Não compartilho ideias sobre seres humanos inúteis no futuro. Acho esta uma visão depreciativa e depressiva sobre nossa capacidade de evolução e superação de adversidades. A história mostra que somos extremamente resilientes e capazes de lidar com grandes adversidades e de nos recompor como sociedade após cenários adversos.
Em tempos disruptivos, assistimos à transformação radical do mundo, à criação de uma nova cultura e de novas formas de viver e trabalhar.
A automação já é uma realidade, e a maior dor social será o despreparo dos trabalhadores para o novo mercado.
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Enquanto assistimos à decadência do sistema sindicalista e das políticas do mercado de trabalho tradicional, vemos uma nova onda de trabalhadores livres ganhando tração. A liberdade exige responsabilidade e exige o mergulho em um mundo líquido e em mutação constante sem garantias de estabilidade, proteção ou segurança. É a vida como ela realmente é: líquida e mutante.
Os velhos modelos de vida e trabalho estão definitivamente falidos e em todos os grupos sociais encontro pessoas que se sentem perdidas e ameaçadas pelo novo mundo, que se torna mais intenso a cada dia. Como podemos temer o que se mostra infinitamente melhor?
É tempo de se libertar de antigos dogmas, de achar que é o governo quem determina o futuro do país, a economia quem dita o tom do mercado e a política quem limita o estado de ser da sociedade. Os novos cidadãos planetários assumem o preço de sua liberdade com alta responsabilidade para com o bem comum, a ética e a sustentabilidade. Encontraram um ponto comum entre o todo e o indivíduo e recebem em troca a leveza, a abundância, a realização e a possibilidade de viver um trabalho com um sentido mais amplo que o sustento apenas. Esta se tornou a busca de todas as gerações de nossa época.
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Nas projeções de futuros que faço, rapidamente os grupos percebem que quem está no comando agora é a sociedade, o consumidor, o cliente que clama por decência, sustentabilidade, governança e cuidado com o meio ambiente. O mundo não suporta mais o velho capitalismo, arrogante, vazio, teatral e extremamente nocivo ao mundo que vivemos, e as novas gerações vêm liderando este confronto. O grito de basta à desigualdade, aos privilégios e às velhas práticas está ensurdecedor. O mundo já é horizontal e os sinais de mudança anunciam tempos onde todos podem ter espaço, oportunidade e uma vida melhor, mas isso só será possível com uma sociedade emancipada. O Brasil continua adormecido, surfando ondas da moda de forma rasa e irresponsável. O poder do Estado ficará cada vez mais restrito e a sociedade organizada precisará resolver seus problemas unida em torno de uma causa comum: um futuro ético, sustentável e humano.
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