A indústria da alimentação no Brasil teve dois anos consecutivos de queda nos investimentos. O setor encerrou 2016 com R$ 9,034 bilhões em investimentos, retração de 14,3% ante 2015, ano em que já havia ocorrido queda de 10% ante 2014.
Segundo o diretor de Economia da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Denis Ribeiro, o patamar de investimentos na média histórica do setor, em anos anteriores à crise, é da ordem de R$ 11,5 bilhões por ano. A queda em 2015 e 2016, diz, se justifica pelo cenário de instabilidade política e macroeconômica do Brasil, que deixou os planos de abertura de novas fábricas e ampliação de linhas “em banho-maria”, disse.
Na avaliação do diretor, os investimentos em ativos fixos caíram, mas houve maior foco em destinação de recursos para áreas como desenvolvimento de produtos e marketing. “Houve aumento em lançamento de novos produtos, de investimento em marketing, porque o cenário para as vendas exigiu muito mais nesse particular”, concluiu.
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Ao mesmo tempo em que caiu o investimento em novos projetos fabris, houve no setor um aumento das fusões e aquisições. Segundo a Abia, as fusões e aquisições somaram, em valor, R$ 11,6 bilhões, um elevação de 25% na comparação anual. “O real se depreciou, os ativos ficaram baratos”, justifica Denis Ribeiro, diretor de economia da entidade, destacando o papel de estrangeiros nas aquisições no período.
Inversão
A crise econômica afetou os hábitos de consumo de alimentos no Brasil e fez as vendas em lanchonetes, bares e restaurantes deixarem de ser o motor do crescimento da indústria alimentícia. Segundo a Abia, o ano de 2016 marcou uma inversão, com as vendas em supermercados pela primeira vez crescendo mais que a venda no chamado “food service”, nome dado aos canais de alimentação fora do lar.
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De acordo com a Abia, as vendas de alimentos e bebidas em 2016 cresceram 9,8% nos canais de varejo e 7,1% no food service. Os números de 2016 vão contra uma tendência dos últimos anos. Segundo a entidade, na média dos últimos dez anos, as vendas no varejo cresceram em torno de 11,5% ao ano, enquanto o food service teve alta de 13,5% ao ano.
Apesar dessa inversão de tendência, o presidente da Abia, Edmundo Klotz, considerou que há uma expectativa de retomada das vendas no food service a partir do final deste ano e em 2018. Para o executivo, as dificuldades de locomoção nas grandes cidades tornam a alimentação fora do lar mais viável.
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