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Irregularidade da chuva já afeta culturas de verão

A falta de chuvas regulares começa a causar preocupação entre produtores rurais, principalmente em relação às culturas de verão. Na região, os municípios mais atingidos pelo problema são Rio Pardo, Pantano Grande e Encruzilhada do Sul, que têm lavouras de soja e milho afetadas, dentre outras culturas. Nesta área, há produtores de soja que ainda não terminaram o plantio e há lavouras em estágio vegetativo com o desenvolvimento prejudicado pela falta de umidade no solo. Também existem plantações que foram ou necessitam ser replantadas. 

Em Rio Pardo, conforme o assessor técnico da Secretaria Municipal da Agricultura, Paulo Roberto Haas, há danos nas culturas de milho e soja. “O milho está na floração e não forma o grão por causa da falta de umidade. Muitos agricultores não conseguiram concluir o plantio da soja e os que terminaram tiveram problemas, pois as plantas começaram a nascer e acabaram morrendo”, relata. Ele conta ainda que os bebedouros (pequenos açudes) de água para o gado estão secando. Tanto que a secretaria precisa, diariamente, abrir outros para auxiliar os produtores. 

Além disso, a produção leiteira já começa a cair. Haas, que é produtor de leite, diz que na sua propriedade, por exemplo, houve redução de aproximadamente 10%. O motivo é a carência de pastagem, pois esta não está se desenvolvendo como deveria por falta de chuva. Numa propriedade de Volta Grande, interior de Rio Pardo, que é cuidada por Miguel Silveira, 56 anos, a pouca precipitação está afetando uma lavoura de soja de 55 hectares plantada há um mês. O capataz fala que parte da lavoura não germinou como deveria, o que deve afetar a produção e a qualidade. “A soja se recupera, mas não teremos mais a mesma produção”, avaliou.

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A lavoura de milho da propriedade foi atingida. “Amarelou por baixo devido ao calor da terra. Está perdida”, explica. E a pastagem (milheto) também foi prejudicada, assim como a moranga plantada na horta, que não cresceu por falta de água, e a lavoura de mandioca. Nesta última, segundo Leci, esposa de Silveira, a maior parte não nasceu. Paulo Haas lembra que há previsão de chuva – em torno de 20 milímetros – para esta sexta-feira, mas entende que é um volume pequeno. E destaca que o problema é que se ocorre vento, em seguida o solo fica seco.


Plantação de mandioca também foi atingida. Foto: Bruno Pedry.

Nível do Jacuí

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O nível do Jacuí, que na última terça-feira chegou a estar em  5,90 metros, aumentou desde então e na tarde desta quinta-feira chegou a 6,50 metros, se aproximando do seu nível normal (7 metros), conforme medição feita na jusante da Barragem do Anel de Dom Marco. O encarregado pela barragem, Laudir Rosa, informou que a queda no nível não foi provocada apenas pela falta de chuva, mas principalmente porque a Barragem do Fandango, em Cachoeira do Sul, esteve fechada.

Previsão

A previsão do tempo da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) para os próximos dias traz esperança para os produtores que estão preocupados com a falta de chuva. Esta sexta-feira será de sol e calor em todo o Estado e a temperatura deve passar dos 33 graus em várias regiões. No entanto, para a noite já há possibilidade de ocorrerem pancadas de chuva fortes  no Oeste. 

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No sábado, dia em que uma frente fria cruzará o Estado, o risco de pancadas de chuva começa na madrugada. A precipitação deve se espalhar por parte da Campanha e Centro rapidamente e ao longo do sábado avança por várias regiões gaúchas. Conforme a Sema, as chuvas podem ganhar força e ocorrer temporais com fortes rajadas de vento. Em grande parte do Estado o sol ainda aparece e a temperatura dispara, passando até dos 38 graus. 

No domingo ainda deve chover no setor Norte, mas a massa de ar frio chega e o calorão diminui rapidamente. Na segunda-feira o tempo já estará seco.

Precipitação significativa foi há quase um mês

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Conforme o assistente técnico regional Josemar Parise, do Escritório Regional da Emater de Soledade, em Rio Pardo e Encruzilhada do Sul a chuva com maior volume ocorreu em 25 de novembro. A partir daí houve precipitações semanais, porém de baixo volume e localizadas. Por isso, nestes municípios podem ter ocorrido danos em lavouras de soja por falta de umidade no solo. Ele acredita que as plantações mais afetadas foram as semeadas no início de dezembro, em razão de falhas na germinação.

No entanto, Parise entende que ainda não dá para dizer que há perdas, pois as culturas estão no início do desenvolvimento vegetativo e podem se recuperar. Além disso, observa que o percentual de lavouras afetadas por problemas de germinação e ainda por semear não chega a 3% da área total destinada à cultura na região de Soledade, que compreende 39 municípios. Parise acrescenta que a ocorrência de chuvas semanais, mas isoladas e com baixos volumes, associadas ao período de dias longos, calor, forte radiação solar e ventos ocasionais, acelera a evapotranspiração e a planta pode, muito rapidamente, entrar em estresse hídrico.

Porém, não se pode afirmar que houve perdas significativas até o momento. “De uma maneira geral, o que está ocorrendo é uma desaceleração no crescimento inicial das plantas por falta de umidade do solo e que ainda podem se recuperar com o retorno das chuvas”, frisa.

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