O Rio Grande do Sul tem uma identificação forte com conflitos, marcados pelas Revoluções Farroupilha (1835-45), Federalista (1893-95) e a de 1923. Seus efeitos, de alguma forma, ainda continuam presentes na posterior história gaúcha, como se verifica em muitos campos, mas já se denotam hoje mais sinais de busca de união, de menos conflitos e mais integração, o que, afinal, deveria ser o maior objetivo humano.
A comemoração da Revolução Farroupilha neste ano, durante a semana em curso e que culmina no feriado estadual de amanhã, referente àquele movimento, traz como tema o centenário da Revolução de 1923, quando os liderados de Assis Brasil (também conhecidos como maragatos, de lenços vermelhos) reagiram à eleição de Borges de Medeiros (que envolvia os chimangos, dos lenços brancos) para o quinto mandato como presidente do Estado. Reeditavam de alguma forma o confronto de 1893, entre gasparistas, de Gaspar Silveira Martins (maragatos), e castilhistas, de Júlio de Castilhos (“pica-paus” ou “chimangos”).
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Porém, como evidencia bem a presidente da Associação Tradicionalista Santa-cruzense (ATS), Rosângela Jochims, ao falar sobre os festejos locais, a lembrança do centenário do movimento, proposta em nível estadual, “traz a imagem dos lenços Maragato e Chimango entrelaçados, que simbolizam a união das forças antagônicas”, em vez do conflito. No seu entender, as comemorações buscam reunir as pessoas com o intuito de “fortalecer laços e difundir a cultura”, o que se mostra bem representativo do novo enfoque salientado.
Na mesma linha, vale retroagir e lembrar o que encontrei no Centro de Documentação (Cedoc) da nossa universidade Unisc, sobre os “festejos do 1º Centenário Farroupilha”, em 1935, na cidade. A Prefeitura, por meio da Comissão Organizadora, convidava as sociedades para as festividades, que incluíam no dia 20 de setembro “grandioso desfile de todas as sociedades da cidade e interior do Município, puxadas por duas bandas de música”; e dia 21, “reunião de Sociedades de Atiradores e de Cavaleiros (Lanceiros) defronte à Prefeitura e organização da marcha para o local do concurso de Tiro ao Alvo e Torneio de Argolinhas, bem como provas de equitação pela Brigada Militar, na sede do Schützenhalle, nos arrabaldes da cidade”.
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Observava-se, pois, uma positiva integração das tradicionais sociedades dos imigrantes e descendentes alemães no evento típico gaúcho então realizado, algo depois prejudicado por exageros na chamada Campanha de Nacionalização, que se seguiria nos anos seguintes. Mas serve de inspiração para que se mantenha a salutar interação entre as diversas manifestações culturais presentes numa comunidade, como, aliás, já prevê a comissão que começou a tratar das comemorações dos 200 anos de imigração alemã no Estado (e 175 anos em Santa Cruz), logo ali em 2024.
Integrar é sempre melhor do que confrontar, e isso precisa ser cada vez mais estimulado, quando se quer evoluir como pessoas e comunidades efetivamente desenvolvidas, em todos os aspectos. Quando se observa e se pode divulgar exemplos nesse sentido, é muito gratificante e leva a alimentar vigorosamente a eterna esperança de construir uma sociedade mais fraterna e pacífica.
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