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IPTU está mais caro: auditor-fiscal explica aumentos em Santa Cruz

O carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) chegou à casa do seu Almeri Orlando e Silva acompanhado de olhos arregalados e mal-estar. A situação foi a mesma em centenas de casas de santa-cruzenses, com dor no bolso dos contribuintes no fim deste ano. Os moradores sentiram a diferença no valor comparado com o do ano passado e reclamam do aumento que, no caso do seu Almeri, chegou a 808% – de R$ 47,74, o IPTU passou para R$ 427,34.

“Quando a conta chegou, me deu até crise de tosse, fiquei sem reação”, contou. O aposentado, de 55 anos, que recebe um salário mínimo por mês, receberá pouco mais do que o valor do IPTU neste mês como salário, porque precisou fazer um empréstimo para comprar remédios. “Não sei de onde vou tirar dinheiro para pagar. Fiquei indignado”, desabafou. O fim de ano terá que ser apertado na casa, onde ainda vivem a esposa de seu Almeri, a filha e a neta.

Mas, afinal, porque o valor subiu tanto? Conforme o auditor-fiscal da Secretaria da Fazenda de Santa Cruz do Sul, Antonio Osório Gonçalves, o Mapa da Cidade pode ser considerado o responsável pelo aumento. “Com o advento do Mapa da Cidade, o município teve a possibilidade de fazer uma revisão dos imóveis. A gente sabia que existia uma defasagem”, disse, em entrevista à Rádio Gazeta, lembrando que a ultima revisão havia sido feita em 1998.

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Com as novas vistorias, as características dos imóveis e das áreas construídas foram atualizadas, consequentemente, aumentando o valor do IPTU – em três diferentes situações. “Não tem sentido o município cobrar valores com 20 anos de defasagem e, ao mesmo tempo, ser exigido de aplicar serviços de qualidade atualizada”, comentou o auditor-fiscal.

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Almeri se assustou com o valor | Foto: Naiara Silveira

Situações
Existem três situações principais em que o valor sofreu ajuste acima do normal:
1 – Imóvel que tinha determinada área no registro e, na realidade, tinha área construída maior.
2 – Imóvel que estava cadastrado como terreno baldio, quando, na realidade, havia uma edificação no terreno. “Em um dos casos, o terreno de cerca de 2 mil metros quadrados estava cadastrado como baldio e, quando chegamos lá, tinha 12 duplex em cima. Esse IPTU, que estava em cerca de R$ 3 mil, passou para aproximadamente R$ 12 mil”, explica Gonçalves.
3 – Imóveis classificados com uma tipologia construtiva diferente, que tiveram a tipologia atualizada – uma das situações mais comuns. “É difícil explicar, em apenas uma entrevista, quais são as 82 tipologias construtivas, porque teria que falar de cada uma delas. Mas o município tem um manual onde estão definidas todas as classificações de tipologia. Existem, por exemplo, casa de alvenaria padrão econômico, alvenaria padrão médio e etc”, explicou Gonçalves.

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Como é feito o cálculo
Para entender a origem do valor que é pago todos os anos, o contribuinte precisa compreender o cálculo feito para se chegar neste preço. Conforme o auditor-fiscal, a base do IPTU é o valor venal do imóvel. Este valor é estabelecido pela soma dos valores do terreno (classificado pela zona onde está localizado) e o valor da edificação (calculado pela tipologia construtiva). Sobre este valor, é aplicada a alíquota do imposto, chegando ao valor final do IPTU.

Valor de mercado x valor venal
Apesar de entender e estar ciente da situação de muitos santa-cruzenses, o auditor-fiscal pede compreensão. “A grande pergunta que precisa ser respondida pelo contribuinte é: a minha casa vale aquele valor sobre o qual o município está me cobrando imposto [valor venal]? Se a resposta for sim, não tem nada a ser revisado. Se a resposta for não, aí sim cabe uma revisão do valor venal do imóvel.”

Conforme Gonçalves, o valor venal – utilizado apenas para fins fiscais -, está abaixo do valor de mercado, que é o de venda da residência. “Nós temos uma estatística, que mesmo tendo sido feita essa atualização, ainda temos 90% dos imóveis com os valores venais abaixo do valor de mercado”, disse.

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“Temos muitos imóveis que estavam com o valor venal até 2019 na faixa de 50 mil, quando, na verdade, são imóveis da faixa de 150 mil. Esses foram atualizados para a faixa de 130 mil, ainda abaixo do valor de mercado. Mas, se comparar com o ano passado, temos uma elevação do valor do imóvel e, consequentemente, do valor do IPTU”, ressaltou. “O município precisa deste recurso”, concluiu o auditor, ao citar a segurança, a educação e a saúde de Santa Cruz, que classifica como exemplos no Estado.

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Valor passou de R$ 47,74 (2019) para R$ 427,34 (2020) | Foto: Naiara Silveira

Dá para pedir revisão
Os contribuintes que acreditarem que o valor está acima do que deveria ser cobrado podem solicitar uma revisão do valor venal do imóvel. O prazo máximo é o dia 31 de dezembro, já que a legislação determina que a revisão possa ser solicitada até o vencimento da primeira parcela e esta data será 2 de janeiro. Gonçalves adianta que imóveis que ficam em áreas limítrofes dos bairros de Santa Cruz realmente podem ter sido prejudicados pelo cálculo.

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Para solicitar a revisão, o proprietário precisa ir até a Secretaria da Fazenda. Entretanto, como a pasta aguarda muito movimento, o atendimento não é imediato e foi estabelecido um regime de agenda. Portanto, quando o contribuinte chegar, não deve retirar a senha de atendimento, mas conversar com a servidora que está agendando datas e horários na recepção. “Senão, vai dar um tumulto muito grande e não vamos conseguir atender”, disse o auditor-fiscal. O atendimento é das 8 às 14 horas, na Rua Borges de Medeiros, 650.

Se receber dois carnês
Conforme o auditor, durante o Mapa da Cidade alguns imóveis não foram identificados. Nestes casos, foram feitos cadastros novos. Gonçalves estima que são entre 200 e 300 imóveis que acabarão recebendo dois carnês do IPTU. “Nestes casos, o número do IPTU será acima de um milhão”, afirmou. Para quem receber os dois carnês, é preciso ir diretamente ao Mapa da Cidade, no mesmo prédio da Secretaria de Educação. Lá, os funcionários eliminam o cadastro novo e a situação é regularizada.

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Carnê errado

E não só os valores assustaram santa-cruzenses desde que os carnês começaram a chegar, na semana passada. Moradores de Linha Santa Cruz compartilharam com os vizinhos, em um grupo do bairro, a preocupação com erros no carnê recebido. Conforme a técnica em enfermagem Rosilene Soares, diversos residentes do local tinham o Bairro Faxinal Menino Deus impresso no documento.

“Os nomes dos moradores vieram certos, mas alguns contaram que além do endereço, vieram erradas as metragens e valores acima do normal”, destacou. “Estamos com medo de pagar e acontecer algum problema, precisamos saber se isso está certo”, finalizou a técnica em enfermagem.

Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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