Vez por outra parece que a humanidade caminha para trás, apesar dos inúmeros avanços nos mais diversos segmentos de atividade com reflexos em nosso cotidiano. Essa ideia me ocorreu no começo da semana ao deparar com a seguinte manchete: “Multas por falta de cinto sobem 21%”. Trata-se do resumo da notícia que dá conta de que o número de autuações, de janeiro a julho deste ano, no Rio Grande do Sul, é o maior em levantamento de dados que são coletados desde 2010.

A quase inacreditável informação foi revelada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS). Esse aumento, que chama negativamente a atenção de todos, é comparativo ao mesmo período em relação ao ano passado. Segundo levantamento do órgão, um total de 100,9 mil multas foram aplicadas por falta desse equipamento de segurança, mesmo que essa obrigatoriedade seja de 1988.

Quem dirige ou era proprietário de veículos recorda de quando o dispositivo foi adotado. Houve uma verdadeira revolta generalizada. Parecia, até, com a “revolta da vacina”, que foi motim popular de 1904 na cidade do Rio de Janeiro – então capital do País –, sob o pretexto de uma lei que obrigava a vacinação contra a varíola. Com o tempo, no entanto, parecia evidente a eficácia do equipamento para garantir a integridade física de motoristas e de passageiros.

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Existem estudos, comparativos e números em profusão para comprovar a importância desse cuidado. Especialistas em medicina de tráfego atestam que o uso correto do cinto de segurança pode fazer a diferença entre vida e morte em caso de acidente. Já a Organização Mundial da Saúde, por outro lado, aponta que a adoção do equipamento é capaz de reduzir entre 45% e 50% a probabilidade de ferimentos mortais entre ocupantes dos bancos dianteiros, e em pelo menos 25% entre quem está no banco de trás.

Mesmo diante da evidência do aumento da segurança, basta observar o trânsito para constatar que o uso no banco traseiro, especialmente, é bem menos frequente. Autoridades de trânsito dos Estados Unidos revelam que “quando há uma colisão, pelas leis da física, quem está atrás continua em movimento e atinge quem está na frente. Com a velocidade, que aumenta a massa, mesmo uma criança de 15 quilos acaba sendo projetada como se tivesse o peso de um pequeno elefante”.

Outro aspecto conclusivo do estudo desenvolvido pelo Detran revela que houve um relaxamento em relação à disciplina do uso do cinto de segurança, especialmente após a pandemia. A crise sanitária mundial, aliás, determinou vários impactos observados no trânsito. Inclusive com o aumento de acidentes e de mortes. Apesar dos estudos, parece que o “bicho homem” insiste em ser um “bicho irracional”.

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