A várzea alagada é uma cena corriqueira em períodos chuvosos quando alguém chega a Rio Pardo proveniente de Santa Cruz do Sul, pela BR-471. Os rios transbordaram após dias de precipitações incessantes na última semana. Em dez dias choveu 172 milímetros, entre 26 de maio e o último domingo, conforme Ricardo Tatsch, do Irga. A água ocupou as planícies destinadas ao plantio de arroz.
Não demorou para que as casas de madeira construídas na parte mais baixa do Mutirão do Camargo, às margens da ERS-403, fossem atingidas pela inundação. Com isso, as famílias precisam se refugiar nas moradias de parentes em pontos mais altos ou em barracas feitas de lona na beira do asfalto. É uma rotina, algo que acontece até três vezes por ano.
Desta vez, oito famílias foram desalojadas. Elas se recusam a ir para o Ginásio Guerinão. A maioria cria animais, que são colocados em cercados de madeira próximo ao acampamento improvisado. A Defesa Civil fornece as lonas, de 4 por 6 metros, além de alimentação e transporte. “Quando a água baixar, levaremos todos os utensílios de volta às casas com o caminhão, assim como fizemos para retirá-los. Vamos dar um rancho para cada família também. Não deixaremos que passem necessidade”, afirma o coordenador da Defesa Civil e secretário de Trânsito e Serviços Essenciais, Jair Francisco da Silva Rodrigues. O trecho do acostamento ocupado pelas barracas foi devidamente sinalizado com cones e cavaletes.
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Laerte e o pai Joaquim: já acostumados com a cheia na várzea. Foto: Rodrigo Assmann.
Cristiane Bittencourt Ferreira, de 20 anos, está com os três filhos – de dez meses, 2 anos e 5 anos de idade – e o marido, Joel Barros, em uma das barracas de madeira e lona. Ela afirma que vive há quatro anos na área e em nenhum deles deixou de ser atingida pela inundação. “Estamos desempregados. Não temos condições de sair. Em quatro anos, já perdi móveis e eletrodomésticos. A Prefeitura deu lona e comida, está ajudando. Temos que esperar a água baixar e ver o que deu de estrago dessa vez”, lamenta.
A situação é semelhante à de Laerte dos Santos Linhares, de 36 anos, que atravessava o aguaceiro em uma carroça juntamente com o pai, Joaquim Pedro Linhares, de 75 anos. Eles trabalham com serviços gerais e dizem estar acostumados com a água que invade as casas. “Todo ano é assim. O pessoal vai para barracas no asfalto ou casa de parentes. O pai está no galpão, do lado da casa da minha irmã. O pior são as famílias com crianças pequenas, que ficam doentes”, explica.
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Além das famílias dessa localidade, outras duas foram removidas em um barco no balneário Porto Ferreira, no dia 1º. Uma delas se encontra na residência de familiares e outra foi instalada na Casa de Passagem, da Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social. As estradas de acesso continuam intransitáveis, tanto para o Porto Ferreira como para o Santa Vitória. Uma idosa do Jardim Boa Vista foi levada para a Casa de Passagem no dia 29 de maio, depois que uma das paredes da moradia ruiu em decorrência da umidade.
A Defesa Civil esclarece que está prestando toda a assistência necessária. O prefeito Rafael Barros já iniciou conversas com o governo federal para a construção de casas populares fora das áreas de risco por meio de um projeto habitacional.
Nível do rio e previsão
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O Rio Jacuí recuou e chegou a 15,96 metros na medição de ontem à tarde, na jusante da Barragem Anel de Dom Marco, dez centímetros a menos do que foi registrado na atualização anterior. O nível normal é 7 metros, 8,96 menor do que o atual. A previsão para hoje é de tempo nublado, com possibilidade de pancadas de chuva. A temperatura fica entre 12 e 19 graus.
Já amanhã, o sol deve surgir entre nuvens e o dia terá pancadas rápidas e isoladas. A temperatura varia entre 14 e 23 graus. Na quinta-feira, a tendência é de uma tarde chuvosa e temperatura entre 15 e 18 graus. A sexta-feira será de céu aberto, sem previsão de chuva. O aguaceiro será substituído pelo frio. A temperatura terá uma variação entre 5 e 15 graus.
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