhos diante da crise bancária mundial. Com a união e o esforço concentrado da população, a recuperação foi muito rápida, e não deixou sequelas.
Comecei citando o prenúncio de interrupção que as cinzas islandesas causaram à celebração de meu casamento. Três horas antes da cerimônia em Edimburgo, a erupção do Grímsvötn cessou completamente, acalentando o temor de que causaria um caos aéreo de proporções comparáveis àquele de um ano antes, quando o impronunciável vulcão islandês Eyjafjallajökull provocou o maior blecaute aéreo comercial desde a Segunda Grande Guerra. As cinzas do Grimsvötn, contudo, já tinham se dissipado no céu britânico dois dias antes, permitindo que os voos dos estimados convidados chegassem em tempo à capital escocesa.
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