Eu me rendi ao ChatGPT. Aquela coisinha que você acessa no celular ou laptop e que responde a suas demandas quase como se fosse gente. E que, para nosso assombro, talvez até pense. Convencida em casa e pelos amigos, vou ao oráculo dos novos tempos e pergunto: “O que significa inticar?”
O bicho retorna imediatamente: “Não consegui encontrar uma definição para a palavra inticar. Pode ser que a palavra esteja escrita de forma incorreta ou seja uma palavra muito rara ou específica. Seria possível fornecer mais contexto ou informações adicionais para ajudar a entender o significado pretendido?”.
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Obediente, explico o sentido do termo, relato que é usual em algumas regiões do Rio Grande do Sul, um Estado onde se fala “gauchês”.
“Entendo”, responde a criatura. E prossegue: “Realmente, inticar é uma expressão comum em gauchês e pode ser usada com o significado de implicar ou incomodar. É uma palavra que faz parte do vocabulário regional e é muito utilizada pelos gaúchos para descrever situações em que alguém está provocando ou incomodando outra pessoa de forma insistente ou irritante. Alguns exemplos de uso seriam: ‘Por que você sempre tem que inticar comigo?’ ou “Deixa de inticar comigo, por favor!’”.
Barbaridade. Em alguns segundos ele passou da total ignorância a expert. Com as minhas informações – porque é das nossas informações que ele se abastece – o tal cérebro virtual criou um texto e ainda acrescentou exemplos.
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É uma coisa inquietante. A estimativa é de que em poucas décadas a inteligência artificial substitua o homem em milhões de postos de trabalho. Uma massa de desempregados terá que ser sustentada pelo Estado com alguma forma de renda mínima.
A ideia não é minha. É o amanhã que bate à porta. Haverá consequências? Muitas. Boas e más. Imaginem os departamentos de pessoal, responsáveis por selecionar candidatos a uma vaga. Os avaliadores serão máquinas capazes de dizer quem é e quem não é adequado. Daí chega uma jovem recém-formada. O robô confere sua saúde, seu estado emocional no momento, seu mapa genético, seu histórico. Constata que no início do curso universitário ela e duas amigas ganharam notoriedade por ridicularizar em vídeo uma colega de 44 anos. “Era para estar aposentada. Gente, 40 anos não pode fazer faculdade”, dizia a menina. O computador cruza o filminho com os quintilhões de dados sobre preconceito, etarismo, superficialidade, falta de empatia e coisas outras e conclui categórico: “Não serve”.,
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Você não crê que isso possa acontecer em um futuro próximo? Considera exagero dos fanáticos por tecnologia? Tá bom. Mas, sei lá. Na dúvida, acho melhor cuidarmos as ideias que largamos por aí.
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